O Fracasso da Ternura Sem Cristo

O grotesco é parte do que essa era caída é. Ver isto e ver Deus com olhos de fé claros e resolutos, nos impede de criar campos de trabalhos forçados ou câmaras de gás.

Quando o sentimentalismo separa o grotesco da bondade soberana de Deus, estamos em nosso caminho para Auschwitz. É uma grande ironia que rejeitando a Deus, em defesa de uma humanidade menos grotesca, nos tornamos terríveis enquanto limpamos o mundo das imperfeições.

As almas compassivas que não conseguem suportar olhar para o deformado, e portanto, imputam sua aversão a Deus, a fim de desacreditá-Lo, cortam a única raiz firme que os afasta da “solução final” de misericordiosamente livrar o mundo do grotesco.

O fardo sobre a compaixão fingida

Flannery O’Connor escreveu sobre o grotesco. E ela acreditava em Deus — um Deus que era bom e que não tinha perdido o controle do seu mundo. Parte do que governou sua obsessão pelo grotesco era essa convicção: Há uma falsa ternura no mundo — uma ternura desconectada de Cristo — que se passa por compaixão e leva aos campos de concentração.

Mary Ann era uma menina com tumor grotesco e cancerígeno no seu rosto. Ela faleceu, por isso, aos doze anos. Segundo todos os relatos, ela era um menina radiante e alegre, cuja vida breve valeu a pena. Flannery O’Connor escreveu “Introdução a uma Memória de Mary Ann” (em Mistério e Conduta, 1957 – sem tradução em português). Nele, ela revelou seu fardo.

Uma das tendências do nosso tempo é usar o sofrimento de crianças para desacreditar a bondade de Deus, e uma vez que você desacreditou Sua bondade, você acabou com Ele. . . . Ocupados reduzindo a imperfeição humana, eles estão progredindo também na matéria-prima do bem.

Ivan Karamazov não pode acreditar, enquanto uma criança estiver em tormento; o herói de Camus não pode aceitar a divindade de Cristo, por causa do massacre dos inocentes.

Nessa piedade popular, marcamos nosso ganho em sensibilidade e nossa perda em visão. Se outras épocas sentiram menos, elas viram mais, mesmo que eles viram com o olho cego, profético e frio da aceitação, ou seja, de fé. Na ausência dessa fé agora, governamos pela ternura.

É uma ternura que, há muito tempo desconectada da pessoa de Cristo, está envolta em teoria. Quando a ternura é separada da fonte de ternura, seu resultado lógico é o terror. Termina em campos de trabalho forçados e na fumaça da câmara de gás. (226-227)

Essas palavras são explosivas com sabedoria.

  • Se você tentar cortar o grotesco, você pode sacrificar as árvores em que muita coisa boa cresce.
  • Um ganho em sensibilidade pode ser uma perda de visão, e sem essa visão, o ganho pode ser horrível.
  • O olhar “frio” de fé na bondade de Deus diante de horrores é paradoxalmente o olhar mais terno.
  • Ternura, desconectada de Cristo, pode justificar os campos de concentração, ou diríamos hoje, o corte de crianças em pedaços.

Permanecer em toda a vontade de Deus

“Quem pode entender os seus erros?” (Salmos 19:12). “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso” (Jeremias 17:9). A ternura de uma geração é o terror de outra. Elas crescem da mesma raiz sem Cristo — Falsidade.

Entre tais mudanças inesperadas na história como temos visto, o lugar mais seguro na terra para nós permanecermos é em toda a vontade de Deus — toda a Bíblia, com todas as suas partes chocantes, humildemente compreendidas, formando um tipo de pessoas que são inexplicáveis na ferocidade das suas ternas defesas do desamparado e do grotesco.

Por: John Piper. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: The Failure of Christless Tenderness.

Original: O Fracasso da Ternura Sem Cristo. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados.