Um blog do Ministério Fiel
Salmo 32: A Misericórdia que nos assiste – (parte 34)
Considerações finais da série (parte 2/2)
Continuação…
9)Alegria em Deus por sermos declarados justos (Sl 32.1,2,11). A justiça que temos não é originariamente nossa, antes, foi-nos imputada por Cristo.
A doutrina da justificação pela graça mediante a fé é o ponto capital onde se fundamenta a fé cristã e, consequentemente, a nossa relação com Deus.[1] Uma expressão inspirada nos escritos de Lutero, referindo-se à justificação, como “o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai”, era comumente usada no século XVII por teólogos luteranos e reformados.[2]
A doutrina da justificação é a “artéria da graça”,[3] pela qual flui os demais privilégios da vida cristã. Devemos deixar claro que o fundamento de nossa justificação não é a fé, mas a justiça de Cristo que é imputada a nós pela fé.[4] Diante da santidade e majestade de Deus quem, em sã consciência, honesta e sensatamente ousaria se considerar justo? E mais: O Deus santo não pode receber nem ter comunhão com um pecador.[5]
O salmista, já sabendo a resposta, pergunta: “Se observares (shamar), SENHOR, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá?” (Sl 130.3). Ele não se ilude. Sabe que o escrutínio de Deus é perfeito. Quem passaria ileso? Quem pode dizer diante de Deus que não tem pecado?
Davi suplica: “Não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não há justo nenhum vivente” (Sl 143.2).
Elifaz indaga: “Seria, porventura, o mortal justo diante de Deus? Seria, acaso, o homem puro diante do seu Criador? Eis que Deus não confia nos seus servos (anjos)[6] e aos seus anjos atribui imperfeições”[7] (Jó 4.17-18).
O “observar” (shamar) de Deus (Sl 130.3), tem o sentido aqui de “observar diligentemente”, “verdadeiramente atentar”, “prestar muita atenção em”; uma rígida e judiciosa observação das faltas com o objetivo de prestar contas, como em Jó: “Se eu pecar, tu me observas (shamar);[8] e da minha iniquidade não me perdoarás” (Jó 10.14).[9]
Esta é a situação do homem finito diante do Deus infinito: a sua grandeza e senso de perfeição e de justiça são como nada diante do Deus santo e perfeito. A grandeza de Deus revela a pequenez de nossas perspectivas. Moisés escreve: “Diante de ti puseste as nossas iniquidades e, sob a luz do teu rosto, os nossos pecados ocultos” (Sl 90.8).
Davi, consciente dos limites do seu próprio escrutínio, escreve: “Quem há que possa discernir (biyn) as próprias faltas (shegiy’ah)(= erros)? Absolve-me das que me são ocultas” (Sl 19.12). A palavra faltas (shegiy’ah) está geralmente associada aos pecados cometidos inconscientemente. Daí a dificuldade de discernir tais faltas.
Entretanto, a suposta ignorância não inocenta o infrator. O não ter percebido a indicação de contramão em determinada rua não invalida a possibilidade da multa caso seja flagrado ou, pior, de ter causado um grave acidente.
O conhecimento da Palavra dá-nos maior sensibilidade espiritual. Por isso mesmo, temos maior consciência de nossos pecados e, ao mesmo tempo, sabemos das limitações do tribunal de nossa consciência.[10]
A minha consciência é um elemento importante em meu progresso espiritual, ainda que não seja o tribunal definitivo.[11] No entanto, Deus nos conhece perfeitamente. Ele tem o perfeito discernimento do que somos e pensamos.
O salmista sabe que é pecador, ainda que por vezes involuntariamente. Tem consciência de que Deus o conhece perfeitamente. No entanto, sabe que o seu Deus além de onisciente, é um Deus santo, cujo padrão é a sua perfeita santidade.
Os nossos pecados sempre são uma afronta à santidade de Deus. Eles precisam ser expiados. Contudo, como fazê-lo adequada e completamente se sou pecador e a minha dívida parece aumentar sempre?
Davi, consciente disso, roga o perdão de Deus: “Absolve-me (naqah) (= tornar isento, ficar livre) das que me são ocultas (cathar)” (Sl 19.12). Ele recorre a Deus porque somente ele pode perdoar nossas faltas.[12]
Como então, Deus pode nos considerar justos, sendo ele Santo? Como pode o homem pecador tornar-se justo aos olhos de Deus? Deus diminuiu o seu padrão legal?
