Um blog do Ministério Fiel
O casamento é teologia na prática
Cada “Sim” é proferido com a esperança de que um amor devotado permanecerá
O trecho abaixo foi retirado com permissão do livro Quando pecadores dizem sim, de Dave Harvey, Editora Fiel
O casamento é teologia na prática
Começamos a desenvolver uma teologia de casamento clara, correta e bíblica. Entretanto, se o seu casamento se parece com o meu, você não vive a sua teologia em uma torre protegida contra problemas, num mundo de silêncio, paz e pensamentos profundos. Somos teólogos de rua, tentando exercitar nossa fé num mundo em que casais ficam furiosos e batem portas.
Portanto, tendo em mente as boas novas do evangelho – que Cristo veio ao mundo para salvar pecadores –, preciso fazer a pergunta trivial da semana… você ainda peca? E o seu cônjuge? Permita-me facilitar isso para você.
Homens, a mulher radiante em cujo dedo você colocou aquela aliança… é uma pecadora. Mulheres, o homem que lhe fez um juramento de perfeita fidelidade e de sacrifício vitalícios… é um pecador. Em cerimônias por todo o mundo, todos os dias, sem exceção, são pecadores que dizem: “Sim”. São pecadores que comemoram o décimo, o vigésimo quinto e quinquagésimo aniversário de casamento. São pecadores que dão o último beijo em seu cônjuge no leito de morte. É um pecador que escreve este livro. E são pecadores que o leem.
A luta diária contra o pecado salienta o fato de que, ao mesmo tempo que Cristo nos salva, ele não nos transforma imediata e completamente em não-pecadores. Esse processo glorioso começa no momento em que somos convertidos e continua durante toda a vida na terra, mas será finalizado apenas quando deixarmos este mundo caído.
É por isso que neste primeiro capítulo – e até no título do livro! – tenho procurado enfatizar e caracterizar a realidade do pecado. Deus está transformando a nós, pecadores. Esse processo de transformação aponta para uma finalidade gloriosa – tornar-nos mais parecidos com o seu Filho, nosso Salvador. Mas, para nos tornarmos mais parecidos com Cristo, devemos reconhecer o fato de que somos pecadores; sim, perdoados, mas ainda batalhando contra o ímpeto interior que nos desvia de Deus e nos faz confiar em nós mesmos.
Sem essa clareza bíblica, não há contexto para a cruz nem uma consciência permanente de que precisamos de graça e misericórdia. Sem uma forte perspectiva acerca do pecado, a própria noção do que significa conhecer a Deus é profundamente enfraquecida. Cornelius Plantinga fez a seguinte observação: “A verdade solene é que, sem uma revelação total do pecado, o evangelho da graça torna-se impertinente, desnecessário e, por fim, enfadonho”.3 Sem “uma revelação total do pecado”, uma autoconfiança cega nos estimulará a tentar fazer nosso casamento dar certo com base em nossa própria força. E qualquer coisa que tentamos fazer alicerçados em própria força não tem como alvo a glória de Deus, nem possui a vida proveniente da fonte do evangelho.
Se a sua lua-de-mel é uma recordação distante e seu casamento perdeu o fervor e o brilho; e caso você se pergunte como parou de chamar seu amado ou sua amada de “mamãe” ou “papai” (não somente na frente das crianças), pense o seguinte: será que você abandonou a ideia de que os problemas e fraquezas no casamento resultam da falta de informação, dedicação ou comunicação? Você encarou seus problemas como eles realmente são: causados por uma guerra em seu próprio coração?
Se você está lendo este livro durante o esplendor de uma lua-de-mel feliz, esta é uma boa ocasião para chegar perto do amor de sua vida e dizer-lhe suavemente: “Sou um grande pecador – e sou seu por toda a vida”.
É assim que praticamos a teologia no casamento.
Enquanto o pecado não for amargo, Cristo não será doce
Neste livro quero convencê-lo de que tratar do problema do pecado é a chave para um casamento bem-sucedido. Quando aplicamos o evangelho ao nosso pecado, ele nos dá esperança quanto à nossa vida pessoal e ao nosso casamento. As más novas conduzem às boas novas. Esta é a história da Bíblia e a história de nossa vida.
O grande pastor que mencionei no Prefácio era Thomas Watson. Lembra as palavras dele? “Enquanto o pecado não for amargo, Cristo não será doce”. Ele queria dizer que, enquanto não entendermos o problema, não experimentaremos a solução. O seu testemunho não é este? Você não tem percebido que, quanto mais compreende a extensão do horror do pecado, tanto mais rapidamente corre para o Salvador, revelado agora em uma nova maneira, em sua glória, santidade, beleza e poder?
Ver o nosso próprio pecado como a causa dos problemas em nosso casamento não é fácil e, certamente, não é algo que nos “ocorre de modo natural”. O pecado que permanece em nosso coração se opõe a Deus e ao seu povo. Impede nossa alegria e santidade. Obstrui casamentos bem-sucedidos e saudáveis que são testemunhos da bondade e da misericórdia de Deus.
Mas, quando edificamos nosso casamento na Palavra de Deus e no evangelho da vitória de Cristo sobre o poder do pecado; quando encaramos a triste, dolorosa e inegável realidade de nosso pecado; quando o vemos como a coisa amarga e odiosa que ele é e percebemos os seus traiçoeiros desígnios no centro de cada uma de nossas dificuldades de relacionamento, algo maravilhoso acontece. Buscamos o evangelho como a nossa única solução.
Então, começamos a perceber que há uma nova esperança para nosso casamento. Muita esperança. Esperança que vem do poder do evangelho, o mesmo poder que ressuscitou Cristo dentre os mortos. Temos um vislumbre do prazeroso relacionamento em que nosso casamento pode tornar-se – uma união vivificante e feliz em que os pecados são confessados e perdoados. Meus amigos, quando o pecado torna-se amargo, o casamento torna-se doce.
Muitos de nós temos sido entristecidos por casamentos que começaram agradáveis, mas não permaneceram assim, tal como aquela cerimônia de casamento que teria sido encantadora, se não houvesse a interrupção por parte daquele senhor. Cada “Sim” é proferido com a esperança de que um amor devotado permanecerá. Mas, como podemos ter certeza? Como podemos saber que o nosso casamento não somente durará, mas também prosperará, tornando-se mais prazeroso e mais agradável com o passar do tempo?
O que buscamos realmente é um casamento que prospere, brilhe cada vez mais, funcione, seja e pareça o que esperávamos no início – talvez vá até além do que esperávamos. Estou escrevendo este livro a fim de encorajar os casados a manterem um casamento agradável que glorifique a Deus. Minha esperança é que, ao ler estas palavras, você esteja buscando isso mesmo.