Por que Deus criou o planeta Terra?

Somos apenas um poeira no meio do universo?

Pouco antes da nave espacial da Nasa Voyager 1 sair do nosso Sistema Solar em 1989 para fazer leituras atmosféricas do espaço interestelar, o falecido astrônomo Carl Sagan, como um membro da equipe de planejamento da missão, pediu aos oficiais que virassem a câmera para trás e capturassem uma última imagem da Terra.

Mesmo sabendo que a fotografia não teria nenhum valor científico, eles atenderam o pedido. E o que eles capturaram foi a primeira imagem do nosso planeta tirada na borda do Sistema Solar, 3.7 bilhões de milhas de distância, uma imagem da Terra que tem menos de 0.12 pixels, um ponto pequeno localizado no que parece ser um feixe de luz preferencial.

Sagan deu mais tarde à imagem seu notório nome “o pálido ponto azul”.

“Olhem de novo para o ponto”, ele disse depois, refletindo sobre a imagem. “É ali. É a nossa casa. Somos nós. Nesse ponto, todos aqueles que amamos, que conhecemos, de quem já ouvimos falar, todos os seres humanos que já existiram, vivem ou viveram as suas vidas. Toda a nossa mistura de alegria e sofrimento, todas as inúmeras religiões, ideologias e doutrinas econômicas, todos os caçadores e saqueadores, heróis e covardes, criadores e destruidores de civilizações, reis e camponeses, jovens casais apaixonados, pais e mães, todas as crianças, todos os inventores e exploradores, professores de moral, políticos corruptos, ‘superastros’, ‘líderes supremos’, todos os santos e pecadores da história da nossa espécie, ali num grão de poeira suspenso num raio de sol. A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa arena cósmica”.

Aqui achamos e localizamos a peça central do drama humano um cintilante décimo de um pixel de HiDef expande o nosso universo sem limites. Nessa pedrinha, todo o drama humano tem sido jogado como jogos de encenação cósmica: lados e forças, bem e mal, empurrando e puxando, ganhando e perdendo.

Propósito maior para o Ponto Azul

Para um secularista como Sagan, essa imagem do cosmos deve levar a um precipício de insignificância e a contemplar a falta de significado de tudo. Nossas vidas não significam nada.  Na verdade, as vidas coletivas de todos os que já viveram, combinadas, não somam nada de significativo.

Todo o drama nesse ponto azul não significa nada.

Mas ao contrário de Sagan, nós estamos frequentemente dando um passo para trás e questionando, no meio desse caos que se desdobrou nessa pedrinha, se existe um único propósito para toda a criação? Pode haver uma união de tudo por algo maior do que a si mesmo?

A resposta mais simples para a questão, e a solução mais direta para o perplexo Sagan, é a resposta de Jesus Cristo. Ele não é uma teoria ou uma religião, mas o Criador que tornou a si mesmo homem, morreu e ressuscitou da sepultura (fatos da história humana que Sagan muito convenientemente desconsidera).

Se o Sol é o centro do nosso Sistema Solar, a Terra é o epicentro do drama cósmico. Deus existia antes desse grão de poeira ter sido suspenso em matéria escura, girando ao redor de uma bomba de hidrogênio de gases explosivos para iluminar o meio dia. Nele, todo o pó deste vasto cosmos encontrou o seu início, encontra a sua cola e nele encontramos o fim e o objetivo da criação desde sempre. Todo o propósito deste cosmos em expansão é que Cristo seja evidenciado em toda a beleza das suas obras e da sua pessoa ― “Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Cl 1.15-20).

O pálido ponto azul nos dá evidências de um Salvador vivente. Muitos cristãos sabem de tudo isso intuitivamente. Cristo desbloqueia os mistérios desconcertantes dessa terra, quer possamos ou não compreender plenamente esses mistérios agora. Mas é claro que isso se trata apenas do mundo visível. Para entender o mundo visível de Sagan, devemos ter um precioso vislumbre do mundo invisível que o motiva.

Por que Deus criou o mundo

Então, por que Deus criou esse grão de poeira?

Sabemos a partir das Escrituras que o Criador não precisa de nada da sua criação para fazê-lo feliz (At 17.24-25). Também sabemos que Deus tem existido eternamente em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo uma experiência eterna de amar e ser amado; alegrar e ser alegrado; glorificar e ser glorificado. Deus poderia existir eternamente em perfeito amor, alegria e glória. Então se Deus não criou o cosmos e iniciou o drama humano porque ele tinha uma necessidade pessoal, por que ele fez isso?

A curta resposta, porém profunda, é que Deus ama tanto a sua própria glória que teve que compartilhá-la compartilhar consigo mesmo, compartilhar com os anjos e então compartilhar com outras criaturas racionais, e assim nós entramos na história. A Terra é um teatro muito pequeno, mas é um cenário, um palco, feito por Deus para manifestar o seu amor, alegria e glória. Mas não como no cinema, como se nos sentássemos como observadores passivos e assistíssemos a um programa, vendo algo distante e remoto. O drama decretado no teatro deste pálido ponto azul é nada menos que o nosso drama o desígnio de Deus para os nossos sofrimentos, nossos ganhos, nossas perdas, nossos nascimentos, nossas vidas e nossos fins.

A criação é, como você sabe, um lugar caído de dor, e nós trouxemos isso em nosso pecado. No entanto, o resultado do nosso pecado, ao invocar a redenção, não encobre a glória de Deus, ao invés disso prepara o palco para a manifestação plena do amor, deleite e alegria de Deus para compartilhar abundantemente conosco em seu plano e desígnio soberano.

Então esse grão de poeira, suspenso em um raio de sol, é também a peça central do revelado drama de Deus, o primeiro ato para uma história eterna de redenção e, mais importante, um local para expressar sua beleza interna, sua glória. O ponto azul existe por um fim central que Sagan perdeu. É o teatro para Deus manifestar a sua glória.

O Grande Casamento 

Essa é a curta história do porquê desse grão de poeira existir. Deus o fez para demonstrar o seu caráter fantástico, beleza, esplendor, amor e alegria. Ele é um Deus expressivo. E nós somos colocados como objetos do seu deleite, para sermos amados, para ver o sangue derramado de Jesus Cristo e saber que não há nada de bom que precisemos que o nosso Criador e Pai não nos daria para a nossa alegria eterna (Rm 8.32). O Criador fez você. Ele fez a mim. Ele nos redimiu. Ele se deleita através de nós.

Sim, esse grão de poeira é um palco relativamente pequeno, mas com uma história expansiva como o cosmos. O desejo de Deus de ser glorificado e o meu desejo de ser feliz para sempre são casados em um fim que traz clareza e coesão a todo o resto do aparentemente aleatório e desconexo drama humano testemunhado por todos os historiadores na história do mundo.

Esse é o significado e propósito da vida, quando olhamos além do pálido ponto azul e vemos o Criador de todo o cosmos, e ele o move em direção a uma gloriosa realização que trará todo o exército de estrelas no firmamento para o louvor de seu glorioso nome. Então “Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes!” (Sl 148.3)

Louvai-o, filho de Deus!

Pois aqui está o seu Deus aqui está sua alegria o Autor do drama decretado nesse pálido ponto azul, um grão de areia suspenso magneticamente no espaço, um teatro azul para todo o drama e admiração do cosmos.

Por: Tony Reinke. © Desiring God Foundation.Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: God Put You on the Pale Blue Dot: Why Your Small Life Is Not Meaningless
© Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Tradutor: Sarah Luzia. Editor: Vinicius Lima. Revisor: Zípora Dias.