Calvino (1509-1564) apresenta a resposta. Faço duas citações mais longas:
Lemos que justificado diante de Deus é aquele que, ao juízo de Deus, não só é considerado justo, mas que também foi aceito em razão de sua justiça, porque, como a iniquidade é abominável à vista de Deus, assim o pecador não pode achar graça a seus olhos, na qualidade de pecador e por quanto tempo for tido como tal. Consequentemente, onde quer que haja pecado, aí também se manifesta a ira e vingança de Deus. Portanto, justificado é aquele que não é tido na conta de pecador, mas de justo, e por esse título se posta firme diante do tribunal de Deus, onde todos os pecadores se prostram abatidos. Da mesma forma, se um inocente acusado for levado perante o tribunal de um juiz imparcial, depois de ser julgado segundo sua inocência, se diz que foi justificado diante do juiz; assim é justificado diante de Deus aquele que, excluído do número dos pecadores, tem a Deus por testemunha e arauto de sua justiça. (…) Será justificado pela fé aquele que, excluído da justiça das obras, apreende pela fé a justiça de Cristo, revestido da qual aparece perante Deus não como pecador, mas, pelo contrário, como justo. Portanto, interpretamos a justificação simplesmente como a aceitação mercê da qual, recebidos à sua graça, Deus nos tem por justos. E dizemos que ela consiste na remissão dos pecados e na imputação da justiça de Cristo.[13]
Daqui se conclui também isto: unicamente pela intercessão da justiça de Cristo é que logramos ser justificados diante de Deus. Isso equivale exatamente se fosse dito que o homem não é inerentemente justo; pelo contrário, visto que a justiça de Cristo se comunica com ele por imputação, o que é digno de acurada consideração. Porque desse modo se desvanece aquela fútil fantasia, segundo a qual o homem é justificado pela fé enquanto por ela recebe o Espírito de Deus, com o qual é feito justo. Isto é tão contrário à doutrina exposta, que jamais poderá estar de acordo com ela. Ora, sem sombra de dúvida, que quem deve buscar a justiça fora de si mesmo se encontra desnudo de sua própria justiça. (…) [2Co 5.21]. Vês que nossa justiça não está em nós, mas em Cristo; que entramos na posse desse direito somente porque somos participantes de Cristo, pois que com ele possuímos todas as suas riquezas. (…) Pois, mercê desse direito, Cristo, o Senhor, compartilha conosco sua justiça, de sorte que, no que concerne ao juízo de Deus, de certa maneira maravilhosa ele transmite seu poder.[14]
Certamente que não podemos baratear o perdão de Deus. Devemos nos lembrar de que o perdão gratuito de Deus custou o preciso sangue de seu Filho.
Perdoar significa considerar o devedor como se não houvesse ofendido em nada. Não lhe imputar nenhuma dívida. Após o perdão, o devedor deixou de sê-lo, tornou-se uma pessoa, sem adjetivos nesse sentido. Tanto a ofensa como o perdão já não contam mais. Com o perdão de Deus o nosso relacionamento com ele é restabelecido. O perdão de Deus, longe de minimizar o pecado e a sua gravidade, antes, realça a misericórdia de Deus.[15]
A Palavra de Deus nos diz que todos pecaram (Rm 3.23). Por outro lado, temos no Novo Testamento a declaração explícita que vale para todas as épocas. que em Cristo Jesus somos justificados, sendo perdoados de todos os nossos pecados.[16]
O perdão é um favor de Deus, uma prerrogativa sua, não algo a que temos direito por nossos merecimentos. Daniel, diz: “Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão” (Dn 9.9/Sl 130.4).
“Deus (…) é rico em perdoar” (Is 55.7). Portanto, “Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo” (Sl 32.2).
Grider (1921-2006) nos chama a atenção para o fato de que “nenhum livro de religião, a não ser a Bíblia, ensina que Deus perdoa completamente o pecado”.[17]
No Novo Testamento, Paulo estabelece um contraste entre a “graça” e as “obras”: “E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (Rm 11.6). “Méritos humanos estão excluídos de todo o plano da salvação”, enfatiza Plumer (1802-1880).[18]
“Deus (…) é rico em perdoar” (Is 55.7). Portanto, “Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo” (Sl 32.2). Alegremo-nos no Senhor! (Sl 32.11).
10) A certeza de quão relevante é a pureza de coração e a prática da justiça (Sl 32.11).
“Não presumas de tua justiça para alcançar o reino, não presumas da misericórdia de Deus para continuar a pecar”, escreveu sabiamente Agostinho (354-430).[19] O perdão não é um credenciamento para a prática do pecado, mas, para o buscar viver em retidão e justiça.
11) O desejo de ensinar aos homens para que eles não cometam os mesmos pecados: “Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário. Então, ensinarei aos transgressores (pâsha‛) os teus caminhos, e os pecadores se converterão a ti” (Sl 51.12-13).
