Um blog do Ministério Fiel
Geração eleita, sacerdócio real, nação santa
Texto base: 1 Pedro 2.9-10
O apóstolo Pedro escreveu sua primeira epístola aos eleitos (1Pe 1.1-2), pessoas que haviam se espalhado por diversos locais, mas que foram convertidas por Deus. Ele escreve para que os irmãos estivessem preparados para uma grande onda de perseguição iminente. Aqui vemos que o cristão deve estar preparado para sofrer. A fast church, a igreja supérflua, falha neste ponto tanto em sua vivência quanto em sua pregação.
Pense consigo: você consegue identificar-se como parte deste povo a quem Pedro escreve? Pedro não descreve o povo de Deus com termos novos ou “originais”. Em Êxodo 19.3-6, o próprio Deus já havia mencionado que constituiria para si “um reino de sacerdotes e uma nação santa”, um povo que seria sua propriedade exclusiva. O mesmo capítulo mostra que este povo é o povo de Israel eleito por Deus.
Para entendermos melhor o que Pedro quer comunicar, tenhamos um pouco de teologia bíblica em mente. Deus criou o primeiro casal com uma missão: como portadores da imagem de Deus, eles deveriam espalhar e cultivar essa imagem em toda a criação. Deus também deu ao homem a possibilidade de cair desse estado. O homem caiu em pecado, e, a partir de então, a história segue em dois caminhos paralelos: pessoas que seguem o caminho da justiça e pessoas que não seguem. Da mesma maneira, Deus separa para si um povo ao decorrer da história, de modo que, a partir desse povo, todas as famílias da Terra sejam abençoadas. Este é o estado do mundo, até que tudo seja feito novo, em um novo céu e numa nova terra. Tudo isso com o objetivo de glorificar seu próprio nome.
A princípio, Deus escolheu uma linhagem marcada pelo sangue, pelo povo judeu. Contudo, este tipo de linhagem não seria definitivo, como ficou evidente após a vinda e a morte de Jesus. O Evangelho, onde é pregado, a qualquer povo que venha a alcançar, é o meio pelo qual Deus constitui seu povo, resgatando pessoas de todas as famílias da Terra.
Este é um resumo da história da redenção. Essa história ainda não terminou. Ela só será finalizada na consumação, quando o Senhor Jesus voltar em glória para reunir todo o seu povo. Esta igreja, este povo, não é formado como um fast food; ela carece de tempo e esforço reais.
Voltando ao texto de 1 Pedro 2.9-10, é possível perceber que Pedro se utiliza de vários textos do Antigo Testamento como base de seu argumento (Isaías 43.20). Isaías, por exemplo, falou ao povo de Israel que peregrinava e aguardava sua volta; Pedro também fala a peregrinos, seja os que estavam dispersos fisicamente, seja os que vivem como peregrinos aqui neste mundo ainda hoje, e aguardam algo maior. Esse povo, como sacerdócio real, como povo que cumpre o papel para o qual foi designado, está no mundo para servir. Não escolha uma igreja para ser servido, e sim uma igreja bíblica na qual poderá servir. Esse povo, como nação santa (Êx 19.6), sobrevive nos mais distintos lugares, sob forte perseguição religiosa e política. Ela permanece santa em todas essas circunstâncias, pois é povo de propriedade exclusiva de Deus.
É assim que Deus trabalha e separa para si um povo ao longo de todas as gerações. Você, que antes não era povo, mas foi chamado por Deus, agora faz parte deste povo. Essa é nossa identidade. Somos a igreja de Cristo nesta geração, e devemos estar prontos para servir. O povo de Deus possui uma imensa responsabilidade. Somos chamados para uma viva esperança (1Pe 1.3), com a promessa de uma herança que está reservada nos céus (1.4), única e real, inabalável. Essa esperança não pode ser roubada, pois ela está garantida e afirmada pela ressurreição de Cristo. Esta é a única esperança que pode e deve ser oferecida ao mundo.
Também fomos feitos filhos da obediência (1Pe 1.14), chamados para um amor obediente à verdade (1.22-23), ser qualquer fingimento, fundamentados na rocha da palavra de Deus, que é viva e permanente. Fomos chamados para negar a velha vida, a abandonar todo tipo de maldade (2.1-2). Somos chamados a ser casa espiritual e sacerdócio santo, em uma vida de sacrifício espiritual a Deus por meio de Jesus Cristo (2.4-5). Somos chamados a crer (2.7-8).
Por fim, o apóstolo Pedro encerra com uma missão: citando o profeta Oséias, o qual ilustra uma situação em que Israel é chamado de “Não-meu-povo”, agora Pedro ressalta que os crentes são chamados de povo de Deus (1Pe 2.9-10). E esta história não terminou: cada vez que evangelizamos, louvamos e glorificamos a Deus, somos instrumentos de Deus na construção dessa história. Eis nossa identidade: geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus.