Um blog do Ministério Fiel
O Senhor é o nosso Pastor
O pastoreio e o senhorio de Deus nos Salmos
Introdução
O desafio da teologia é fazer justiça a todos os atributos de Deus revelados na Escritura.
– Herman Bavinck (1854-1921).[1]
Se nos recusarmos a honrar a Deus como Deus, toda nossa visão sobre a vida e o mundo torna-se distorcida.
– R.C. Sproul (1939-2017).[2]
O teólogo sistemático, visto que aspira sintetizar o ensino de toda a Bíblia, deve investir mais tempo com as Escrituras do que qualquer outra pessoa.
– John Frame.[3]
Como é bom poder aprender! Amo aprender com todos e em todas as circunstâncias. Acho fascinante o aprendizado “acidental”, aquele que surge sem que esperássemos ou buscássemos isso. Considero tudo isso um privilégio de grande relevância que Deus nos oportuniza em nossa vida cotidiana.
Viver, aprender e praticar
Podemos aprender com pessoas diferentes, coisas simples da vida, como um segredinho que nos possibilita furar a parede com uma furadeira elétrica sem deixar que uma quantidade maior de poeira caia no chão, como também, aprender algo sofisticado que nos transmita um princípio de vida que pode moldar e redirecionar a nossa perspectiva e comportamento.
Tenho tido o privilégio de aprender muitas coisas com meus colegas, familiares, irmãos, alunos, pessoas desconhecidas, leituras, analisando as minhas reações, observando o comportamento de pessoas, de alguns animais e assim por diante. Muito disso tem sido significativo para mim.[4]
É salutar aprender em lugares suspeitos (onde suspeitamos que vamos aprender) e, em lugares insuspeitos (onde não suspeitamos que podemos aprender algo). Confesso que por vezes, aprendo mais nos lugares insuspeitos, ainda que não necessariamente alguém quisesse me ensinar aqui e outros quisessem fazê-lo acolá… Mas, aprendamos com o que pretendem nos ensinar e com o que ninguém pensou em fazê-lo.[5] Considero um desperdício não usufruir de úteis e vitais ensinamentos que estão diante de nós e que, por vezes, por ingenuidade ou arrogante desinteresse, não percebemos.
Observo que ainda que seja admirável, em muitas circunstâncias, aprender positiva e negativamente com as experiências de outras pessoas – ou seja: como fazer ou não fazer, podendo, assim, evitar alguns dissabores desnecessários ou ganharmos tempo sem maiores tropeços –, tais experiências são intransferíveis.
Essas experiências, quando muito, podem compor parte de um quadro teórico de nossa mente, fazendo, portanto, sentido − já que as associamos ao que ouvimos ou lemos a partir de determinada fonte − às nossas outras experiências, ao que nos parece lógico e, também, não menos importante, ao grau de perda a que estarei exposto se insistir em contradizer tudo isso apenas para fazer um teste e experimentar o que aprendemos, mas, não estamos tão convencidos assim. Aprender e praticar tem o seu ônus próprio.
Dentro dessa perspectiva, posso me arriscar a fazer um churrasco com sal refinado ao invés do sal grosso, para ver se também funciona. Se der errado, estamos em família, e os seus membros e agregados são generosos em seus comentários conforme a fome que os domina especialmente por almoçar depois das 15h. Mas, dificilmente me arriscaria a pôr meus únicos e poucos recursos em um investimento para o qual os especialistas indicam a perda iminente. Obviamente, cada caso é um caso. É isso mesmo: o grau de perda é diferente nos dois exemplos. Junto a esses, poderíamos enumerar muitos outros mais.
Em síntese, as hipóteses, por mais simpáticos que sejamos a elas, se não estivermos dispostos a verificá-las ou testá-las, é melhor manter o princípio de não as passarmos aos outros como sendo verdade. Mexerico, ainda que feito com simpatia – aprecio o que estou difundindo –, tende a exalar aromas de nossa mais profunda natureza em sua estrutura intelectual[6] e espiritual.
Deste modo, repetir informações sem ter certeza e possibilidade de verificação é algo arriscado. O princípio de Lutero (1483-1546) nos parece óbvio: “É sempre melhor ver com os próprios olhos do que com os de outras pessoas”.[7]
No campo espiritual, por vezes, gostamos de afirmar supostas verdades objetivas sem termos a certeza de que aquilo se coaduna com a nossa situação ou, a tenhamos experimentado.
