O Evangelho salva da moralidade

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Até que sejamos tomados pelos impulsos de alegria do Evangelho da graça em nosso interior, sempre pensaremos em termos de cumprir deveres externos por causa de pressões externas. “Aqui está a lista do que fazer, Deus ficará contente com isso, só precisamos ter força de vontade para fazer.” Isso se chama religião; moralidade.

C.S. Lewis é tremendamente perspicaz e profundo com relação a isso. Ouça estas duas citações.:

“Um homem perfeito nunca agiria por um senso de dever. Ele sempre vai preferir o que é correto ao que é errado. O dever é apenas um substituto para o amor de Deus ou de outras pessoas, assim como uma muleta tenta substituir uma perna. A maioria de nós precisa de muletas às vezes, mas, claro, é idiotice usar uma muleta quando nossas pernas, bem como nossos amores, gostos e hábitos, podem seguir a jornada por si sós.”

Um homem perfeito nunca age por dever. Portanto, a busca pela santidade é transformada. Até meu ensino sobre santificação. Alguns de vocês vêm de tradições nas quais o que eu acabei de dizer é total e integralmente desconhecido. Totalmente. Tudo se resume a tarefas, a conformar-se a pressões externas da igreja. Vista-se assim, fale de tal modo… Apenas faça. E ele diz que nenhum homem bom age assim. Mas como assim? Nossas igrejas cresceram com base nisso! Mas a citação seguinte é ainda mais profunda, é da “História da Literatura Inglesa” de Oxford. Ela fala da Reforma e dos puritanos, principalmente de William Tyndale. Qual era a intenção de William Tyndale e dos reformadores? Preste atenção, porque é excelente.

“Na verdade, Tyndale tenta expressar um fato complicado que vem ao nosso encontro bem antes de nos aventurarmos no reino da teologia; o fato de que a moralidade, ou dever, o que chamamos de lei, nunca fez um homem feliz em si mesmo ou querido por outros. É chocante, mas é indiscutível. Não desejamos ser ou viver perto de pessoas que são limpas, honestas ou gentis por questão de dever. Queremos estar perto de pessoas que gostam de ser limpas, honestas e gentis. A mera suspeita de que o que parecia ser um ato de amizade ou generosidade espontânea era, na verdade, um dever imediatamente leva tudo à ruína. Na linguagem filosófica, a categoria ética é autodestrutiva. A moralidade é saudável apenas quando tenta abolir a si mesma.”

Cristo é o fim da lei. Eu acrescentei isso. De volta a Lewis: “Na linguagem filosófica, homem algum pode ser salvo por obras. Para Tyndale, todo o propósito do Evangelho é livrar-nos da moralidade. Assim, paradoxalmente, o puritano da imaginação moderna, de coração frio e sombrio, que faz por dever o que almas mais felizes e prósperas fazem sem dificuldade, é o maior inimigo que o protestantismo histórico ergueu e apunhalou.”

Isso é muito forte. Muito forte. E eu quero continuar golpeando-o. É o que o hedonismo cristão é: um golpe na moralidade, um golpe na religião, um golpe no que é externo, na performance, em coisas, nas leis e nas tarefas que não vêm de dentro, que nunca provaram a alegria, que nunca abraçaram a verdade sólida que dá vida aos corações! Estamos em guerra! É o que creio ser o cristianismo.