Guardiões bíblicos da verdade

A Bíblia nos diz que Deus escolheu uma nação dentre todas as outras nações da terra para ser seu povo e lhe disse que seria seu Deus. A nação era Israel, um povo nascido de Abraão e de sua fé em Deus. Deus escolheu revelar a si mesmo e seus caminhos a seu povo por meio das palavras que lhes falou. A mesma voz com a qual Deus falou e criou o universo a partir do nada seria o meio pelo qual Deus comunicaria seu caráter perfeito, seus propósitos soberanos e seus caminhos redentores. Depois que Moisés libertou Israel da servidão no Egito, Deus os levou a um lugar no deserto e fez uma aliança com eles. Deus falou os termos da aliança para Moisés compartilhar com o povo; e o povo concordou com os termos de Deus (Êx 19). Deus falou sua lei ao seu povo, dando-lhe bênçãos por obediência e maldições por sua desobediência. E Moisés escreveu tudo isso. Essas palavras tornaram-se os termos do relacionamento deles, a lei que guiaria o futuro de Israel. Mesmo quando o povo desobedeceu, Deus continuou a revelar a si mesmo e sua palavra a seu povo, preservando sua palavra no decorrer das gerações.

Nos tempos dos reis, muitos governantes de Israel fizeram grande mal aos olhos do Senhor, mas Deus ainda estava movendo o coração de seu povo, revelando a si mesmo, suas promessas e seu plano. Ele movia os corações de alguns em Israel a se deleitarem na lei do Senhor e a meditarem em sua lei de dia e de noite (Sl 1.2). Em cada geração, Deus revelou que havia um pequeno remanescente de seu povo, que continuava a amar sua lei, deleitar-se em seus preceitos e andar em seus caminhos (Sl 119). Os profetas levaram avante a tocha, guardando a lei ao falarem a verdade sobre o que Deus havia revelado. Embora enfrentassem regularmente escárnio, sofrimento e, às vezes, morte, eles se apegaram firmemente à lei revelada a Moisés e às promessas da nova aliança que estava por vir (Ez 36.26-27), sua esperança em um redentor futuro (Is 59.20).

O fim melancólico do Antigo Testamento mostra o povo de Deus vivendo em exílio, em sofrimento e disperso. A lei de Deus — suas palavras preciosas para seu povo — havia sido perdida ou esquecida. O templo fora destruído. Os reis não mais existiam; a nação estava assolada. Mas ainda há uma nota de esperança. A lei, antes perdida e esquecida, é redescoberta. Essa descoberta traz esperança renovada a um remanescente do povo de Deus que retorna do exílio. Uma das mais poderosas cenas do Antigo Testamento se encontra no livro de Neemias quando Esdras, o sacerdote, se levanta para ler o Livro da Lei, um livro que, de algum modo, sobrevivera à destruição:

“Em chegando o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o Livro da Lei de Moisés, que o Senhor tinha prescrito a Israel. Esdras, o sacerdote, trouxe a Lei perante a congregação, tanto de homens como de mulheres e de todos os que eram capazes de entender o que ouviam. Era o primeiro dia do sétimo mês. E leu no livro, diante da praça, que está fronteira à Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens e mulheres e os que podiam entender; e todo o povo tinha os ouvidos atentos ao Livro da Lei. Esdras, o escriba, estava num púlpito de madeira, que fizeram para aquele fim; estavam em pé junto a ele, à sua direita, Matitias, Sema, Anaías, Urias, Hilquias e Maaseias; e à sua esquerda, Pedaías, Misael, Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão. Esdras abriu o livro à vista de todo o povo, porque estava acima dele; abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé. Esdras bendisse ao SENHOR, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém! Amém! E, levantando as mãos; inclinaram-se e adoraram o Senhor, com o rosto em terra. E Jesua, Bani, Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaseias, Quelita, Azarias, Jozabade, Hanã, Pelaías e os levitas ensinavam o povo na Lei; e o povo estava no seu lugar. Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia. Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que ensinavam todo o povo lhe disseram: Este dia é consagrado ao Senhor, vosso Deus, pelo que não pranteeis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei. Disse-lhes mais: ide, comei carnes gordas, tomai bebidas doces e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força. Os levitas fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque este dia é santo; e não estejais contristados. Então, todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar porções e a regozijar-se grandemente, porque tinham entendido as palavras que lhes foram explicadas.” Neemias 8.1-12

Israel retornara de anos de cativeiro e exílio a uma cidade e um templo destruídos. Em muitos anos, ninguém ouvira a lei de Deus registrada por Moisés. Mas Deus preservou para seu povo sua Palavra, suas promessas pactuais e seu caráter revelado por meio de alguns poucos reis, profetas e escribas fiéis, ao longo das gerações. Ele fez isso para que, quando o Messias prometido viesse, seu povo o conhecesse e o reconhecesse.

Artigo adaptado do livro O ministério do pastor: Prioridades bíblicas para pastores fiéis, de Brian Croft, publicado pela Editora Fiel.