Não seja precipitado

Este é o segundo de seis artigos sobre coisas que eu gostaria de ter sabido na caminhada de revitalização de igrejas. Você pode encontrar o primeiro artigo aqui. No primeiro artigo, argumentei a importância de ter uma visão de longo prazo. Quando vim para Arbor Drive, eu fui questionado “por que os pastores não permanecem na mesma igreja por muito tempo, ficando apenas por cerca de 5 anos?” Isso parecia ser uma questão premente para algumas pessoas e, se eu tivesse sido mais perspicaz, teria percebido que aquela igreja, como muitas, tem lutado com a praga da curta gestão pastoral. Em alguns casos, isso aconteceu por iniciativa do pastor, em outros, a congregação (ou alguns da congregação) o forçaram a sair. Minha suspeita é que este é um problema comum em igrejas não saudáveis. Ao responder a essa pergunta, expressei meu desejo de pastorear uma igreja e amar um povo pelo resto do meu ministério. Falo sério. Ainda o amo. Mas esse desejo foi testado na fornalha da aflição, mais vezes, nos últimos seis anos, do que eu gostaria de contar.

Uma das minhas séries de livros favoritas é a trilogia O Senhor dos Anéis. Minha mãe o leu para mim quando eu era criança e, portanto, minha afinidade por esses livros é anterior aos filmes. Enquanto lia, minha mãe inventava vozes para os diferentes personagens e assim essas vozes ficaram gravadas em minha mente enquanto eu lia os livros quando adulto. Há um personagem em particular que tem sido muito útil para mim na revitalização da igreja, ou seja, Barbárvore, o Ent. Os ents, nos livros, são donos da floresta e possuem uma sabedoria ancestral que só dura enquanto os Ents vivem. Barbárvore, ao longo dos livros, frequentemente repete sua frase: “não se apresse”. Em um ponto, dois hobbits estão observando um conselho aparentemente interminável de Ents, onde procuram determinar como responder a uma ameaça na Floresta Fanghorn. Depois de horas, os hobbits impacientes confrontam Barbárvore e ele responde “Você deve entender, jovem Hobbit, que leva muito tempo para se dizer qualquer coisa em entês antigo. E nunca dizemos nada nesta língua a menos que valha a pena gastar um longo tempo para dizer.”

Não seja apressado

A segunda coisa que eu gostaria de ter sabido nos primeiros dias da revitalização é a sabedoria de Barbárvore. Não se precipite. Isso está relacionado ao meu último post, mas gostaria que você, caro leitor, considerasse isso de uma perspectiva um pouco diferente. Sim, podemos nos apressar em realizar mudanças ou talvez seja melhor dizer tentando fabricar mudanças. Mas existem muitas outras maneiras de nos precipitarmos. A pressa surge quando somos movidos pela emoção. Agora, as emoções são boas. Deus nos deu emoções e o próprio Deus é um Deus de emoções. A queda, entretanto, distorce as emoções e pode nos levar a tomar decisões precipitadas ou tolas, como a decisão de sair muito cedo.

Houve mais de uma vez (provavelmente cerca de vinte vezes) nos últimos seis anos, quando eu, na privacidade do meu escritório ou casa, joguei minhas mãos para cima e disse a mim mesmo: “É isso. Terminei. Isso não vai melhorar.” Houve um período particularmente difícil durante os primeiros quatro anos de ministério aqui, onde isso era mais frequente do que eu gostaria de admitir. Eu estava nadando em uma piscina de desânimo e oposição. Um líder da igreja era o presidente do conselho de presbíteros e estava se opondo a mim, pelo que parecia, cada vez mais. Meu impulso era ser apressado. Grace me acompanhava e eu era menos apressado do que gostaria, mas provavelmente mais apressado do que deveria em muitos aspectos. Então, como é isso na prática? Fico feliz por você ter perguntado.

