Um blog do Ministério Fiel
Pastoreando almas difíceis de pastorear
Texto-base: 1 Coríntios 16.5-9
O Novo Testamento é um tanto surpreendente quando fala sobre o chamado do pastor. Em 1Pe 5.1-4, Pedro instrui os pastores dizendo para que pastoreiem o rebanho de Deus que há entre eles. Em Hb 13.17, o escritor diz aos cristãos para se submeterem aos líderes que os instruem. Se juntarmos essas duas passagens, podemos entender o que significa pastorear o povo de Deus. Os pastores devem pastorear de tal forma que um dia prestarão contas de cada alma que o Supremo Pastor lhes confiou. Que chamado!
Ao mesmo tempo em que é uma tarefa muito difícil, há algo que a torna ainda mais difícil: por vezes, haverá ovelhas que não querem seguir o pastor, que não vão muito com a cara dele. Isso é algo que com frequência leva os pastores a abandonarem certas igrejas após dois ou três anos. Entre os mais variados membros, os pastores precisam discernir quem são as ovelhas feridas e quem são lobos em peles de cordeiro. Vejamos o texto de 1 Coríntios 16.5-9.
Todos sabemos que a igreja de Corinto era o que se chama de “verdadeiro desastre”. Contudo, Paulo inicia sua carta dizendo que vê neles a graça de Deus e, no restante da carta, identifica o que eles estavam fazendo errado. No fim da carta, Paulo lhes lembra do amor que possui por eles, de modo que ainda não os visitou porque seu trabalho em Éfeso ainda não fora concluído. Ele não queria apenas passar pela cidade, mas queria permanecer um tempo com eles. Porém, havia uma porta aberta para o ministério em Éfeso, e não só isso, mas também a presença de muitos adversários.
Quando um pastor é fiel como o Senhor ordenou e prega o Evangelho com veemência, não deve ser surpreendente que o inimigo comece a rosnar. Tal situação talvez desencoraje a muitos hoje, mas Paulo decide que é justamente por isso que ele deve ficar. Os adversários lhe lembram de que o trabalho para o qual Deus o enviou ainda não estava completo. É possível que você, pastor, consiga se lembrar de adversários em sua própria comunidade. Mas e se Deus possui um propósito para os adversários de seu ministério?
Uma das lições mais importantes que há de se aprender é que, às vezes, quando as pessoas difíceis aparecem em nossas vidas e nos perseguem, pode realmente não ter nada a ver conosco, mas com o pastor anterior ou com alguma situação que aconteceu antes. Nessa perspectiva, é importante não dividir a igreja ainda mais.
Em situações como essas, é importante ouvir o que Hebreus 13.17 diz. Os pastores prestarão contas de todos os que lhe foram confiados, inclusive dos que não gostam deles. E, por vezes, Deus faz uma obra de redenção maravilhosa após certo tempo. Eis aqui cinco lições que aprendi ao pastorear pessoas difíceis.
Primeiro, a verdadeira paciência. Por muitas vezes, parecia que os membros não estavam dispostos a receber os ensinamentos que eu ensinava; mas depois percebi que eles também foram muito pacientes comigo. Ao considerar meus sermões antigos, percebi que eu não era isso tudo. Por isso, é importante ter membros que, caso estejam descontentes, sejam sinceros para com o pastor e cheguem a um denominador comum com base na Palavra de Deus.
Segundo, a alegria de ganhar seus inimigos. Nós cremos que todos nos aceitarão de imediato. Mas quando ganhamos quem é contra nós, por meio do Espírito e da obra de Deus na vida deles, tais pessoas viram as pessoas que nos são mais chegadas no ministério. Deus não apenas redimiu relacionamentos, mas redimiu as pessoas que eram mais hostis para comigo, bem como trabalhou em meu coração também.
Terceiro, uma perspectiva de discernimento das cicatrizes ministeriais. Deus nunca desperdiça tais cicatrizes. Preste atenção: faz parte da promessa de Romanos 8.28 que nenhuma cicatriz seja desperdiçada. Deus as usa na vida do pastor para torná-lo mais sábio para tomar decisões e para amar pessoas difíceis. Cicatrizes fornecem um discernimento que outros não possuem.
Quarto, sofrimento virá. Se você espera ser a exceção à regra, saiba que isso é algo inevitável. Contudo, este é o plano de Deus para trabalhar por meio dos pastores. Deus usa o fogo para nos tornar mais úteis. Mas tudo bem, pois a quinta lição é tremendamente encorajadora.
Jesus está sempre conosco. O Supremo Pastor nunca abandona suas ovelhas (João 10). Ele não apenas está conosco, mas também está de uma forma singular, e nos chamou para uma tarefa que outros não possuem. Hoje posso ver que Jesus sempre esteve comigo em cada situação por que passei. Deus também está escrevendo a sua história. Jesus sempre estará com você em meio às turbulências. Ninguém avalie a relevância do seu ministério por meio da aprovação que possui, da quantidade de membros ou de dinheiro que possui. Deus avalia o ministério por meio da fidelidade, e ele mesmo traz os frutos dela. Resta ao pastor ser fiel até o fim de seu ministério, e Deus trabalhará por meio das pessoas difíceis; não apesar delas, pois Deus, em sua soberania, também tem um propósito para elas.
Que Deus faça você, caro pastor, perseverar até o fim. Amém.