Um blog do Ministério Fiel
Homossexualidade e comunidade
*Este artigo é um resumo da palestra de Alexandre “Sasha” Mendes proferida na Conferência Fiel Jovens Interativa 2020.
Define-se a homossexualidade como a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo. Dela saem implicações, tanto da atividade em si quanto dos desejos descontrolados. Também não devem ser esquecidas as tentações. Esse termo foi desenvolvido nos últimos dois séculos, mas, apesar de ser recente, a Bíblia condena atividade entre pessoas do mesmo sexo; exemplos são o episódio de Sodoma e Gomorra, ou Romanos 1. Ao mesmo tempo, assumimos que é um pecado e que Jesus morreu por causa disso também. Por comunidade entende-se um grupo de pessoas que possuem características em comum.
Dentre tantos termos, também é preciso entender a verdade revelada, qual a importância das experiências, o que é transformação e a profundidade dela, a seriedade do pecado e até onde vai a bondade de Deus. Qual é a sua fonte de verdade? Como você sabe o que sabe? É o que se chama de epistemologia. Todos interpretam o mundo ao redor baseado em algo. Quem possui a autoridade diz como as coisas devem ser. No nosso caso, a Bíblia como palavra de Deus é de suprema autoridade (Sl 19.7-9). É a partir dela que avaliamos o mundo ao nosso redor. É perigoso entender a cultura fora dela, pois a luta parecerá algo político e social.
Mas também há um segundo perigo: enaltecer a graça comum acima da graça e da revelação específicas. A graça comum é real, mas ela anda de mãos dadas com a misericórdia de Deus para o mundo não ser um caos aqui e agora. Ela não é um vislumbre de redenção. É pela revelação específica que conhecemos a Cristo. Apenas a graça específica opera a redenção, transformando alguém conforme Cristo.
O terceiro perigo é transformar a experiência como fonte de verdade. Existe um lugar importante para as experiências, mas não como fonte de verdade. Nem o apóstolo Pedro, com todas as experiências pelas quais passou, foi capaz de ir além apenas com elas, senão pela graça específica de Deus. Ele testemunhou Jesus Cristo glorificado no momento da transfiguração, e ele considera isso como uma confirmação da palavra de Deus, da revelação específica (2 Pedro 1.16-21). Assim deve ser conosco, que a Palavra guie nossas experiências e não o contrário. A palavra de Deus é verdadeira ainda que seu corpo diga o contrário, e ceder à tentação é o mesmo que ceder à incredulidade. Nossos desejos são chamados a ser expressões do nosso amor a Deus de todo coração.
Diante desses pilares de verdade e submetendo-nos à identidade revelada em Deus, precisamos encarar a questão da comunidade homossexual. O poder da identidade o colocará na comunidade certa ou errada. É a identidade que nos inclui em certa comunidade. A sexualidade é o que une a comunidade homossexual ainda que sejam pessoas bem diferentes. A comunidade cristã, por sua vez, é definida como tendo Deus no centro. A fé cristã é uma fé comunitária (Ef 2.11-22).
Vejamos também o texto de Ef 3.10 para vermos como a igreja é uma comunidade subestimada. Ela é o meio escolhido por Deus para a expressão visível do Evangelho. Sabendo que o que une a comunidade gay é sua sexualidade, nós também entendemos que a nossa identidade está ligada ao que Cristo fez por nós, ao resultado da obra de Cristo em nosso lugar. O que nos define não é o que sentimos, mas o que Cristo fez por nós. Os sentimentos são parte do que Deus quer mudar. Você crê que a igreja é a expressão do Evangelho?
Quando comparamos as duas comunidades, sabendo que o que difere uma da outra é o fato de Deus estar no centro, a igreja precisa se posicionar ao redor das verdades coerentes do Evangelho e entender que os recursos disponíveis são suficientes para ajudar os que lutam contra uma sexualidade confusa.
O que essa comunidade de Deus pode fazer como resposta à agenda LGBT? A igreja deve permanecer firme na verdade e centralidade do Evangelho. Isso começa do centro para fora: reconhecer que começa com a pregação do Evangelho e apresentação de Cristo e, a partir da identidade de Cristo, falar sobre o custo do discipulado e sobre o que Cristo requer de nós.
Contudo, a igreja insiste em lidar com o problema de forma superficial, mas não se percebe que usamos essas passagens para imputar ainda mais culpa para pessoas que já estão sofrendo tanto. Apresentamos legalismo e não graça. Precisamos começar com a transformação primeiro. É assim que o Evangelho é apresentado nas Escrituras. Só depois de apresentar o que Cristo fez pelos seus é que se pode apresentar os padrões de comportamento necessários. A ordem é importante.
Antes de tudo, o Evangelho é informação sobre quem Deus é (Rm 1.16-17). Ele começa a partir de Deus. O Evangelho afirma nossa identidade e portanto devemos permanecer nele. É preciso também ter uma compreensão bíblica do pecado. Ele não é bom nem bonito, mas distorce a imagem de Deus em nós e foi algo sério suficiente para levar o Filho de Deus à cruz. Devemos entender que Deus é melhor do que tudo que podemos ter.
Precisamos entender o que é arrependimento em termos práticos. O alvo de transformação é ser como Cristo. É um chamado para carregar uma cruz enquanto aguardamos uma coroa. Não deve haver surpresa de que envolverá esforço e sofrimento. O Evangelho bem pregado muda nossos relacionamentos. É o Evangelho que satura nosso coração de esperança. Suas lutas têm data e hora para acabar. Diante do Senhor, no céu, estaremos livres de todo peso e culpa do pecado.
A igreja deve ser uma comunidade centrada em Deus, criando um ambiente seguro para conversar sobre o assunto da homossexualidade, não engajando apenas no âmbito político e social, mas também no individual. Antes de tudo, a igreja deve cuidar de pessoas compradas pelo sangue de Jesus. A chave para ajudá-las a se sentirem seguras é ter uma cultura aberta sobre as lutas e fraquezas da vida cristã. Mas nos contentamos em apenas parecer santos, tentando esconder o que as pessoas já deveriam saber de nós, que somos pecadores.
A igreja deve ter uma visão bíblica sobre sexo, celibato e casamento, não apenas em conferências, não apenas como fuga das tentações, mas sabendo que cada um tem seu chamado. A igreja é uma família, o mesmo corpo, cidadãos da mesma pátria. Assim, ela poderá formar cristãos e ajudar a desenvolver a verdadeira masculinidade e feminilidade. A igreja, a comunidade mais subestimada do mundo, possui recursos suficientes para enfrentar e cuidar de pessoas em meio aos mais diversos males.