Um blog do Ministério Fiel
A paixão de Deus por sua Glória é egoísmo?
(N.T.: Recomendamos ler também o artigo “O Zelo de Deus por sua própria Glória“)
Uma questão comum que as pessoas levantam quando ouvem falar sobre o Hedonismo Cristão é: como a paixão de Deus por sua glória não é uma forma pecaminosa de narcisismo e megalomania? A resposta é: a paixão de Deus por sua glória é a essência de seu amor por nós. Narcisismo e megalomania não são amor.
O amor de Deus por nós não consiste tanto em ter um alto conceito de nós, mas em nos dar a capacidade de desfrutar de um alto conceito dele para sempre. Em outras palavras, o amor de Deus por nós mantém Deus no centro. O amor de Deus por nós exalta seu valor e a nossa satisfação nele. Se o amor de Deus nos fizesse centralizados e focados em nosso valor, isso nos distrairia do que é mais precioso, a saber, Ele mesmo. O amor trabalha e sofre para nos cativar com aquilo que satisfaz infinita e eternamente: Deus. Portanto, o amor de Deus trabalha e sofre para quebrar nossa escravidão ao ídolo do Eu, e focar nossas afeições no tesouro de Deus.
Para enxergar a centralidade de Deus do amor de Deus manifesta, observemos João 11.1-6, a história da doença e morte de Lázaro:
Estava, porém, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta. 2 E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com unguento, e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava enfermo. 3 Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas. 4 E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela. 5 Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro. 6 Ouvindo, pois [οὖν, portanto], que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava.
Jesus escolheu deixar Lázaro morrer. Verso 6: “Ouvindo que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava”. Não havia pressa. Sua intenção não era evitar o luto da família, mas levantar Lázaro dos mortos.Note três coisas maravilhosas:
- Ele foi motivado por uma paixão pela glória de Deus manifesta em seu próprio glorioso poder. Verso 4: “Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”.
- A despeito disso, tanto a decisão de deixar Lázaro morrer e a motivação de exaltar a Deus foram expressões de amor por Maria, Marta e Lázaro. Verso 5: “Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro… ficou ainda dois dias… onde estava”.
Oh, quantas pessoas hoje – mesmo cristãos – murmurariam a Jesus por desapaixonadamente deixar Lázaro morrer, e por se colocar, e pôr Maria, Marta e outros em meio a sofrimento e dor naqueles dias. E se eles vissem que isto foi motivado pelo desejo de Jesus de exaltar a glória de Deus, muitos chamariam isto de cruel e frio. O que isto mostra é quão acima da glória de Deus muitas pessoas valorizam uma vida sem dor. Para muitos, amor é aquilo que coloca o valor humano e o bem-estar humano no centro. Portanto, o comportamento de Jesus é ininteligível a eles.
Mas, não tentemos dizer a Jesus o que é o amor. Que não o instruamos sobre como ele deveria nos amar e nos fazer centrais. Vamos aprender de Jesus o que é o amor e qual é nosso verdadeiro bem-estar. Amor é fazer o que for necessário que você faça, mesmo ao ponto de morrer na cruz para ajudar as pessoas a verem e provarem a glória de Deus para sempre e sempre. O amor mantém Deus no centro. Porque a alma foi feita para Deus.
As pessoas me perguntando: não deveria o amor ser parte da declaração de missão da Bethlehem Baptist Church (Existimos para espalhar a paixão pela supremacia de Deus em todas as coisas, para alegria de todos os povos, por meio de Jesus Cristo)? Eu respondo que essa é nossa definição de amor.
Jesus confirma que estamos no caminho certo na maneira que ele ora por nós em João 17. Entendo que ele está orando por nós (v.20) e que esta oração é uma oração de amor (João 13.1). Considere como Jesus ora nos cinco primeiros versos:
Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, 2 assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. 3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. 4 Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; 5 e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo.
Esta é a maneira que Deus ora quando ele está amando seu povo. Ele ora para que sua glória seja mantida e manifesta.
A conexão conosco encontra-se no verso 24: “Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo”. O amor de Jesus o leva a orar por nós e morrer por nós, NÃO para que nosso valor possa ser central, mas para que sua glória seja central, e para que possamos enxergá-la e prová-la por toda eternidade. “Para que vejam a minha glória!” – por isto ele deixou Lázaro morrer, e por isso ele foi à cruz.
Veja uma ilustração na experiência de Paulo desta forma de ser amado. 2 Coríntios 12.7-10:
E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. 8 Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. 9 Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. 10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.
Muitos americanos antropocêntricos que têm definido o amor de Cristo como sua alta consideração por eles, e não como a ajuda para que eles tenham alta consideração por Ele, gritariam a Jesus nessa situação: eu não me importo com seu poder se aperfeiçoando, eu me importo em não ser ferido por esse espinho!
Oh, como precisamos ajudar as pessoas a verem que Cristo, não o conforto, é o tesouro eterno e que tudo satisfaz. Portanto, concluo que exaltar a supremacia de Deus em todas as coisas, e estar desejoso de sofrer pacientemente para ajudar a ver e provar esta supremacia são a essência do amor. É a essência do amor de Deus. E é a essência do seu amor. Porque a supremacia da glória de Deus é a fonte e a soma de toda alegria completa e imperecível.