A esperança não é o cabelo branco

Texto base: Provérbios 30.1-9

À medida que chegamos ao fim desta conferência, podemos sentir um mix de ansiedade para pôr em prática o que foi aprendido com um pouco de desapontamento por ter perdido tempo. Nisso, o jovem pode pensar que a esperança está nos cabelos brancos. Contudo, o tempo não corre a nosso favor. Salmos 119.99-100 mostra que o jovem pode dar passos de confiança não em sabedoria própria, mas naquele que se fez Sabedoria em nosso lugar. O jovem pode ter confiança de que o que sabe agora é suficiente para levá-lo ao próximo passo.

Contudo, frente a pecados recorrentes, você pode ficar desanimado, desencorajado, apesar do desejo de mudar. Você aprende coisas boas e é grato a Deus por sua igreja, mas parece não ter tanto efeito assim em você. Tudo isso pode nos levar ao cansaço. Contudo, é conhecimento de Deus consola e revigora a alma atribulada. Na busca por uma recarga de energia, buscamos em diversos lugares, como no moralismo, ou nos prazeres. Mas essas coisas, no fim, dão ainda mais cansaço. Observe o texto de Provérbios 30.

1. O problema da ignorância (30.1-4)

O homem é ignorante acerca de quem Deus é. A maior ignorância é aquela acerca de quem é Deus. É possível que você se sinta sobrecarregado com sua falta de conhecimento a respeito de vários temas, mas nenhum se compara a não conhecer Deus. Existe cansaço na ignorância sobre quem Deus é (30.1), no conhecimento desligado da piedade. Essa falta de conhecimento nos leva ao abatimento da alma, à apatia espiritual.

Perceba que a Bíblia é real em vários níveis. Ela não esconde a realidade. Na Terra existe cansaço. Porém, o início da sabedoria está no reconhecimento da ignorância (30.2). Temos receio em fazê-lo. Por vezes ficamos em um jogo de esconder quem somos debaixo de uma capa com os valores que nos são mais preciosos. Tentamos esconder a ignorância acerca de quem somos, pecadores. Na juventude, somos tentados a achar que temos todas as respostas, e ainda julgamos nossa presença primordial para o mundo.

Provérbios 2.5 e 2.1 diz: “Entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus […] se aceitares as minhas palavras”. Ouvir é uma disciplina espiritual. E só vamos ouvir se primeiro reconhecermos que não sabemos. Reconheça que seu problema é a ignorância. Você não sabe coisas que deveria saber. Esse conhecimento revela o verdadeiro dilema: não se trata de não saber coisas, mas de não conhecer alguém; não é intelectual, mas relacional; não é não saber aspectos acerca de Deus, mas não conhecer a Deus (30.3). Conhecer alguém é mais do que ter ciência de fatos.

Isso é algo amargo ao coração, pois Deus fez-se conhecer. Não estamos brincando de esconde-esconde. A Bíblia tem mistérios, mas estes foram revelados em Cristo Jesus. O próximo passo que alguns precisam dar é confessar a ignorância e a resistência diante do Senhor.

No versículo 4, Agur faz diversas perguntas. Por meio delas, ele demonstra que a verdadeira sabedoria está no Senhor. Concluímos, portanto, que não sabemos todas as respostas, mas seguimos quem sabe. Ele se comunica conosco e revela o próximo passo. Você não precisa resolver sua vida hoje, Deus apenas pede que você confie nele agora, seja em meio a situações difíceis que nos levam ao cansaço. Deus, em sua Providência, mostrará que a melhor coisa para você é conhecer mais dele. João 3.13 mostra que Jesus é a personificação da sabedoria de Deus, pois ele é o próprio Deus. Nosso problema é que não conhecemos a Deus. Longe de ser um clichê, esta é a realidade. E a boa notícia é que Deus se revela, de forma escrita e, principalmente, em Cristo.

2. O conhecimento revelado (30.5-6)

Este conhecimento nos foi revelado. A palavra de Deus é testada e provada, e ela se mostra pura (30.5a). Hoje temos acesso a informações acerca de Deus no meio que ele mesmo estabeleceu: as Escrituras. Não temos todas as informações neste livro. Mas tudo o que podemos e precisamos conhecer sobre Deus está nas Escrituras. Precisamos buscar ao Senhor de forma ativa, seja pessoalmente ou em comunidade.

Agur descreve a Palavra como um escudo. A palavra de Deus nos protege (30.5b). Não somos livres de todos os perigos, mas Deus nos acompanha em cada um deles até o fim. Como Deus fala? Por vezes achamos que ele fala apenas no “trovão”, em sensações místicas e profundamente emocionais. Porém, devemos ter cuidado. A fé é tremendamente importante nesse contexto para depositar a confiança na suficiência da revelação de Deus (30.6). Não devemos acrescentar nada à revelação de Deus, suficiente para mostrar quem Deus é. Esse conhecimento deve ser protegido. Veja o chamado de Agur a proteger o coração.

3. O conhecimento protegido (30.7-9)

O conhecimento deve ser protegido contra o mau caráter (30.8a). Quais são os objetivos de suas orações? Elas são apenas listas de coisas que você deseja? Suas orações devem estar ligadas a coisas acima do sol, senão estarão sujeitas à vaidade. Tudo o que é terreno vai passar. Não podemos colocar os olhos em coisas terrenas.

Também precisamos proteger o conhecimento contra circunstâncias tentadoras (30.8b). Agur demonstra um desejo intenso de viver para o Senhor, mesmo ciente de suas tentações. É preciso ser extremamente honesto diante do Senhor, reconhecendo as fraquezas e pedindo para que o Senhor nos livre delas. Quão perto de Cristo você quer estar? Sua vida deve girar em torno disso, do descanso que só pode ser encontrado em Jesus Cristo. Por fim, o conhecimento deve ser protegido para a glória de Deus e para o nosso bem; para que não profanemos o nome de Deus, mas que também não venhamos a cair em armadilhas. A forma correta de aproveitar a vida é junto de Deus.

Jovem, o que tem roubado sua vitalidade espiritual? O conhecimento de Deus é a vida eterna (Jo 17.3). Por vezes, nos distraímos com tantas coisas, mas a vida eterna está em Jesus, e o descanso para a alma está em Deus (Êx 33.14). O cristão tem o privilégio de poder descansar em meio a tanto barulho. O descanso não é uma circunstância, é alguém, Jesus Cristo. O descanso é para os que creem em Jesus Cristo (Mt 11.28-30; Hb 4.9-12).

Reflita e ore: O que te deixa cansado? Relacionamentos, cobranças, trabalho, pecados recorrentes? Quais são as tentações comuns que você experimenta quando está cansado? Você busca prazer em outro lugar? Responde mal a quem está ao seu redor? Como a realidade de ter Cristo como descanso muda sua maneira de encarar o cansaço? Se você não recorre a Cristo em meio ao cansaço, você recorre a outra coisa. Por fim, quais são algumas posturas que você pode tomar, como jovem cristão, para viver no descanso de Cristo enquanto serve? Lembre-se de que o melhor lugar para estar é descansando aos pés do Mestre.