A herança do aconselhamento bíblico

Há pouco fomos informados do falecimento do pastor e teólogo norte-americano Jay E. Adams (1929-2020).

A igreja do século 20 assistiu dois movimentos simultâneos: a incursão de profissionais humanistas no ministério de aconselhamento, como também a adoção dos princípios seculares de aconselhamento por cristãos conservadores.

Da mesma forma que coube a Cornelius Van Til o trabalho de pensar a prática filosófica genuinamente alinhada aos pressupostos da Teologia Reformada, foi Jay Adams que incumbiu-se de responder os desafios semelhantes na área do aconselhamento bíblico.

Sua obra O Conselheiro Capaz, publicada no Brasil pela Editora Fiel inaugurou essa tarefa. E logo nas primeiras páginas deste livro Adams escreveu:

Eu não quero ignorar a ciência, mas eu a recebo como um adjunto útil para os propósitos de ilustrar, preencher generalizações com especificidade e desafiar as interpretações humanas erradas das Escrituras, forçando, assim, o estudante a reestudar as Escrituras. Entretanto, na área de psiquiatria, a ciência, em grande parte, deu lugar à filosofia humanista e especulação grosseira.

Em outras palavras, o que Adams estava dizendo é: tome cuidado com a ciência e a filosofia ruim — alimentada por pressupostos humanistas e pagãs. Procurar sintetizá-las com a prática do aconselhamento bíblico será, necessariamente, desastroso para essa disciplina teológica.

Hoje, quando cada vez mais é necessário o trabalho de homens e mulheres que se orientam pelas Escrituras para “aconselhar uns aos outros”, não só a obra de Adams, mas todo o movimento que ele desencadeou, são uma herança preciosa para a igreja evangélica brasileira!