Há muitos que afirmam com a intimidade própria daqueles que creem no que asseveram: “Deus é pai”, “Deus é fiel”, ou: “O Senhor é o meu pastor”.
A partir daí inferem uma série de expectativas quanto à suposta ação que Deus, que como pai, deve fazer a nosso favor. As perguntas que, por exemplo, antecedem à primeira declaração deveria ser: Deus é Pai de quem? Dos seus filhos, é claro. Mas, quem são os filhos de Deus? Eu preencho o critério divino de filiação? (Jo 1.12; Gl 3.26). Tenho procurado pensar e viver como filho de Deus? (Rm 8.14). Esta certeza tão real em mim tem sido confirmada pelo Espírito? (Rm 8.16). Há em meu testemunho evidências concretas de minha filiação?[8]
Essas questões nos conduzem ao Salmo 23. Provavelmente ele seja o mais conhecido salmo das Escrituras. Também é um dos mais amados, memorizados e recitados. Certamente, juntamente com o a Oração do Pai Nosso, é uma das passagens mais lembradas da Bíblia.
A figura do pastor
Na Antiguidade o nome pastor é empregado de forma literal e figurada. White explica de forma simples: “Uma vez que, desde tempos remotos, a ocupação comum na Palestina era o pastoreio, o termo é fundamental para a descrição das pessoas do campo em todos os períodos da história”.[9]
Essa figura quando empregada para governantes, indica, por analogia, a sua responsabilidade de cuidado, proteção, paciência e honestidade para com o seu “rebanho”.[10] “O pastor devia cuidar incansavelmente dos animais indefesos. A devoção ao dever era posta à prova ao montar-se guarda sobre o rebanho, noite após noite, contra as feras e os salteadores. Neste aspecto, os pastores mercenários frequentemente decepcionavam os seus empregadores”, comenta Beyreuther (1904-2003).[11]
De fato, esta metáfora é bastante usada para juízes, sacerdotes, chefes do povo, príncipes e reis no Antigo Testamento, por vezes indicando a sua infidelidade (2Sm 5.2; 7.7; 1Cr 11.2; 2Cr 18.16; Jr 2.8; 3.15; 10.21; 22.2; 23.1-4; 25.32-38; Ez 34.1-9; Zc 10.3; 11.5,15-17; 13.7).
Nesses casos, entre os pagãos, a figura era associada às divindades e a governante. No caso, como aquele que deveria cuidar, guiar e proteger os que estão sob o seu comando. Tal utilização não se restringia à Palestina; antes, era comum, por exemplo, entre os babilônios, assírios, egípcios e gregos.[12]
Conforme atesta Homero, esse é um emprego comum também entre os gregos, que por vezes se referem aos líderes como “pastores do povo”.[13]
Em passagem extremamente curiosa, Deus se refere ao rei pagão, Ciro, que iria ser agente no cumprimento de sua vontade, como pastor: “Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do templo: Será fundado” (Is 44.28).
A figura do pastor aplicada a Deus
Ainda que talvez não tenhamos dado a devida atenção, no Antigo Testamento a figura de Deus como pastor não é exclusividade do Salmo 23.
Jacó na velhice, dias antes de morrer, recapitula o cuidado e a provisão de Deus:[14] “E abençoou a José, dizendo: O Deus em cuja presença andaram meus pais Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou (ra’ah) (pastoreou) durante a minha vida até este dia” (Gn 48.15/Gn 49.24).
O salmista Asafe o faz da mesma forma em sua súplica: “Dá ouvidos, ó pastor (ra’ah) de Israel, tu que conduzes a José como um rebanho; tu que estás entronizado acima dos querubins, mostra o teu esplendor” (Sl 80.1).
O Senhor apascenta seu povo (Sl 28.9). Israel é o rebanho do Senhor. O Senhor como Pastor vai à frente do seu rebanho guiando, protegendo e alimentando (Sl 23; 68.7).[15]
O profeta Isaías, bem antes do cativeiro de Judá, considera que Deus como pastor e senhor apascenta o seu rebanho, cuidando carinhosamente dele. Escreve então consolando o povo que seria tirado de sua terra: “Como pastor (ra’ah), apascentará (ra’ah) o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamentam ele guiará mansamente” (Is 40.11).
