Ídolos desconhecidos

Fome

Uma das coisas mais legais das redes sociais é a possibilidade de aparente maior proximidade com os famosos que gostamos. Através das redes sociais não vemos mais só a atuação cinematográfica, o livro final, as grandes jogadas, os shows e as informações passadas por jornalistas de “fofoca”. Agora, nós vemos também o próprio famoso compartilhar seus pensamentos em tweet ou seu dia a dia ao vivo em Stories. E o mais legal de tudo isso é que às vezes esses famosos até respondem!

É só se esforçar para conseguir a atenção deles. Com um pouco de luta você pode chegar perto do seu ídolo no palco. Para o ouvir e conhecer um pouco, vá até suas redes sociais. Para falar com ele, tente e pode ser que em algum momento ele te responda.

As redes sociais nos deram acesso a esses homens e mulheres que admiramos: artistas, influenciadores, cantores, esportistas, escritores e coleguinhas da faculdade ou da igreja que víamos só de longe. Abriu-se uma fresta virtual para enxergar o outro desconhecido e ter a sensação de estar mais perto. Por essa fresta vemos exatamente o que ele mesmo deseja mostrar e damos uma pitada de expectativa em cima disso.

E veja, não tem nada de errado com isso. No geral é exatamente isso que fazemos em qualquer ambiente. Mostramos um lado nosso no trabalho, um lado nosso em reuniões da igreja, um lado nosso no restaurante com amigos e muitos lados com a família. Estamos sempre nos apresentando em recortes. Afinal, somos a junção de retalhos, não somos? Uma das diferenças é que nas relações presenciais, mesmo esses recortes intencionais possuem o rasgo da presença e do conhecido. E o que está perto, por mais que não seja o todo de ninguém, é comum e conhecido. O que está perto é melhor visto, não podemos negar. É possível, por exemplo, que na sua igreja tenha um cantor excelente que faz um trabalho lindo para a glória de Deus e todos de fora valorizam muito, mas vocês na igreja não. Deus os agraciou com um pastor que leva a sua Palavra fielmente, mas seu encanto está naquele pregador da internet que pastoreia uma igreja do outro lado do país. Sabe o que acontece? Eles se tornaram comuns para você. O que nos encanta mesmo é o desconhecido.

Migalhas

Não há problema em admirar, se inspirar e poder se aproximar, minimamente, desses desconhecidos virtuais. Eles são imagem de Deus e produzem coisas proveitosas precisamente por meio de espelhar a imagem do Criador e usando a criação dEle. O problema surge e te suga quando você o idolatra, o adora e espera dele coisas que ele não pode te dar. Os benefícios que as redes sociais nos proporcionaram com aproximações podem sim ser bênção. Porém, não passam de migalhas.

Somos atraídos pelo desconhecido. A palavra fã, que usamos para descrever nossa admiração por alguém, tem origem em fanaticus, em latim. Significa, entre outras coisas, admiração em excesso por aquele que nos inspira. E então, amamos o que admiramos. Natural. Mas é muito mais atraente lidar com o que está distante, afinal, isso facilita não só que ele mostre o que quer, mas que nós possamos fantasiar nossas próprias expectativas nas brechas do desconhecido. Temos mais facilidade em admirar o que não conhecemos, exatamente por não conhecer. Isso explica um pouco o fenômeno do sucesso das novatas na igreja, né? Quando aquela irmã que você conhece há anos se torna bem menos atrativa do que a que chegou agora e que você não conhece quase nada. Ou quando a colega do trabalho se torna mais atraente do que a mulher que mora em sua casa há décadas. Nos vazios do desconhecido você deposita sua idolatria.

Queremos isso, não queremos? Queremos tanto ser fã de alguém que faz algo belo de que gostamos, que parece ser uma necessidade. E é mesmo! Fomos todos criados para adorar e as garras da adoração estão diariamente saindo do nosso coração e agarrando coisas, pessoas, ideias, estilos, sonhos… E não se fartam. E como poderia matar fome com vento?

Chegando mais perto de qualquer pessoa e a conhecendo melhor o que vamos encontrar é decepção e expectativas frustradas. Ninguém pode preencher o que nosso coração anseia. Olhe mais perto e vai encontrar pecadores falhando.

Você pode admirar pessoas, sejam as de perto ou as que você conhece apenas pela internet. Quanto mais longe mais fácil de admirar, num certo sentido. Mas uma hora ou outra você vai se frustrar e seu ídolo vai se mostrar falho e incapaz. E aí? Vai ficar correndo de uma idolatria para outra?

Pão

Eu sei que seu coração tem uma fome desesperadora por admirar alguém de verdade e você espera que essa admiração não seja uma ilusão. Sei que você vive com intenso desejo de amar e ser amado. Eu sei que você anseia que esse amor e admiração não vá te decepcionar, não vá falhar com você. Eu sei que você passou a vida colocando expectativas em várias pessoas para alimentarem esse seu desejo tão profundo, desde seus pais. E eu sei que o resultado foi dor.

E sabe, eu também sei que você sabe que tem em quem encontrar esse amor que anseia tanto, essa perfeição que ninguém é capaz de possuir, nem mesmo você. Porém, você continua indo atrás de migalhas quando, na verdade, você já tem o pão da vida e com Ele você nunca terá fome e nem terá sede. Com Ele você tem todo o amor que você foi criado para sentir e para receber.

Você não precisa lutar por Ele, Ele lutou por você e morreu por você. Ele te deu todo o necessário para sentir sua presença, Ele habita em você. Para o ouvir e conhecer, Ele te deu a Palavra dEle mesmo. Para falar com Ele, Ele te deu o privilégio de orar. E tudo isso a qualquer momento.

Chegando mais perto dEle e o conhecendo melhor você só vai se encher ainda mais de admiração e amor inigualável. Você estará satisfeito!

Irmão, você diz saber disso. Então, porque continua tentando encher sua barriga com fumaça?

A guerra dos espetáculos

O cristão na era da mídia

Em “A guerra dos espetáculos”, Tony Reinke abordará os diferentes espetáculos aos quais estamos expostos diariamente, orientando-nos a como direcionar nossa atenção ao Espetáculo Supremo.

Confira