Não flerte com a partida

Lembro-me de uma noite, depois de uma reunião de presbíteros particularmente contenciosa, fui para casa, abri meu computador e comecei a procurar cargos pastorais em outras igrejas. Eu estava farto. Isso já havia (para minha vergonha) acontecido em algumas ocasiões antes. Na primeira vez, Eu fechei rapidamente o computador, na segunda olhei para algumas vagas e assim por diante. Agora estou sentado na minha sala de estar enquanto minha esposa e meus filhos estão dormindo, encontrei uma vaga para a qual queria me candidatar e estava editando meu currículo para enviá-lo. Felizmente, não o fiz. Sem querer ou mesmo perceber, caí na mesma armadilha que os pastores anteriores sem dúvida caíram. Eu tinha flertado com a partida até que esse flerte quase deu origem ao abandono. Não estou dizendo que não possa haver bons motivos para deixar uma igreja. Só estou dizendo que eu não tinha outro senão que estava farto de lutas e oposição. Na verdade, liguei, frustrado, para meu pastor anterior antes de enviar o currículo e perguntei-lhe “por quanto tempo as ovelhas se levantam contra o pastor” (Observe a autocomiseração palatável). Sua resposta foi sábia, concisa e me feriu até o fundo da alma. Ele simplesmente respondeu: “Eles alguma vez pararam de se levantar contra Cristo? Ai! No entanto, era exatamente o que eu precisava. Ministério é difícil, especialmente na revitalização. Não sei por que pensei que seria diferente. A fornalha refinadora da aflição era para os outros, não para mim, ou pelo menos era o que eu pensava. Eu era o Timóteo que procurava qualquer desculpa para fugir e precisava de um Paulo para dizer “fique onde está, homem, e trabalhe” (minha tradução de 1Tm 1.3). Notei algo naquele momento. Ao flertar com a partida, tornou-se mais fácil flertar e eventualmente agir. O adultério não simplesmente acontece. Sair de uma igreja pelos motivos errados também não. É progressivo. É lento. Nasce na placenta da autodeterminação. Eu tinha esquecido para o que Deus havia me chamado e para onde ele me chamou. Sua graça naquele momento foi uma mistura de encorajamento e correção.

Daquele momento em diante, não procurei outro cargo ou outra igreja, fui precipitado e isso quase causou estragos em mim, minha família, meus amigos e nossa igreja.

Durma sobre isso

Quando estamos apressados, tomamos decisões imediatas no calor da emoção. Raramente são boas ou necessárias. Dormir tem um valor. O sono recalibra nosso cérebro e limpa nosso corpo. O sono nos rejuvenesce e nos ajuda a pensar com clareza. muitas vezes agi com pressa quando teria feito bem em dormir sobre o assunto. Felizmente, ao longo dos anos aprendi isso. Irmãos, o e-mail crítico não precisa ser respondido imediatamente. O comentário crítico ou a visita de confronto não precisa ser tratada imediatamente, quando você estiver irritado e pronto para atacar. Durma sobre isso. Depois que eu aprendi isso, duas coisas aconteceram. Primeiro, minhas respostas se tronaram mais gentis e atenciosas. Não eram mais emocionais e reacionárias. Em segundo lugar, algumas respostas nunca precisaram ser enviadas. Por algum motivo, não senti a necessidade de responder a uma crítica severa que era injusta. Também lhe dá tempo para pensar por que alguém poderia estar dizendo o que diz e avalie se você precisa se aprofundar nisso. Estou cada vez mais convencido de que não há nada que acontece na igreja, nenhuma decisão crítica que precise ser tomada antes de uma boa noite de sono. E, sejamos honestos. Essa abordagem é um ato de fé e descanso em Deus. Parei de confiar em nosso estado decaído, quando as emoções estão altas e estou pronto para ir à guerra para me defender, pois posso estar, não, provavelmente esteja, fazendo mais mal do que bem. Uma boa noite de sono me faz ver as coisas com mais clareza, estar mais disposto a me arrepender onde for necessário e estar disposto a falar e ser razoável em vez de apressado e irracional. Vá dormir.