Posteriormente Jeremias e Ezequiel escrevem demonstrando que Deus como pastor busca suas ovelhas e ajunta o rebanho:
Ouvi a palavra do SENHOR, ó nações, e anunciai nas terras longínquas do mar, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor (ra’ah), ao seu rebanho. (Jr 31.10).
Como o pastor (ra’ah) busca o seu rebanho, no dia em que encontra ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; livrá-las-ei de todos os lugares para onde foram espalhadas no dia de nuvens e de escuridão. (Ez 34.12/Is 56.8; Zc 10.8).
A figura do pastor assume um status messiânico, apontando para aquele que viria como o Pastor, o “Davi Ideal”, da semente de Davi, que cuidaria definitivamente de seu povo:[16]
21 Visto que, com o lado e com o ombro, dais empurrões e, com os chifres, impelis as fracas até as espalhardes fora, 22 eu livrarei as minhas ovelhas, para que já não sirvam de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas. 23 Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor. 24 Eu, o SENHOR, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o SENHOR, o disse. (Ez 34.21-24).
22 Farei deles uma só nação na terra, nos montes de Israel, e um só rei será rei de todos eles. Nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos. 23 Nunca mais se contaminarão com os seus ídolos, nem com as suas abominações, nem com qualquer das suas transgressões; livrá-los-ei de todas as suas apostasias em que pecaram e os purificarei. Assim, eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. 24 O meu servo Davi reinará sobre eles; todos eles terão um só pastor, andarão nos meus juízos, guardarão os meus estatutos e os observarão. 25 Habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual vossos pais habitaram; habitarão nela, eles e seus filhos e os filhos de seus filhos, para sempre; e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente. (Ez 37.22-25).
No Novo Testamento Jesus Cristo encarna perfeitamente a figura do pastor, aplicando a si mesmo o texto de Zc 13.7:[17] “Então, Jesus lhes disse: Esta noite, todos vós vos escandalizareis comigo; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas” (Mt 26.31/Mc 14.27/Jo 10.11).
A igreja, desde bem cedo, reconheceu a Jesus como o seu Supremo e Bom Pastor que conduz as suas ovelhas em segurança (Hb 13.20; 1Pe 2.25; 5.4), inclusive, vocacionando e preparando seus pastores auxiliares para que cuidem do seu rebanho: A “Igreja de Deus” (At 20.28).[18]
Van Dam, exulta:
É maravilhoso ver que Deus usa essa imagem compassiva e positiva do pastor para descrever suas expectativas básicas para vários ofícios de liderança, incluindo o de presbítero. A mensagem é clara. O presbítero, ou ancião, juntamente com outros ofícios de liderança, como o rei, o profeta e o sacerdote, deveriam refletir características do supremo Pastor que é o Senhor.[19]
Magnitude do Salmo 23: Facilidade e dificuldade
Considerando a grande familiaridade e predileção da cristandade para com o Salmo, 23, estudá-lo é algo de grande enlevo. Expor, é algo fácil e ao mesmo tempo difícil.
Fácil porque é pequeno, vale-se de figuras corriqueiras nas Escrituras – pastor e ovelhas − e, também, porque quase sempre encontra ouvidos e olhos prazerosos.
O que torna difícil expô-lo é justamente a sua complexa simplicidade e, ao mesmo tempo, a sensação comum dos ouvintes e leitores de que já sabem o que vão ouvir e apreciam uma descrição mais ou menos detalhada – quanto mais, melhor – da vida das ovelhas com sua fragilidade e peculiaridades. Certamente não vou escapar em algum grau dessa abordagem ainda que não seja o meu ponto. Espero não decepcioná-lo com essa perspectiva já de início anunciada.
O Senhor do salmista
Quando comecei a pensar sobre o salmo 23, o li e reli diversas vezes por semanas em minhas devocionais. Ative-me ao texto sem o auxílio, do que seria no futuro tão oportuno, os comentários. Terminei por ser dominado pela ideia primeira do Senhor do salmista. Quem é o Senhor do salmista? Essa pergunta foi se formando e dominando a minha mente e aquecendo o meu coração.
A impressão que tenho é que, por vezes, na exposição desse salmo o falar no Senhor é apenas um detalhe que introduz a ovelha. É uma espécie de cerimônia religiosa moderna de casamento, onde, com frequência, o culto a Deus é apenas um pretexto para a entrada da especialmente bela noiva naquele dia, com suas vestes nupciais.
