Repensando a pregação centrada na cruz

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Eu não acho que a pergunta controladora: “Como eu posso pregar o evangelho a partir desse texto?” tenha, nos últimos 40 anos ou mais, produzido o tipo de pregação que contribui para igrejas fortes, repletas da Bíblia, doutrinariamente ricas, maduras, estáveis e contraculturais, com uma paixão pela obediência radical à palavra de Deus. Eu não acho que isso nos serviu bem.

Então vou oferecer uma alternativa para aqueles que pensam que pregar Cristo, ou pregar o evangelho a partir de cada texto significa lidar com alguns comentários gerais sobre o que o texto fala; pairar sobre o texto, raramente explicando as palavras e frases; e então seguir para o assunto principal, trazendo o clímax: o evangelho, Cristo, a expiação e o perdão dos pecados, para que todos possam sair aliviados. Creio que esse tipo de pregação tende a desanimar a expectativa do povo, de que eles possam realmente ver coisas novas, lindas e belas; difíceis, profundas, assustadoras ou maravilhosas no texto.

Penso que isso tende a tratar as palavras, as frases e a lógica do texto inspirado como tendo menor importância, pois dá a impressão de que não precisam ser tratados com algum rigor ou cuidado em particular; são apenas preparações para o tema principal. Creio que faz o povo se acostumar e ter hábitos ruins ao ler a bíblia, ao diminuir o rigor e seriedade de meditar nas palavras de Deus dia e noite. Penso que tende a enfraquecer a seriedade de requisitos práticos e bíblicos sobre como viver a vida cristã, em toda santidade, pureza e amor, uma vez que insere a expiação substantiva em momentos críticos, quando a ênfase deveria estar na urgência de obedecer, porque essa é a urgência revelada no texto.

Portanto, eu quero recomendar a você uma alternativa para não tratar cada texto como um atalho para o evangelho, para não ter como pergunta principal na sua preparação do sermão: “Como eu posso pregar o evangelho a partir desse texto?”. Eu quero balançar uma bandeira amarela na frente do ditado que com frequência é atribuído a Spurgeon: “Pegue o seu texto e vá direto para a cruz”. Ninguém sabe se Spurgeon disse isso. Eu não pude encontrar nenhum especialista em Spurgeon que possa mostrar que ele falou, mas isso não importa.

A questão é: em vez de pegar o texto e ir direto para a cruz, penso que você deveria pegar a cruz e ir direto para o texto. Em vez de construir seu sermão em direção à cruz, construa seu sermão na cruz. Em vez de pregar requisitos bíblicos como indicadores para a perfeição e a justiça imputada de Cristo, creio que nós deveríamos pregar justiça imputada como o poder para obedecer aos requisitos bíblicos. Ou, de outra forma, permanecendo no poder e nas promessas compradas para os eleitos de Deus pelo sangue de Jesus, lute!

Lute com as palavras, frases e expressões. Lute com o fluxo de pensamento do texto; lute com tudo isso até que você enxergue a realidade que está lá naquelas palavras, e então mostre isso ao seu povo. E mostre a eles como você enxergou. E, então, ofereça a eles. Ofereça a eles como um presente comprado pelo sangue, exortando-os com toda a sua vontade, para que vejam, entendam, recebam, alegrem-se, obedeçam e compartilhem. Deixe que a realidade do texto seja o clímax do sermão.


Assista à pregação completa, clique aqui.

Por: John Piper. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Rethinking Cross-Centered Preaching.

Original: Repensando a pregação centrada na cruz. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Tradução: Rayana Rodriguez. Revisão: Renan A. Monteiro.