Minha alma dorme depois da morte?

Transcrição do Áudio

Gabriel, um ouvinte das Filipinas, fez uma pergunta muito comum: “Pastor John, quando morremos, a nossa consciência continua em algum lugar?  Ou apenas dormimos esperando a segunda vinda e o julgamento? E por que o sonho é usado com tanta frequência para descrever a morte, até mesmo pelo próprio Jesus? E onde na Bíblia posso ter mais certeza do que acontece comigo ou com alguém que amo quando morre? Você deve imaginá-los dormindo esperando a volta de Cristo ou como já estando no céu ou mesmo no inferno?

Corpos reais nos novos céus

Ouço aí duas perguntas: Primeiro, por que a palavra “sono” ou a imagem do sono é usada para descrever a morte por Jesus? E segundo, qual é a experiência das pessoas entre a morte e a ressurreição do corpo? Então talvez devêssemos começar por não tomar por certo o ensinamento bíblico de que o propósito de Deus não é apenas ter um dia muitos espíritos no céu, mas também corpos na nova terra.

A ressurreição do corpo foi um escândalo para muitos gregos que amavam a ideia da imortalidade da alma, mas não gostavam da ideia da ressurreição do corpo. O cristianismo não é grego sobre isso. O corpo será ressuscitado dos mortos. Quando Jesus apareceu ressuscitado, ele o fez de uma forma que podia ser reconhecida, tocada e podia comer peixe! Ele foi o protótipo do nosso corpo que será ressuscitado.

Paulo diz em 1 Coríntios 15.20: “Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem“. E quando as pessoas zombam neste capítulo e dizem: “Com que tipo de corpo eles vêm”, ele responde nos versículos 42-44: “Assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual“. Portanto, a ressurreição do corpo é essencial para a doutrina cristã.

Apenas dormindo

Agora, e quanto ao tempo entre a morte e a ressurreição do corpo, por que às vezes é chamado de “dormir”? Estávamos conversando com Tony, nosso host, que isto é novidade para mim, porque às 8:00 desta manhã, um grande amigo meu foi para esse outro estado. Então onde ele está? O que está acontecendo com ele? Neste momento, já se passaram 3 horas e 16 minutos. Imagine, ele já experimentou há 3 horas e 16 minutos o que estamos falando agora mesmo. Isso é incrível. Isso é incrível de se pensar.

Eis o que a Bíblia diz sobre o sono. É por isso que se faz a pergunta. Está em 1 Tessalonicenses 4.14: “se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem.” Tudo bem? Essa é uma referência aos cristãos que morreram. Por que ela diz isso? Ou 1 Coríntios 15.17-18 , “Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram.” Portanto, há outra referência ao adormecer como uma imagem de morrer.

E depois há Jesus, onde ele ressuscitou uma criança. Demos o nome de nossa filha de Talitha justamente por conta dessa experiência onde Ele diz: “Talitá cumi” em Marcos 5.41. Ele ressuscitou esta pequena menina dos mortos. E sabemos que ela está morta porque em Marcos 5.35 disseram: “Tua filha já morreu“. E quando Jesus vem para lidar com isso, ele diz: “Por que estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas dorme.” (Marcos 5.39). Bem, ela estava morta e ele chama isso de dormindo. Por quê?

Minha resposta é que é assim que o corpo se parece e age. É uma descrição da morte por uma imagem mais suave de como ela realmente se parece. Se você já olhou para uma pessoa que acabou de morrer, você pergunta: ela está morta ou está dormindo? Porque eles parecem estar lá, como sempre pareceram. E eles estão apenas adormecidos. Então eu acho que é uma imagem, é uma descrição pictórica de uma forma mais suave da realidade real de que eles morreram.

Grande vitória

Agora, por que digo isso, porque salto para essa ideia de significado em vez de dizer: “Bem, não, não, eles não estão conscientes do outro lado da morte”. Eles estão realmente experimentando algo como o sono da alma”. Eles não terão consciência até a ressurreição? Por que eu não digo isso?

A razão pela qual eu não o faço é porque Jesus e Paulo ensinam o contrário. Assim, por exemplo, as duas passagens chave em Paulo são Filipenses 1. 21-23: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.”.

Assim, quando Paulo contempla sua própria morte, ele a chama de “ganho”, não porque ele vai ficar inconsciente e ter experiência zero por mais mil anos, mas porque ele entra na presença de Cristo, com Cristo, de uma forma mais profunda e íntima. E é, diz ele, muito melhor do que qualquer coisa que ele já conheceu aqui.

Depois ele diz a mesma coisa em 2 Coríntios 5.6-9: “Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor; visto que andamos por fé e não pelo que vemos. Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor. É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis.”. Portanto, morrer no corpo significa estar em casa com o Senhor.

Respiração dupla

Aqui está Jesus falando. Ele conta esta história sobre o homem rico e Lázaro, e ele não diz que é uma parábola. Agora, e muito francamente, não tenho certeza se foi uma parábola ou não, mas ele não diz que foi uma parábola. Ele simplesmente o descreve como se realmente tivesse acontecido. Em qualquer caso, se isso aconteceu, ou se é uma parábola, parece estar apontando que após a morte não há esquecimento, sono ou inconsciência. Há vida em tormento ou em felicidade.

Diz assim em Lucas 16.19-23: “Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio.

Portanto, o quadro que Jesus pinta, como uma parábola ou algo que aconteceu, é uma vida consciente em tormento ou em felicidade depois da morte.

Por esta razão, minha conclusão é que os cristãos têm um duplo incentivo para aqueles que estão morrendo ou morreram. Para o crente que confia em Jesus Cristo, o sangue e a justiça de Cristo afastaram a condenação para cada crente e nos garantiram a ressurreição final do corpo em um novo céu e uma nova terra, e agora, após a morte, uma experiência íntima e doce de estar na presença de Cristo entre a morte e a ressurreição.

É uma esperança abençoada nos dois sentidos. Estamos seguros. Estamos seguros Nele agora, estaremos seguros em Sua presença no momento da morte, e seremos supremamente felizes em um corpo novo e saudável para sempre e sempre nos novos céus e na nova terra.

Por: John Piper. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Does My Soul Sleep After Death?

Original: Minha alma dorme depois da morte? © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Tradução: Renan Araújo. Revisão: Filipe Castelo Branco. Ministério Fiel. Narração: Filipe Castelo Branco e Thiago Guerra.