Mas, certamente não é essa a perspectiva do salmista e menos ainda o seu propósito.
Desse modo, quero começar a estudar esta belíssima e significativa passagem bíblica pela perspectiva do salmista a respeito da pessoa do Senhor não apenas nesse salmo, mas, no livro de Salmos. Serão apenas reflexões destinadas à igreja.
Fé com conhecimento
Creio ser um lugar comum afirmar que não adianta ter uma fé bonita e vigorosa em alguém que nada pode fazer, ou, que devido às muitas ocupações não pode nos escutar ou, não está interessado em nossos problemas. Portanto, conhecer o Deus com quem nos relacionamos é de vital importância.
Se não estivermos convictos da existência e do Ser de Deus como aquele que é Todo-Poderoso e cuida de nós, jamais poderemos experimentar a convicção do salmista e a paz resultante dessa teologia experimentalmente vivenciada. Só pode haver paz em nosso coração se estivermos convencidos do poder da graça operante de Deus.
No salmo 9,[20] Davi retrata algo que fazia parte amplamente de sua experiência. E, ainda mais. Aqui está embutida a compreensão de que o Senhor está acessível a todos os que lhe buscam sinceramente: “9O SENHOR é também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de tribulação. 10Em ti, pois, confiam os que conhecem (yada’)[21] o teu nome, porque tu, SENHOR, não desamparas os que te buscam (darash)[22]” (Sl 9.9-10).
No salmo 28 lemos a súplica do salmista: “Salva o teu povo e abençoa a tua herança; apascenta-o (ra’ah) e exalta-o para sempre” (Sl 28.9).
Analisemos biblicamente, especialmente no livro de Salmos quem é este Senhor com o qual o salmista se relacionava e com quem podemos e devemos nos relacionar a fim de podermos, de fato, ter a certeza subjetiva de quem é o nosso Rei e Pastor.
[1] Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a Criação, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 2, p. 98.
[2] R.C. Sproul, A Santidade de Deus, São Paulo: Cultura Cristã, 1997, p. 206.
[3]John Frame, Teologia Sistemática, São Paulo: Cultura Cristã, 2019, v. 1, p. 62.
[4] A observação de Warren aponta na mesma direção: “Eu prefiro admitir que não sei de tudo do que fazer de conta que sei de tudo e não aprender nada. Você pode aprender algo com qualquer pessoa” (Rick Warren, A batalha pela sua mente. In: John Piper; David Mathis, orgs. Pensar – Amar – Fazer, São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 30).
[5]Conforme tratei em outro lugar (Hermisten M.P. Costa, Introdução à cosmovisão Reformada: um desafio a se viver responsavelmente a fé professada, Goiânia, GO.: Cruz, 2017, p. 25ss.), temos matrizes que conferem determinado sentido à realidade por ela ser percebida como tal. A realidade é o que é, no entanto, nós a percebemos mediante contornos conferidos e mediados por nossa experiência. O nosso lugar social privilegia a nossa percepção. O que nos privilegia também nos delimita. Não somos oniscientes. Portanto, no que acreditamos, de certa forma, determina a construção de nossa identidade. Isto é válido dentro de uma perspectiva cultural como individual. Cada época é caracterizada por determinadas crenças as quais moldam a sua visão de mundo.
Todo conhecimento parte de um pré-conhecimento que nos é fornecido pela nossa condição ontologicamente finita e pelas circunstâncias temporais, geográficas, intelectuais e sociais dentro das quais construímos as nossas estruturas de conhecimento. Afinal, a humanidade atesta a sua humanidade. A criatura demonstra a sua condição. Não existe neutralidade existencial porque, de fato, não há neutralidade ontológica (Veja-se: H. R. Rookmaaker, A arte não precisa de justificativa, Viçosa, MG.: Ultimato, 2010, p. 39). Esta realidade pré-julgadora na maioria das vezes nos é imperceptível. O que pensamos determina a nossa visão e compreensão do objeto. Numa relação de conhecimento, o cérebro influencia mais o olho do que o olho ao cérebro. É por isso que a visão que tenho, ainda que tenha um forte elemento referente, é minha visão, com suas particularidades.
