Pecado, transformação e devoção

Enquanto vivemos neste mundo enfrentamos muitas situações difíceis. Algumas delas parecem ser resultado da própria complexidade do mundo em que vivemos. Outras, porém, têm a ver diretamente com o pecado.

Um exemplo de como o pecado pode nos colocar em situação difícil é Ester. Ela era uma jovem, órfã de pai e mãe, que tinha sido criada pelo primo mais velho, longe de sua terra natal, vivendo sob a autoridade de um império pagão que se apossava das pessoas, restringia a liberdade delas e as utilizava como objeto. De repente, ela se vê no harém de Assuero, preparando-se para um processo seletivo que incluía, ao que tudo indica, satisfazer sexualmente o imperador.

Eu não sei se ela gostaria de estar ali! Ela não havia se mudado para a Pérsia por vontade própria, mas estava exilada. E ela não tinha pedido para nascer bonita. Se tivesse tido opção de escolher entre nascer bela e ter que enfrentar aquela situação e nascer feia e não ter que enfrentá-la, talvez ela tivesse optado pela segunda.

Você já se perguntou por que esta jovem judia um dia se viu nesta situação tão difícil? A resposta é: pecado! Primeiramente, o pecado dos seus antepassados; que foram rebeldes contra Deus e fizeram com que Israel fosse parar no cativeiro. Depois, o pecado dos seus contemporâneos, que já deviam ter voltado para Jerusalém, mas resolveram ficar porque imaginaram que a vida na avançada Susã seria melhor do que na destruída Jerusalém. Em terceiro lugar, o pecado de Assuero, um homem insaciável em seus desejos, que se via no direito de se assenhorar das pessoas para satisfazê-los. E, talvez, o pecado dela própria, que a convenceu de que talvez valesse a pena ceder à desobediência para obter uma vida mais confortável. Tudo isso, obviamente, resultado do pecado de nossos primeiros pais, que desfigurou completamente a vida no jardim que Deus plantou para a sua glória e para o nosso bem!

O pecado tem consequências. E, frequentemente, essas consequências perpassam o tempo e o espaço e atingem mais pessoas do que costumamos imaginar. Contudo, é bom que nos lembremos de que a mão do Senhor rege a história e cumpre o seu bom propósito, valendo-se até mesmo das ações más dos homens.

Isso não justifica o pecado, mas, sem dúvidas, é motivo de esperança para pecadores como nós, que vivemos tensões complexas e às vezes tomamos decisões das quais nos arrependemos depois. Veja o que Ian Duguid diz sobre isso:

Essa é a esperança para todos os que se encontram em circunstâncias difíceis no presente, por causa de pecados e concessões anteriores. Aqui está a esperança para pessoas que se casaram com um cônjuge não cristão, mesmo sabendo que isso era errado. A pessoa que escolheu uma carreira com base em todas as motivações erradas. Aquele que gastou toda a vida em busca de objetivos errados. Todos podem descobrir que Deus é soberano até mesmo sobre as escolhas pecaminosas e oportunidades desperdiçadas. Talvez ele tenha nos trazido para onde estamos hoje para que possamos servir a Ele de uma maneira única. Isso não torna corretas aquelas decisões e atos pecaminosos. Mas isso deveria nos levar a dar graças a Deus, que é capaz de extrair beleza dos nossos esforços maculados e sujos. Erros passados não nos excluem de um papel significativo no roteiro de Deus para o futuro.

É nesse Deus que você crê? Foi a misericórdia desse Deus que te alcançou? Então nada menos do que o esforço empenhado no serviço a outros senhores no passado é aceitável no serviço a Ele. Na maioria das vezes, nós estamos dispostos a grandes sacrifícios para ganhar o que o mundo tem a oferecer – 12 meses de embelezamento e uma noite na suíte real – mas pouco dispostos a nos sacrificarmos no tratamento de beleza que Deus está realizando em nós. Não deveria ser assim. Se um dia nos sacrificamos por um deus que apenas nos usou, quanto mais devemos nos sacrificar por um Deus que nos ama e usa todas as circunstâncias para que a beleza dEle seja formada em nós!