Mantendo o fim à vista

Brevidade e eternidade – essas duas palavras parecem contraditórias, mas estão intimamente ligadas quando se trata de viver diariamente como crente diante da face de Deus. Vivendo a vida cristã, enfrentamos muitos desafios e tentações. Frequentemente, as coisas não acontecem da maneira que esperávamos ou da maneira que as teríamos planejado. Às vezes, nosso sofrimento é tão severo que nos perguntamos onde Deus está. Não podemos vê-lo e duvidamos de suas promessas. Existem decepções e provações que nos desanimam, mas essas duas palavras, brevidade e eternidade, nos dão esperança.

Nos vêm à mente várias passagens, que nos dão uma “janela” para a mente de Paulo, quando ele aborda a brevidade e a eternidade. Ele mesmo foi afetado por severas provações e aflições. No entanto, pela graça de Deus, ele cresceu por meio delas e nos dá conselhos a seguir quando enfrentamos situações semelhantes. Duas vezes em sua segunda carta aos Coríntios, ele nos desafia a não desfalecermos ou desanimarmos (2Co 4. 1,16). Em primeiro lugar, ele reflete sobre sua vocação. Crentes, também devemos nos lembrar do nosso chamado: seguir a Cristo. Seja aonde quer que vamos, sempre deixamos uma impressão para quem quer que encontremos. Quando enfrentarmos desafios e sofrimentos, o mundo verá se realmente acreditamos no que confessamos, ou seja, se cremos que Deus está totalmente no controle. Este é o tesouro que temos em vasos de barro; mostra o poder de Deus que reside em nós.

Paulo não apenas nos diz o que fazer; ele também dá razões pelas quais podemos prosseguir. Ele diz que o motivo pelo qual não desmaiamos é porque o homem interior está sendo renovado a cada dia. O homem espiritual, quem realmente somos, é renovado pelo Espírito de Cristo. Cristo vive em nós e, portanto, podemos enfrentar esses desafios. Mesmo que o homem exterior, nosso corpo físico, esteja morrendo diariamente, nos regozijamos porque, como novo homem, estamos vivos em Cristo. Enquanto carregamos em nossos corpos a morte do Senhor Jesus, a vida de Jesus se manifesta em nossos corpos. É assim que testemunhamos Cristo neste mundo. Testificamos que não vivemos para este mundo ou para as coisas que ele coloca diante de nossos olhos, porque nossa vida é breve. Em vez disso, somos viajantes peregrinos a caminho de uma cidade celestial cujo fundamento e criador é o nosso Deus. Vivemos com esse objetivo em vista. Isso não significa que enfrentamos a vida sem esperança e alegria; muito pelo contrário. Conhecemos o fim da história, enquanto o incrédulo não, por isso enfrentamos a brevidade desta vida aproveitando ao máximo cada dia para a glória de Deus.

Várias vezes neste mesmo capítulo, Paulo diz com confiança: “Sabemos”. Considere como ele começa em 2 Coríntios 5. Ele afirma que sabemos que, se nosso corpo terreno for destruído, ainda temos um edifício da parte de Deus. Atualmente, estamos sendo moldados nas mesmas pedras com as quais Deus está construindo um templo onde ele habitará para sempre. Esta é a confissão que o crente faz. Paulo continua dizendo que nossa aflição é leve e momentânea. Isso significa breve. Fale com quem está passando por aflição e ele dirá que parece o oposto à leve e momentânea, mas pela fé confessamos que todas essas aflições estão sendo postas em ação por Deus. Por meio delas, Ele está operando em nós e por nós um peso de glória superior e eterno. Você já disse isso sobre o seu sofrimento?

Paulo tem em mente aqui o Pai amoroso em Cristo, que está moderando todo o nosso sofrimento para que não seja demais, e para que sirva à nossa transformação à semelhança de Cristo, trazendo-lhe glória. Isso deve mexer com nossos corações ao enfrentarmos circunstâncias difíceis, pois percebemos que são breves em comparação com a eternidade e, ainda que sejam breves, Deus está trabalhando por meio delas para trazer a glória eterna e uma recompensa duradoura. Assim, Paulo acrescenta que não olhamos, para as coisas que vemos, com nossos olhos naturais. Isso nos enganaria, pois as coisas não são o que parecem ser. Precisamos dos olhos da fé para ver as coisas como Deus as vê. Muitas vezes somos como o servo do profeta Eliseu que tinha medo do exército do rei. Mas quando Eliseu orou para que seus olhos fossem abertos, de repente ele viu que aqueles que estavam lutando por eles eram mais numerosos e mais poderosos do que aqueles que eram contra eles (2Rs 6.8-23). Então, se Cristo é por nós, quem pode realmente ser contra nós? As coisas que vemos são temporárias, mas as coisas que confessamos pela fé são eternas.

Portanto, enquanto vivemos nossas vidas neste mundo decaído, vamos focalizar nossos olhos no lugar de onde nossa redenção está vindo, em Cristo, nosso irmão mais velho, que está sentado no trono, governando sobre todas as coisas. Comparemos nosso sofrimento com a alegria e bem-aventurança da alegria eterna que será nossa, como faz o Apóstolo, e não desanimemos: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.”(Rm 8.18). Esta é a nossa esperança enquanto aguardamos pela revelação completa dos filhos de Deus. Quando aquele dia eterno amanhecer, seremos libertados do cativeiro desta breve vida para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus, e seremos como ele, pois o veremos como ele é. Embora nossa vida seja breve, vivamos à luz da eternidade, por Cristo.

As areias do tempo estão escoando,
O amanhecer rompe no céu;
A manhã de verão pela qual suspirei
A bela e doce manhã desperta:
Escura, escura foi a meia-noite
Mas o amanhecer está próximo,
E glória, glória habita
Na terra de Emmanuel. (Anne Cousin).

Por: Mark Kelderman. © Ligonier Ministries. Website: ligonier.org. Traduzido com permissão. Fonte: Keeping the End in Sight.

Original: Mantendo o fim à vista. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.