[6] “Deus, tendo designado o homem como criatura sociável, não o fez apenas com inclinação e necessidade para estabelecer camaradagem com os de sua própria espécie, mas o forneceu também com a linguagem, que passou a ser o instrumento mais notável e laço comum da sociedade. O homem, portanto, teve por natureza seus órgãos de tal modo talhados para formar sons articulados, que denominamos palavras. (…) Além de sons articulados, portanto, foi mais tarde necessário que o homem pudesse ter a habilidade para usar esses sons como sinais de concepções internas, e fazê-los significar as marcas das ideias internas de sua própria mente, pelas quais elas serão conhecidas pelos outros, e os pensamentos das mentes dos homens serão mutuamente transmitidos” (John Locke, Ensaios acerca do entendimento humano, São Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, v. 19), 1974, III.1. §§ 1-2, p. 227. Veja o comentário feito por Leibniz: G.W. Leibniz, Novos ensaios, São Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, v. 19), 1974, III.1, p. 167-168).
[7]Martinho Lutero, Conversas à mesa, Brasília, DF.: Monergismo, 2017, # 33, p. 28.
[8]Desenvolvi esse assunto em meu livro, Hermisten M.P. Costa, O Pai Nosso, São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
[9] Willian White, Rã‘â: In: R. Laird Harris, et. al., eds. Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 1438.
[10] Cf. Louis Jonker, Rhl: In: Willem A. VanGemeren, org., Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 3, [p. 1132-1137], p. 1134-1135;
[11] E. Beyreuther, Pastor: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1981-1983, v. 3, [p. 469-474], p. 470.
[12] Cf. E. Beyreuther, Pastor: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1981-1983, v. 3, [p. 469-474], p. 469; J. Jeremias, poimh/n, etc.: In: G. Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, 8. ed. Grand Rapids, Michigan: WM. B. Eerdmans Publishing Co., (reprinted) 1982, v. 6, [p. 485-502], p. 486-487; G. Wallis, Ra’ah: In: G.J. Botterweck, Helmer Ringgren, eds., Theological Dictionary of the Old Testament, Grand Rapids, MI.: Eerdmans, © 2004, v. 13, [p. 544-553], p. 547-549.
[13] “Pois já eu com homens mais valentes que vós me dei — e nunca esses me desconsideraram. De resto nunca homens assim eu alguma vez verei: homens como Pirítoo e Driante, pastor do povo; Ceneu e Exádio e o divino Polifemo” (Homero, Ilíada, São Paulo: Companhia das Letras (Penguin), 2013, I.260-264).
“Por seu lado se levantaram e obedeceram ao pastor do povo os reis detentores de cetro; e por seu lado se apressava o povo” (II.85-86).
“Hermes soberano, que o deu a Pélope, condutor de cavalos; por sua vez de novo o deu Pélope a Atreu, pastor do povo” (II.104-105).
“Assim falou Tersites, insultando Agamêmnon, pastor do povo” (II.243)
“Mas ele encontrava-se junto das naus recurvas, preparadas para o alto-mar, encolerizado contra Agamêmnon, pastor do povo, filho de Atreu” (II. 771-773).
[14]“O idoso pastor reconhece o pastoreio especial de Deus em sua vida” (Bruce K. Waltke, Comentando o Antigo Testamento: Gênesis, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, (Gn 48.15) p. 747). Veja-se: Cornelis Van Dam, O Presbítero, São Paulo: Cultura Cristã, 2019, p. 30.
[15] “Ao saíres, ó Deus, à frente do teu povo, ao avançares pelo deserto” (Sl 68.7). “Como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamentam ele guiará mansamente” (Is 40.11).
