Um blog do Ministério Fiel
Rompendo o ciclo do abuso – A história de Mez McConnell
Transcrição do vídeo
Meu nome é Mez McConnell e eu nasci na Irlanda no início dos anos 70. Eu tenho um histórico familiar bastante complicado… Meu pai teve uma criação difícil… Seu pai se matou e ele não teve nenhum relacionamento com sua mãe. Ele e seus irmãos foram separados, eu sei que um foi pra Escócia, outro para algum lugar da América do Norte e meu pai foi pra Irlanda, que foi onde eu nasci.
Meu pai casou muito cedo, e isso acabou de forma amarga… Eu e a minha irmã não tínhamos um lugar pra morar, meu pai tinha sumido… Naquela época ele foi pra Inglaterra. Minha mãe havia fugido com outro homem e coube a minha avó e outros membros da família cuidar da gente.
Então, entre os 2 e 7 anos de idade eu ficava viajando pela Irlanda, às vezes com meu pai, sob a tutela de alguém ou em um orfanato, não me lembro detalhadamente dessa época, mas lembro que foi uma época tumultuada e nada estava resolvido.
Aos 7 anos de idade, uma coisa importante aconteceu… Eu, minha irmã e meu pai viemos para a Inglaterra no auge dos problemas que estavam ocorrendo na Irlanda no final dos anos 70, nós atravessamos na balsa e lá a vida ficou mais complicada.
O período entre os 12 e 16 anos foi uma época chave na minha vida, muita coisa aconteceu comigo… Eu tive problemas com a polícia pela primeira vez, fui condenado pelo meu primeiro crime que foi o de assalto aos 12 anos, e nessa época havia começado a usar drogas.
Quando tinha 13 ou 14 anos, um dos meus amigos foi morto com facadas no peito, lembro que ele ficou sangrando no carro a caminho pro hospital… Essa morte, esse acontecimento me incomodou bastante e me fez pensar: “Onde meu amigo está agora? Para onde ele foi? Qual é o sentido da vida?”. Comecei a fazer essas perguntas e ninguém tinha uma resposta pra elas, e minha conclusão foi que não havia sentido na vida, não há esperança, então eu devo continuar a fazer o que estava fazendo.
Um dia eu acordei pensando: “Eu quero sair desse estilo de vida”, então eu me envolvi numa fraude e roubamos umas mil libras de um banco. Depois disso, peguei o primeiro avião que pude e fui para a Espanha. Estava tentando “me encontrar”, descobrir os segredos da vida ou fazer algo com esse dinheiro, mas alguns meses depois eu fui preso e deportado para o Reino Unido, e como eu estava fugindo da polícia do norte da Inglaterra, eu decidi ir para o sul da Inglaterra onde eu tentei de novo começar uma nova vida, eu tinha 19 anos e pensei em começar uma nova vida, arrumar minha vida, arranjar um emprego, etc. Então eu fui para o sul da Inglaterra, mas não deu certo… Acabei me tornando um sem-teto (dessa vez literalmente), morava nas ruas, dormia em bancos em entradas de parques, em qualquer lugar onde podia deitar a cabeça. Infeliz, buscando desesperadamente achar um significado na vida, mas não encontrava nada, e foi neste ponto, quando eu tinha 19 ou 20 anos que eu encontrei um grupo de cristãos pela primeira vez.
Um dia essas pessoas apareceram em carros, eles saíram, e todos pareciam cristãos de alguma forma, limpinhos, com cabelos partidos no meio e cardigans bonitos, e eles disseram: “Vocês querem jogar futebol na academia local?”, e é claro que nós queríamos jogar. Então esses cristãos começaram a falar… A falar sobre como eu estava afastado de Deus porque eu era pecador, e que, se eu não confessasse meus pecados, colocasse minha fé e esperança em Jesus Cristo, e não me arrependesse do meu estilo de vida pecaminoso, eu passaria a eternidade no inferno. Obviamente eu não aceitei muito bem essa mensagem e comecei a perguntar: “Quem são essas pessoas?”, e pensava: “Eles não poderiam se intrometer na minha vida, me julgar e ficar dizendo o quão ruim eu era quando na verdade fui espancado, abusado e rejeitado durante toda minha vida.”.
Então eu e os meus amigos começamos a interromper as reuniões, gritando, xingando e ameaçando a eles, jogamos pedras nos carros deles… Basicamente nós expulsamos eles da cidade na primeira noite.
Nesse período eu me envolvi em uma briga em uma casa noturna onde eu esfaqueei algumas pessoas, e sendo honesto, lembro de ter feito isto e depois fiquei lá parado. Eu poderia ter fugido, mas eu estava tão confuso e minha cabeça estava tão bagunçada que fiquei lá esperando ser pego.
Acabei indo para a prisão e um dia aqueles cristãos vieram me visitar… Vieram dois e eles viajaram quase 500 quilômetros pra me visitar. Eles falaram comigo me tratando como um ser humano não como um animal de estimação, para tentar me converter ou algo assim, e aquilo me impressionou! Quando chegou o tempo da liberdade condicional, eu fui ver meu agente da condicional e um grupo de pessoas e como eu não tinha um endereço fixo para que pudesse ser solto, não consegui uma data para a soltura. Então eu entrei em contato com o agente da condicional e disse a ele: “Você poderia perguntar aquele cristão se eu poderia ficar na casa dele por um tempo, só até eu conseguir um lugar pra morar, pra eu conseguir sair”. Então, aquele homem cristão respondeu: “Vou fazer melhor… Por que você não vem morar comigo?”. Deus e o Espírito Santo estavam me atraindo pra Jesus naquele momento, e eu me lembro que não conseguia dormir nem comer direito… Sempre que acordava, pensava em Jesus. Tudo em mim… Eu estava perturbado.
Jesus Cristo me salvou de uma vida sem esperança, de uma bagunça que foi feita quase inteiramente por mim, e eu pensei: “Eu quero servir ao Senhor, e vou fazer isso pelo resto da minha vida”.
Jesus Cristo transformou completamente minha vida. As pessoas falam muito sobre “eu e o Evangelho” e o que o Evangelho significa pra mim como indivíduo, mas Jesus Cristo transformou minha vida, não só pessoalmente, mas também socialmente. Eu acabei indo pra uma faculdade bíblica no sul da Inglaterra. Eu até era bom em falar com as pessoas sobre Jesus, mas falava o seguinte: “Você é um pecador, um otário como eu. Arrependa-se ou você vai para o inferno, seu perdedor.”. Mas não passava disso…
Eu me casei com a Miriam 14 anos atrás… Eu a conheci e o Senhor me deu uma esposa maravilhosa. Tenho dois filhos maravilhosos, Keziah de 11 anos e Lydia com quase 10 anos. Minha filha mais velha foi batizada recentemente e suas palavras iniciais foram: “Eu cresci em uma família cristã.”, e essas foram as melhores palavras que já ouvi, e elas me mostraram que o Evangelho quebrou aquelas barreiras.
Eu olho para a história da minha família e há esse ciclo de abuso e quebrantamento, e mesmo assim Jesus rompeu esse ciclo e começou uma obra de transformação que excede tudo aquilo que eu poderia esperar e sonhar, e é essa mesma transformação que quero ver nas comunidades da Escócia e nos lugares que estão desesperadamente longe do Evangelho.