Pai, seja homem!

“Seja forte e seja homem.” 1 Reis 2.2

Com essas palavras o homem segundo o coração de Deus se despedia de seu filho. De todos as coisas que lhe passaram pela mente, Davi julgou o conselho “seja homem” o de mais alta importância.

O texto não pode significar simplesmente “seja homem” no sentido biológico. A masculinidade segundo as escrituras é algo a ser aprendido, algo a ser conquistado. Não diz respeito a uma condição adquirida, mas uma investidura que indica uma forma específica de agir no mundo.

Me desculpe, mas não vejo o conselho “seja mulher” nas Escrituras. É claro que poderíamos considerar o contexto histórico da época. Mas convenhamos, com toda sua força e fibra, a mulher recebeu em seu próprio corpo a flexibilidade e a responsabilidade de nutrir as vidas que gera. A natureza biológica auxilia as mães a compreenderem os ossos de seu ofício. Guardar o bebê no ventre, amamentar e assim achar natural cuidar da prole.

Biologicamente falando, o macho é um reprodutor. Há dificuldade em explicar o que leva um homem com todo seu libido e testosterona a abandonar seus próprios desejos em função do sacrifício pela esposa e pela família.

O ser humano do sexo masculino precisa aprender a lutar contra seus impulsos, pela a graça de Deus, seguindo o exemplo de grandes homens para finalmente virar HOMEM. Não me refiro a estereótipos aqui, mas a uma atitude diante de Deus e da vida. Davi explica seu conselho a Salomão: “guarda a ordenança do Senhor teu Deus, para andares nos seus caminhos, e para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na lei” (1 Reis 2.3). A masculinidade está intimamente ligada com a ideia de discipulado, o caminho para a verdadeira masculinidade é imitar a Cristo.

Mas veja, o caminho para a verdadeira feminilidade também é imitar a Cristo. Então, em que ponto chegamos? A ideia de paternidade nos ajuda a entender o que há de distintivo na masculinidade. A paternidade é uma importante conquista de um homem. Não porque o macho reproduziu seu sangue, mas porque o homem atendeu ao chamado divino de negar-se a si mesmo e assim servir sua prole. A paternidade, inclusive, é mais que ter filhos de sangue, mas ter filhos na fé.

Me parece claro nas Escrituras que todo crente masculino precisa paternar, seja como sacerdote do seu lar, seja como discipulador de filhos espirituais. Deus, o pai perfeito, que amou o mundo a ponto de entregar a si próprio é o modelo de verdadeira paternidade. Logo, para ser homem, os cristãos do sexo masculino precisam assumir sua responsabilidade e negar-se a si mesmos em prol do outro, em prol do corpo de Cristo.

Vivemos uma crise de masculinidade e assim também uma crise da paternidade. As estatísticas do crime correlacionados à ausência paterna na vida dos transgressores gritam essa realidade. O mundo precisa de pais, de homens que dominam seus próprios desejos e que sirvam seus lares ensinando seus filhos a amar a Deus e a respeitar os limites. Inclusive, o mundo precisa de pais que ensinem por meio de seu exemplo como tratar as mulheres com a dignidade e carinho devidos.

Antes de acalorar uma disputa entre sexos, ou jogar o legado ocidental da paternidade no lixo, seja por ressentimentos contra o patriarcado ou por decepções pessoais, ore pelos homens, ore pelos pais.

A cultura de entretenimento bombardeia diariamente a visão bíblica de masculinidade e paternidade. Com as nossas limitações homens e pais recebemos o comando divino de sermos “corajosos e Homens”. A paternidade vivida de maneira correta é um milagre, porque para existir é preciso que um macho egoísta morra, para que um novo homem que se sacrifica como Cristo possa nascer.

Seja a nossa paternidade um retrato do amor perfeito do PAI que se entregou por nós.

Feliz dia dos Pais!