[16] “Ora, quem pode ser esse Davi senão Cristo? Qual Davi é príncipe eternamente, senão aquele que é o filho de Davi e o Senhor de Davi? Consequentemente, ele é chamado de a Raiz e a Geração de Davi. Ele é sua Raiz como Deus, sua Geração como homem que dele descende. É evidente que, por Davi, se pretende indicar Cristo” (Matthew Meade, Sermons, 104-105. In: Carl L. Beckwith, Comentário Bíblico da Reforma – Ezequiel e Daniel, São Paulo: Cultura Cristã, 2014, p. 225). “’Davi’ não pode ser uma referência a Zorobabel, pois Zorobabel não foi rei. Mesmo que tivesse sido rei, o fato é que ele não foi príncipe deles para sempre, como é dito deste ‘Davi’. ‘Davi’, aqui, é uma referência a Cristo, como ocorre com frequência na sagrada Escritura (Ez 34.23; Os 3.5; Is 37.35; 2Rs 19.34; Jr 30.9” (William Greenhill, Exposition, 750. In: Carl L. Beckwith, Comentário Bíblico da Reforma – Ezequiel e Daniel, São Paulo: Cultura Cristã, 2014, p. 224). Bauer sustenta a mesma posição quanto ao fato do texto se referir messianicamente a Jesus Cristo. (J.B. Bauer, Pastor: In: Johannes B. Bauer, Dicionário de Teologia Bíblica, 4. ed. São Paulo: Loyola, 1988, v. 2, [p. 821-823], p. 821).
[17] “Desperta, ó espada, contra o meu pastor e contra o homem que é o meu companheiro, diz o SENHOR dos Exércitos; fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas; mas volverei a mão para os pequeninos” (Zc 13.7).
[18] A igreja não foi instituída por causa de nossa vocação e trabalho, a fim de atender uma demanda, como um bairro que cria uma praça com brinquedos a fim de atender a carência de lazer em uma região populosa e com poucos recursos. Antes, nós fomos chamados para servir a Deus por meio da igreja. De outro modo, nós existimos para o bem da igreja. O povo que nos foi confiado pertence a Deus que é o Senhor da Igreja (1Pe 5.3). Não há como servir positivamente à igreja sem nos tornarmos servos da sua Palavra. Essa fidelidade prazerosa proporciona frutos magníficos para a igreja porque Deus é misericordioso nos chamando, equipando e abençoando o nosso, por vezes, rude e frágil trabalho.
[19]Cornelis Van Dam, O Presbítero, São Paulo: Cultura Cristã, 2019, p. 27. Por sua vez, continua Van Dam: “Os portadores de ofício, como os estabelecidos sobre o rebanho, devem imitar esse amor pastoral. Na verdade, eles precisam fazer ainda melhor. Eles precisam adotar o padrão do amor de Deus, seu interesse pelo rebanho como o interesse de Deus para com seu povo. Afinal, o Senhor Deus é o Pastor das ovelhas, e o padrão de trabalho dos portadores de ofício. E ele quem dá aos diferentes ofícios de seus pastores auxiliares seu conteúdo e significado. Eles devem representar e refletir os desejos, os critérios e os interesses de Deus. É a agenda do Senhor que eles devem promover” (Cornelis Van Dam, O Presbítero, São Paulo: Cultura Cristã, 2019, p. 29).
[20] Para um estudo mais detalhado desse salmo, veja-se: Hermisten M.P. Costa, O homem no teatro de Deus: providência, tempo, história e circunstância, Eusébio, CE.: Peregrino, 2019, p. 421-433.
[21] ([d;y”) (yada’). Este conhecimento envolve a capacidade de discernir (Sl 4.4), experimentar (Sl 9.11; 20.7; 25.4.14; 119.75; 139.1,2,4; 139.14), ver (Sl 16.11); pensar/perceber (Sl 35.8); perfeito conhecimento (Sl 37.18; 44.21; 50.11; 69.5; 94.11; 103.14; 139.23; 142.3); conhecimento íntimo e pessoal (Sl 51.3); intimidade/proximidade (Sl 55.13; 88.18); compreender (Sl 73.16); aprender (Sl 78.3); ensinar (Sl 90.12); fazer notório/manifestar (Sl 98.2; 103.7; 145.12).
[22] A ideia básica do termo (vrD) (darash) é buscar com diligência: “Moisés diligentemente buscou (vrd) (darash) o bode da oferta pelo pecado” (Lv 10.16). Além do sentido de “buscar” (Lv 10.16; Sl 22.26; 24.6 [duas vezes]; Sl 53.3), pode ser traduzida por: Requerer (Dt 23.22; Sl 9.12); cuidar (Dt 11.12); investigar (Sl 10.4); se importar (Sl 10.13); esquadrinhar (Sl 10.15); procurar (Sl 77.2); considerar (Sl 111.2); empenhar-se (Sl 119.45); interessar-se (Sl 142.4). (Vejam-se mais detalhes em: Leonard J. Coppes, Dãrash: In: R. Laird Harris, et. al., eds. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 328-329).