Até que o propósito de Deus seja feito

Nenhum obstáculo impedirá o propósito de Deus

Um dos grandes benefícios das férias é que não há prazos para terminar as devoções. Posso começar e prosseguir o quanto eu quiser. Se o plano da Bíblia diz quatro capítulos (o que acontece), posso ler oito. Se preciso de 20 minutos para ler quatro capítulos, posso fazê-lo em duas horas. É assim que eu realmente gosto de ler a Bíblia. Pondere-a em sua mente, antes de absorvê-la em sua alma.

Lendo Atos 12

Certa manhã, ao fazer a leitura devocional em Atos, estava no capítulo 12, o qual nos mostra que Pedro está prestes a ser morto. Herodes acabara de matar à espada um dos Filhos do Trovão, Tiago (At 12.2). Suponho que ele o decapitou como outro Herodes fez a João Batista. Simples assim, Tiago se foi. Tiago! Como em Pedro, Tiago e João. Talvez você pense que o tempo haveria de parar. Mas tudo continua.

Matar Tiago agradou ao povo — pelo menos alguns deles (At 12.3). Então, Herodes decidiu fazer o mesmo com Pedro. Pedro foi colocado na prisão, sendo vigiado por quatro escoltas de soldados (12.4-5) — duas correntes nas mãos e um soldado de cada lado — e mais à porta.

Na noite anterior à sua execução, um anjo de Deus o acordou, e “as cadeias caíram-lhe das mãos” (At 12.7). Simples assim. Os soldados dormiam profundamente. Pedro pensou que estava sonhando. Mas obedeceu. Isso é um bom sinal. Espero obedecer a Deus em meus sonhos.

O Portão Aberto…

Mas aqui está a parte que deteve as minhas devoções: “O portão de ferro que dava para a cidade… se lhes abriu automaticamente” (At 12.10). Automaticamente? O portão se abriu por impulso próprio (At 12.10). Por vontade própria? Portões não têm impulso próprio. Nem vontade. Nem desejo. Nem decisão. É uma tradução estranha? Na verdade, é uma tradução muito boa do grego automatē. Você pode até ler isso. Automático. Auto: de si mesmo; mate: impulso. Portanto, o portão abriu por impulso próprio.

E, sem dúvida, sabemos que é uma figura de linguagem. Portões não têm impulsos. Deus abriu o portão. Eu me pergunto se essa figura de linguagem foi usada para nos lembrar que, se o próprio portão tivesse uma mente (como os soldados tinham), essa mente balançaria nas dobradiças da vontade de Deus. A mente dos soldados dormia. O portão que não tinha uma mente se abriu. É assim que acontece — com ou sem mente — quando Deus quer fazer algo. Pedro não fez trabalho algum. Por isso, nenhum rei (e nenhum mero soldado, e nenhum mero portão) poderia parar Pedro – ainda não. Sua hora ainda não havia chegado.

O que há entre você e o chamado de Deus?

Depois, fiquei sentado por longo tempo apenas pensando. Portões. Fechaduras. Barras de ferro. Todos não têm mente, nem decisão, nem volição. Não podem decidir fazer nada. Quantos deles estão entre mim e o chamado de Deus para minha vida? Quantos desses obstáculos que não têm mente existem entre você e o chamado de Deus?

Um bom amigo acabara de ser hospitalizado com um ataque de vírus no coração. Isso é perigoso. Então, eu pensei e escrevi posteriormente: “Eu me esforço e oro por você no sentido de que esse vírus que não tem mente, como o portão, saia ‘automaticamente’ do seu caminho. Já conto com mais dez ou vinte anos de camaradagem na grande guerra, antes de prestarmos contas”.

Aqui está o ponto. Deus tem um plano bom para cada um de seus filhos. Sem exceções (Rm 8.28-30). Mas há inúmeras barras de ferro no caminho. Portões. Árvores caídas. Cânions. Talvez seja dinheiro. Talvez deficiência, câncer, vírus, envelhecimento, adversários hostis, falta de treinamento, desânimo, medo, raiva, políticas injustas, preconceito, perda de esperança.

Obstáculos que não têm mente não nos deterão

Mas esses obstáculos não têm mente própria. O portão não tinha. E esses obstáculos não têm. Por que essa história está na Bíblia? Para nos mostrar que, até que o bom propósito de Deus se realize para você, obstáculos físicos não nos deterão.

Os soldados não acordaram. As correntes de Pedro caíram. E o portão se abriu. O material sem mente obedece à mente de Deus. Estados sem mente obedecem à mente de Deus. Se Deus tem um bom propósito para você — e ele sempre tem — todo portão se abrirá automaticamente. Ou seja, não podemos abri-lo. Nós oramos. Nós agimos. E esperamos. O abrir pertence a Deus.

Confiemos nele juntos. Creiamos que não há portões trancados que ele não possa abrir. Creiamos que ele os abrirá, porque nos ama e tem um plano maravilhoso para nós, um plano que exalta a Cristo. Não olhe para o portão trancado e se desespere. Olhe para o portão trancado e diga: “Com licença, tenho trabalho a fazer”. Olhe para os soldados e diga: “Continuem dormindo”. E, então, siga em frente. Talvez você pense que está sonhando. Mas não está.

Por: John Piper. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: The Prison Gates Opened of Their Own Accord — Really?

© Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Tradutor: Francisco Wellington Ferreira. Editor e Revisor: Vinicius Lima.