O descontentamento é realmente tão perigoso?

Lá estava ele, olhando para mim – zombando de mim – mais um texto dizendo a mesma coisa: “Shabba, às vezes eu realmente tenho dificuldade em ser solteira. . ..” Eu então fico tipo, sério, de novo? Mais ou menos no último mês, esta é a sétima senhora que falou comigo sobre a mesma coisa. Então lá estava eu (de novo), olhando para a tela, me perguntando o que dizer a ela.

Esta é a realidade: estou discipulando mulheres, falando a verdade sobre suas vidas, e eu luto exatamente com o mesmo problema. Eu estaria mentindo se dissesse que não quero me casar. Às vezes, isso é um problema na minha vida. Felizmente, hoje em dia ele não tem mais o mesmo controle sobre mim que tinha antes (hoje em dia, eu diria que estou bem confortável em minha própria companhia!). Mas, como sempre, em relacionamentos face a face, luto para falar a verdade aos outros sobre um determinado assunto, quando também luto com a mesma coisa. Muitas vezes me pergunto: isso é hipocrisia? Estou sendo como Romanos 2 sugere?

“… instrutor de ignorantes, mestre de crianças, tendo na lei a forma da sabedoria e da verdade; tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Dizes que não se deve cometer adultério e o cometes? Abominas os ídolos e lhes roubas os templos? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?” (Rm 2.20-23).

Satisfeita em Cristo

Para falar a verdade, minha introdução nesta conversa, e em muitas como essa, foi simplesmente: “Você, e eu, boneca!” Então digo a mesma coisa que digo a mim mesma: “Devemos encontrar nosso contentamento e completa satisfação em Cristo”. Se não estivermos satisfeitas em Cristo antes do casamento, posso absolutamente assegurar-lhe que encontrar “aquele” não mudará isso.

Os autores de Identity Theft nos lembram desta verdade: “Como confessa Agostinho ‘Tu nos formaste para ti, e nossos corações estarão inquietos até que encontrem descanso em ti’. Nada menos do que Deus vai satisfazê-lo, nada menos do que ele vai sustentá-lo, nada menos do que lelé será suficiente.”

A questão é que, quando faço uma pausa e penso sobre isso, sei que não é apenas a minha condição de solteira que afeta o meu contentamento. Sempre parece haver algo que eu não tenho, mas acho que preciso. Não me refiro apenas às coisas materiais (embora isso seja uma grande parte), mas também a coisas pessoais e emocionais. Eu sei que não posso ser a única que pensa assim. Sempre parecemos querer alguma coisa: filhos, uma casa maior para todas essas crianças, um carro maior, o telefone mais recente, um emprego melhor, férias mais sofisticadas – a lista é interminável. Nós continuamente nos esforçamos ou queremos mais. Infelizmente, isso significa que muitos de nós estamos insatisfeitos e descontentes com o que temos.

Al Mohler disse sabiamente: “Toda a economia comercial de hoje é construída sobre uma base que não apenas nos incentiva a ter o que queremos, mas também o que não temos”. Pense sobre essa afirmação: somos incentivados a ter o que queremos e a desejar o que não temos. Soa familiar?

Sinais de descontentamento

Como sabemos quando é o suficiente? O que é necessário para mim, e para você, ser feliz? Tenho me repetido essas mesmas perguntas recentemente. Agora, quando falo sobre contentamento, não é algo que faço como um exercício técnico. Não estou tratando disso apenas por causa deste artigo ou para palestras recentes. Não. Ao longo do último ano ou algo assim, fui seriamente condenada a pensar sobre a questão do contentamento em minha própria vida. Então, nas próximas três semanas, quero refletir sobre três questões:

  1. Estamos descontentes e isso é realmente perigoso? (Parte 1)
  2. O que, ou quem, é a fonte de nosso contentamento? (Parte 2)
  3. Eu confio nessa fonte? (Parte 3)

Então, vamos começar indo direto ao ponto: você está descontente? Você perceberia isso se estivesse? Quais são alguns dos sinais de descontentamento? Esta não é uma lista exaustiva e não são os únicos sinais de um coração descontente, mas são definitivamente sinais de alerta de que algo não está certo e precisa ser resolvido:

  • Inveja, ciúme ou cobiça (Jó 5.2, Tg 3.14-16).
  • Murmurar, reclamar ou lamentar (Fp 2.4, Fp 2.14, Pv 19. 3, Nm 14.17).
  • Fazendo comparações (Gl 6.4, Fp 2.3).
  • Amargura e raiva (Ef 4.31-32, Hb 12.15).
  • Preocupação e ansiedade (Pv 12.25, Mt 6.25, Fp 4.6-7).

Você reconhece algumas dessa coisas em si mesmo? Quando não consegue o que deseja, como você reage? Você murmura e reclama, faz birra, fica de mau humor ou sente pena de si mesmo? Você fica amargo e zangado com Deus porque ele parece estar abençoando outros e não você?

Deus é suficiente?

Para mim, um versículo chave quando se trata de contentamento é Hebreus 13.5, “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; por que ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei”.

Hebreus é claro: devemos manter nossas vidas livres do amor ao dinheiro. Isso também pode ser aplicado de forma mais ampla, no sentido de que devemos nos contentar com o que temos em todos os sentidos, não sendo governados por nenhum ídolo. Em última análise, não devemos amar as dádivas que Deus nos dá mais do que o próprio Deus. Observe como a ordem em Hebreus 13. 5 é seguida por uma promessa: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei”. Em outras palavras, por que devemos nos livrar do amor ao dinheiro e nos contentar com o que temos? Porque Deus nunca nos deixará nem nos desamparará. Simplificando: nós temos Deus! Como não estar contentes com ele?

Jeff Robertson diz que, “Em nossa autoidolatria, tendemos a pensar que uma mudança nas circunstâncias nos trará alegria e contentamento. Para nós, a grama ao lado é sempre mais verde, a menos que aprendamos a encontrar nosso contentamento em algo que é transcendente e eterno.”

Em última análise, o descontentamento é não estar satisfeito com Deus. Honestamente, achamos que somos melhores do que ele? Como Robertson aponta, qualquer coisa diferente de Deus, em última análise, não satisfaz.

Eric Raymond coloca desta forma: “Murmurar é desconfiar de Deus, uma preocupação ansiosa de que o futuro não funcionará da maneira que queremos. O descontentamento também pode ser caracterizado por amargura. É uma frustração por alguma coisa, no passado, não ter acontecido da maneira que gostaríamos. . .. Seja explícito ou implícito, esse tipo de reclamação é dirigido àquele que é soberano sobre essas coisas. Murmurar e reclamar são, então, uma questão teológica que considera Deus incompetente, injusto ou irrelevante.”

Você pode ver o perigo desse pensamento e para onde essa mentira vai? Em nosso descontentamento, começamos a questionar a própria natureza de Deus – sua soberania, caráter, bondade, cuidado, amor e justiça. O maior perigo, para o coração descontente, não é que estejamos insatisfeitos com nossas circunstâncias, mas que podemos nos afastar de Deus. Se este é você, então confie em mim: corra para Deus, confesse sua luta e peça a ele para ajudá-lo. Peça a ele para ajudar a alinhar sua vontade com a dele. Não deixe seu descontentamento afastá-lo daquele que pode realmente satisfazer todas as suas necessidades.

Por: Sharon Dickens. © 20schemes. Website: 20schemes.com. Traduzido com permissão. Fonte: Is Discontentment Really that Dangerous?

Original: O descontentamento é realmente tão perigoso? © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.