A igreja local, o papel da comunhão e a flexibilização na pandemia

Vivemos um momento de grande privação quanto aos nossos cultos e a comunhão da igreja na sua convivência ordinária. Tivemos que nos adaptar de várias formas para de algum jeito suprir essa necessidade, espiritual e emocional da igreja. Muitos de nós julgávamos que nosso retorno seria grandemente emocionante e que muitos cristãos estariam na igreja, pelo menos completaríamos o número permitido para a flexibilização da quarentena. A realidade tem sido totalmente diferente em muitas igrejas. Por vários motivos – idosos não podem estar ainda nos cultos, crianças abaixo de dez anos também não, muitas famílias não tem com quem deixar as crianças, isso também afeta a frequência nos cultos e reuniões na congregação. Então também temos maridos e esposas indo em horários alternados quando é possível, mas, nossas famílias de modo geral ainda está privada do culto, não podemos estar todos juntos, de crianças a idosos. Mas, também é necessário considerar um crescimento da indiferença em relação a presença física nos cultos. Ora, se está sendo transmitido, é melhor acompanhar de casa ou de outro lugar que eu queira. Até mesmo assistir outro dia, ou em partes, ou só a pregação e por aí vai. Há também aqueles que esfriaram totalmente na fé e vivem em uma dormência espiritual e não mais sentem falta do culto público presencial.

Contudo, é necessário alguma advertências quanto a como iremos encarar tudo a partir de agora, a flexibilização para volta limitada das reuniões da igreja estão acontecendo em vários lugares do país. Então listo aqui sete coisas importantes sobre o culto e a comunhão da igreja.

1. As transmissões de cultos não substituem a importância da presença física dos membros na comunidade.

“Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia.” Hebreus 10:25 NVI

2. A comunhão da igreja é o compartilhar de dons que o Espírito Santo dá aos membros do corpo para edificação mútua. E o alegrar-se e entristecer-se juntos na comunidade.

“Portanto, que diremos, irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em uma língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja.” 1 Coríntios 14:26 NVI

“Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.” Romanos 12:15 ARA

3. Os cultos tem dia e hora de acontecer, isso não deve ser substituído por “assistir quando quiser porque está na internet”. De forma extraordinária cultos gravados ou transmitidos podem ser de grande valia, para irmãos doentes e impossibilitados de congregar, mas, não é norma para toda igreja.

4. Seu pastor é o da igreja local e não um pregador famoso da internet. Ainda que haja valor no labor de pregadores renomados que tem seus sermões e palestras na rede. Ao buscar sermões que você deseja ouvir na internet, na verdade está acessando um fast-food “espiritual”. Reconheça o labor do pastor local, mesmo com limitações é ele que está ali em todas as horas para cuidar do rebanho, o pregador famoso não está na lida diária em sua igreja local enfrentando as dificuldades e vivenciando as alegrias (Pode estar na dele, mas não na sua igreja). Não são os pregadores famosos que vão prestar contas da sua vida a Deus, é o pastor local. É claro que não é pecado assistir um sermão de um pregador famoso, mas, é necessário consciência comunitária e o que é igreja local e sua importância.

“Lembrem-se dos seus líderes, que transmitiram a palavra de Deus a vocês. Observem bem o resultado da vida que tiveram e imitem a sua fé. Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles. Eles cuidam de vocês como quem deve prestar contas. Obedeçam-lhes, para que o trabalho deles seja uma alegria, não um peso, pois isso não seria proveitoso para vocês.” Hebreus 13:7, 17 NVI

5. Há possibilidade de no início, na volta aos cultos, muitos cristãos desejarem extremamente estar com a igreja, por saudade, mas, depois se contentarem com o “culto online”. As transmissões dos cultos foi um paliativo, necessário e bom para o momento, mas, não substitui a vida comunitária.

6. Pregadores devem ter cuidado, não fique em busca ambiciosa por ser conhecido na internet, com as vizualizações de seus sermões. Deus lhe entregou um rebanho para pastorear, essa é a coisa mais importante do seu ministério pastoral. Pregue para eles, cuide deles, aconselhe eles, não fique preocupado em alcançar muitas pessoas, há um risco de esquecer o essencial. Faça um trabalho de um evangelista, mas, não se deslumbre com números da internet e com o público universal que acessa as transmissões de sua igreja local. Sua comunidade, no bairro onde ela está deve ser sua prioridade.

7. Descobrimos várias formas de comunicar a Palavra de Deus por meio das redes sociais, isso não é ruim. Descobrimos muitas possibilidades, devemos aproveitar da melhor maneira. Meios tecnológicos não são caracteristicamente pecaminosos, mas, sim o que se faz neles. Deus também usou um meio midiático, o texto, para comunicar sua vontade. Devemos aprender com isso e fazer o melhor uso possível para glória de Deus.

“Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo.” Colossenses 3:23-24 NVI