Por que Jesus é chamado de “Filho do homem”?

Transcrição do Áudio

Pastor John, por que Jesus atribui a si mesmo o título de “Filho do homem” em diversas passagens de sua vida?

Primeiro, vou falar algo que é de entendimento comum e, depois, vou fornecer um entendimento histórico mais sofisticado.

O entendimento comum é que o título “Filho de Deus” se refere à divindade de Jesus, e o título “Filho do homem” fala de sua humanidade; ou seja, ambos falam das duas naturezas de Jesus.

Ele era um “filho de homem”, ou seja, um ser humano. E ele é o Filho de Deus, de modo que ele sempre existiu, ele é o Eterno Primogênito que vem do Pai e permanece para sempre. Ele sempre foi e sempre será. É a segunda pessoa da Trindade, e nele habita toda a divindade.

Ele também nasceu de uma virgem. Ele teve um pai humano que não teve relações com essa virgem até que Jesus nascesse. Jesus foi concebido pelo Espírito Santo no ventre da virgem Maria. Portanto, ele é humano, completamente humano. A Bíblia quer enfatizar que ele é plenamente humano.

Então, este é o entendimento comum: ele possui duas naturezas em uma única pessoa; ele é divino e humano.

Porém, a percepção histórica mais importante e também mais sofisticada defende que o termo “Filho do homem” não se refere apenas à humanidade. É provável que esse título venha de Daniel 7. Ao ler esse capítulo, você vai ver que o Filho do homem é uma figura muito exaltada: não apenas uma figura humana, mas também é entronizada. Era o título que Jesus mais dava a si mesmo.

Se você fizer um estudo do termo “Filho do homem” nos evangelhos, você vai ver que Jesus não fala de si mesmo principalmente como Filho de Deus, mas como Filho do homem. Por exemplo, em Marcos 10.45, ele disse: “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. Então, ele se refere a si mesmo como Filho do homem muitas vezes.

Creio que ele agia assim porque “Filho do homem” é uma expressão comum, quase um sinônimo de “ser humano”. Ele nasceu homem. E não há ofensa alguma aqui: quem não é um filho de homem? Mas quem tinha ouvidos para ouvir podia ouvir o eco de Daniel 7, no qual ele reivindicava para si uma posição de exaltação na história da redenção. E ele tinha a intenção de fazer isso mesmo.

Jesus era muito sutil. Ele revelava a identidade dele para aqueles que tinham olhos para ver, mas ele não fazia isso de forma tão aberta, porque ele não queria que todos viessem e quisessem transformá-lo em rei. Ele tinha que seguir um caminho estreito entre revelar e esconder sua identidade. Ele não podia sair por aí falando: “Eu sou o Messias, sou o Rei do universo, venham e me aclamem Rei”. Ele não falava assim.

Pelo contrário, ele era discreto. Ele era sutil e fazia reivindicações que eram explícitas em certos cenários e, em outros, eram implícitas. Somente no tempo oportuno, durante a maior provação da vida dele, quando lhe perguntaram: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo?”, foi quando Jesus disse: “Eu sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu” (Marcos 14.62). Veja que ele confessou sua divindade bem na hora em que ele sabia que seria crucificado por isso.

Então, eu espero que essa resposta seja útil. O termo “Filho do homem” tem um significado duplo: implica a humanidade de Jesus e, de acordo com Daniel 7, implica aquele que será exaltado nas alturas. E, quando se refere a si mesmo dessa maneira, Jesus deseja comunicar ambos os significados.