Jejum: o meio divino de organização

Você já fez aquela atividade de desentulhar sua casa?

Enfrentou aquela primeira fase desanimadora de imaginar que tinha muito trabalho pela frente e ficou pensando se isso valeria mesmo a pena e adiou a empreitada pela centésima vez?

Então, após inúmeras tentativas frustradas, você finalmente consegue colocar mãos à obra e percebe que desentulhar gavetas e armários dá um grande alívio. As coisas vão ficando claras, limpas, desobstruídas. Libera espaço, abre caminho, purifica o local.

Enquanto o desentulhe acontece, existem momentos em que o processo fica lento. É aquele dia em que encontramos a caixa de fotos antigas da família ou de cartas, amassadas e amareladas, que recebemos com afeto de alguém querido. Nesses dias, o desentulhe fica lento e espaçado. Emoções são revisitadas, nos lembramos do cheiro de uma comida que nos traz o tempo de menina ou a cor do céu nos dias outonais de nossa juventude na casa da avó. E nem queremos nos livrar disso, então tiramos o pó das caixas, desamassamos algumas memórias e guardamos com carinho aquilo que nos lembra que há vida se desdobrando em cada providência de Deus para nós.

Mas no final do processo percebemos quantas coisas não nos serviam mais e como essas coisas nos impediam de ver o que estava mais no fundo da caixa, por trás de pequenas distrações, esquecidas, empoeiradas, desgastadas pelo tempo.

O Jejum Espiritual tem algo similar ao processo de desentulhar a casa. Quando jejuamos com o propósito espiritual, há um exercício de desentulhe em nossa alma. Você e eu somos moradas do Santo Espírito de Deus, ele vem a nós como estamos, mas espera que nos tornemos santas conforme ele mesmo é santo. Ele vem para lembrar, capacitar, corrigir e guiar nossa vida para andarmos separadas com ele.

O Jejum Espiritual nos sensibiliza para o Espírito Santo ser evidenciado em nós, abre espaço de maneira que fiquemos mais sensíveis aos seus comandos. Nossa consciência ficará mais clara, nossos desejos poderão ser controlados com mais empenho, já que o desejo de satisfazer nosso apetite físico estará sendo dominado. Jejuar nos permite perseverar na purificação de nossos corações com mais zelo. Seus afetos, sua consciência, seu corpo estarão concentrados em dinamizar a vida espiritual.

Em espírito e em verdade, nos dirigimos ao nosso Senhor em louvores de adoração. Achegamo-nos ao Verbo para ler e meditar. A Palavra, viva, santa e sábia nos transforma de glória em glória. A Verdade é comunicada à nossa alma, transcende nossas angústias cotidianas e nos faz prosperar no conhecimento do Deus Altíssimo. Lá nas regiões celestiais, esvaziadas de nossas misérias temporais, contemplamos o Eterno. O silêncio nos alcança, o Espírito nos aquieta, capacita-nos a ouvir o que sua voz nos sussurra e as suas instruções para o caminho.

Ao tirarmos nosso foco principal de coisas temporais, nosso espírito pode concentrar-se em sua própria essência – coisas espirituais com coisas espirituais.

Enquanto vamos, através do jejum, tirando o entulho de nosso organismo, nosso espírito vai encontrando espaço para crescer, vai dominando nosso ser – corpo, mente, espírito, uma profunda ligação acontece com o Pai das Luzes, que nos criou à sua imagem e semelhança.

Desvencilhadas de nossos pecados tenazes, a caminhada para a santidade ganha nova margem, que antes, atravancadas pelos pecados, não podíamos perceber. Uma brisa de ar fresco, novo, rejuvenesce nossas esperanças de estarmos mais e mais parecidas com Cristo, com as vestes mais brancas à espera do Noivo que não tarda.

Avante, Ovelha do Senhor!