Amanhã, online novamente

Três coisas que você deveria saber sobre a decisão de seu pastor e igreja

Nesta última semana, aqui em SP (e acho que em boa parte do país) entramos numa nova fase do plano de combate à COVID-19: a mais restritiva de todas até aqui. Nesta fase, o governo estabeleceu várias restrições ao convívio social, incluindo a restrição a celebrações religiosas. A maioria das igrejas – que antes estava se reunindo presencialmente seguindo as limitações da fase anterior do plano – parece ter decidido que, durante os próximos dias, não promoverá suas reuniões presencialmente, mas o farão apenas online.

Essa questão das reuniões online foi amplamente debatida nas redes sociais em março/abril de 2020.  Não quero faze-lo novamente aqui. O que quero é apontar três coisas que eu acho que você deve saber sobre a decisão de sua igreja, para evitar juízos precipitados e a frivolidade das palavras na expressão deles. Essas coisas estão baseadas em algumas críticas que vi serem tecidas por aí, nas redes sociais.

Obviamente, eu não falo por todas as igrejas. Por isso, não posso garantir que falo pela sua. Mas creio que boa parte delas subscreveria essas palavras e se alegraria se você, como membro dela, as considerasse.

1. A decisão não foi irrefletida

A liderança da sua igreja, provavelmente, esteve envolvida em discussões sobre o assunto na última semana (sem contar o quanto ela debateu o assunto no ano passado). Ela orou a Deus, ouviu especialistas de áreas específicas (teologia, medicina, direito) e refletiu antes de tomar uma decisão. Na medida do possível, então, ela sabe o que está fazendo.

2. A decisão não foi tomada com alegria

A liderança da sua igreja ama o culto público tanto quanto você. Como pastor, posso dizer que muitas coisas alegram o coração de quem está servindo no ministério pastoral. Mas poucas alegram tanto quanto participar, juntamente com as suas ovelhas, do culto ao Senhor. Pregar para uma câmera, mesmo sabendo que há muitas pessoas do outro lado é infinitamente menos satisfatório, para um pastor, do que pregar para a sua igreja. Todos queriam estar lá amanhã!

3. A decisão não foi tomada confortavelmente

A relação entre igreja e estado sempre foi ambígua e conturbada. Nós sabemos que, embora tenhamos, por princípio, a obrigação de obediência às autoridades instituídas, devemos obediência final a Deus e vivemos numa condição em que os governos possuem tendências totalitária e invasivas. Nenhuma liderança eclesiástica se sente confortável com decretos restringindo celebrações religiosas. Todos tem muito receio de qualquer coisa que ameace ameaçar (rs) a liberdade de culto. Logo, a decisão de atender ao decreto não é mera sujeição automática, mas fruto do entendimento de que, num momento crítico como o nosso, é preciso agir pragmaticamente, e isso inclui agir misericordiosamente até mesmo para com um Estado que parece confuso.

O meu objetivo ao levantar essas três coisas é simples: quero convidar você que, com todo o direito, pensa de modo diferente dos seus líderes espirituais, a ser cuidadoso em seus juízos e palavras neste momento.

Apesar das circunstâncias, desejo a todos um bom dia do Senhor!