A grama nem sempre é mais verde

A pressa é impulsionada pela crença de que, se uma coisa mudar, tudo ficará melhor. É a velha síndrome de “a grama sempre é mais verde do outro lado da cerca”. A verdade é que nunca é. Eu estava passando por um tempo difícil em nossa igreja e tiramos férias para visitar amigos da igreja que nos enviou para cá. Eu visitei os presbíteros daquela igreja, os quais conheço e confio e expus meus problemas, pensamentos e sentimentos. Um homem sábio aconselhou-me a esperar por mais seis meses. Não se apresse, ok? Seu motivo era simples e profundo. “Se você sair”, disse ele, “você terá que começar tudo de novo no primeiro dia. Você tem quatro anos nesta igreja. São quatro anos que você teria que refazer em uma nova igreja, e a nova igreja pode não ter os mesmos problemas, mas eu prometo a você que eles terão problemas diferentes”. Acontece que a grama não é mais verde do outro lado. Eu segui o conselho deles e ao longo desses seis meses vi mudanças, vi crescimento, vi novas famílias chegando e a mudança demográfica. No final dos seis meses, e eu estava agradecido por não ter saído. Ao longo desses seis meses, encontrei pastores que estão em igrejas com dificuldades e que estão enfrentando problemas diferentes dos meus, mas ainda assim são problemas. A grama deles não é mais verde. Irmãos, A pressa nem sempre resolve o problema, porque as coisas nunca são tão boas quanto imaginamos que seriam se este ou aquele problema for eliminado da equação. Não se apresse, porque seja um problema em sua igreja ou seja pensando que a vida seria melhor em outra igreja, a grama não é mais verde em outro pasto. As manchas marrons apenas estão em lugares diferentes.

Igrejas são imperfeitas … você também

No início do meu ministério aqui, era precipitado porque pensava que todos os problemas eram com a igreja … não comigo. O que descobri é que Deus tem trabalhado em meus problemas, bem como nos da igreja. As igrejas são todas imperfeitas … e nós também. Pode ser, ouso dizer que provavelmente seja o caso, que sua pressa esteja ignorando as áreas onde Deus está fazendo você crescer ou onde você precisa crescer. Como eu disse, não acho que haja muitas ocasiões nas quais precisamos ser precipitados, deixe isso reservado para aqueles momentos e circunstâncias terríveis, como uma negação da divindade de Cristo sendo ensinada ou a crença de que somos salvos por nossas obras. Se não tiver heresia, não se apresse. Reconheça que, neste processo, Deus está desenvolvendo você e lhe ensinando coisas também. Não é apenas a igreja que precisa mudar. Você também. Podemos usar a pressa como uma desculpa para ignorar nossas áreas de falha, orgulho ou falta de confiança. Se tudo é uma emergência, nada é. Há uma humilde paciência que vem de uma confiança na soberania e nas promessas de Deus. Por meio do auto sacrifício e da morte de sua carne, Deus está tornando você mais semelhante a Cristo. Recentemente conversei com um membro de longa data, após dar um seminário sobre revitalização da igreja, onde compartilhei minha avaliação da igreja na época em que cheguei. Este homem me disse, depois de ouvir, que concordava 100% comigo na minha avaliação e que ele viu muitas mudanças, mas também me viu mudar. Porque você está quebrado e a obra em andamento, talvez você precise crescer em uma área antes que a igreja possa crescer. Portanto, não se precipite.

Como Barbárvore disse, “se ficássemos em casa e não fizéssemos nada, a desgraça nos encontraria de qualquer maneira, mais cedo ou mais tarde. Esse pensamento vem crescendo há muito tempo em nossos corações; é por isso que estamos marchando agora. Não foi uma decisão precipitada. Agora, pelo menos, a última marcha dos Ents pode valer uma canção … canções como as árvores frutificam apenas no seu próprio tempo e à sua maneira: e às vezes murcham prematuramente.” Não ter pressa não os impediu de agir. Eles avançaram contra Saruman com pressa assim que a decisão foi tomada. Não ser precipitado significa que se deve parar e pensar antes de agir, especialmente quando a ação tem consequências de longo prazo. Isso resulta em determinação. Não uma resolução precipitada que murcha rapidamente, mas uma determinação nascida da firmeza e consideração do espírito.

“Mas falei apressadamente. Não devemos nos precipitar. Estou muito agitado. Devo me acalmar e pensar; pois é mais fácil gritar pare! Do que fazê-lo.” Preste atenção às palavras do sábio Ent e não se apresse, para não ter consequências indesejadas por agir com pressa.