O Salmo 32 é parte do cumprimento do que Davi prometera no Salmo 51.
13) Davi depois de toda essa provação saiu fortalecido em sua fé. Como um bem-aventurado perdoado por Deus (Sl 32.1,2), conclui o salmo regozijando-se no Senhor: “Alegrai-vos no Senhor e regozijai-vos, ó justos; exultai, vós todos que sois retos de coração” (Sl 32.11).
14) O Livro de Salmos se inicia com a uma instrução permanente que prefacia todos os salmos: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho (hc'[e)(etsah) (caminho, concílio, desígnio) dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (Sl 1.1).
O salmista, contrariamente aos ímpios, tem na Palavra de Deus alegria e conselho: “Com efeito, os teus testemunhos são o meu prazer (thaphets), são os meus conselheiros (etsah)” (Sl 119.24)
O homem que se compraz na lei do Senhor é bem-aventurado. Parte da bem-aventurança já é o deleite na Palavra de Deus: “Aleluia! Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR e se compraz (thaphets) nos seus mandamentos” (Sl 112.1).
Por mais prazeroso que seja o estudo da Palavra e o maravilhar-se com a majestade de Deus revelada e a sua instrução, nem sempre temos o discernimento correto na aplicação desta lei absoluta aos nossos dilemas cotidianos. Daí a oração do salmista: “Guia-me pela vereda dos teus mandamentos, pois nela me comprazo (thaphets)” (Sl 119.35).
É preciso que cultivemos o hábito de meditar na Palavra e descobrir dentro de um processo de aprendizado, o prazer em cumpri-la: “Agrada-me (thaphets) fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei” (Sl 40.8).
A Palavra de Deus sempre será doce para aqueles que querem agradar a Deus confiando nas suas promessas. “Mais me regozijo com o caminho dos teus testemunhos (`eduth) do que com todas as riquezas” (Sl 119.14).
O salmista descreve a sua experiência; como a sua familiaridade prazerosa com a Palavra de Deus o preservou num momento de grande angústia: “Não fosse a tua lei ter sido o meu prazer (thapets), há muito já teria eu perecido na minha angústia” (Sl 119.92).
Na angústia, muitos dos mitos de nosso pensamento e de nossa imaginação desaparecem. Percebemos então, para nossa tristeza, que muito do que críamos e propalávamos nada tem a dizer de relevante e significativo naquelas circunstâncias; eram pensamentos vãos, vazios de conteúdo e, por isso mesmo, irrelevantes.
Descobrimos, então, a grandeza e praticidade da Palavra; no seu conselho encontramos a disciplina educativa de Deus, as suas promessas passam a fazer sentido para nós; é como se um novo mundo se descortinasse à nossa frente. Pela Palavra não perecemos na angústia, antes, saímos fortalecidos em nossa fé, mais confiantes no Deus da Palavra e em suas promessas.
O prazer na Palavra faz com que direcionemos nossos pensamentos e corações para ela. Ao invés de alimentarmos mágoas, ressentimentos e desejos de vingança, buscamos na Palavra, que é o nosso prazer, o suprimento para as nossas necessidades e a orientação em nossas decisões.
A vontade de Deus sempre será agradável àqueles que desejarem viver em comunhão com Ele. Portanto, quando oramos para que Deus concretize o seu propósito, estamos dizendo: Senhor, faze a tua vontade, pois sei que à medida que eu me consagrar a ti, mais prazer terei na tua Palavra, mais agradável ela será a mim, como é para ti.
Contrastando com o a atitude de seguir o conselho dos ímpios, deparamo-nos com a certeza de que a instrução de Deus é segura. Os conselhos de Deus têm sentido para o tempo, em todas as circunstâncias próprias de nossa finitude, e para nos conduzir em segurança à eternidade, quando o Espírito será tudo em todos: “Tu me guias com o teu conselho (‘etsãh) e depois me recebes na glória” (Sl 73.24). A Palavra de Deus é um “guia seguro para o céu”!
No livro de Salmos temos uma anatomia da alma feita de forma perfeita pelo Senhor que nos criou e nos conhece perfeitamente. Nas Escrituras encontramos a demonstração da misericórdia de Deus cercando os seus servos, nos instruindo, corrigindo e nos educando de forma restauradora à sua comunhão, conduzindo-nos graciosamente ao modelo perfeito de seu Filho, Jesus Cristo, o nosso Senhor. (Rm 8.29-30).
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[1] Veja-se: João Calvino, As Institutas, III.11.1. Turretini diz que ela é “a principal plataforma da religião cristã” (François Turretini, Compêndio de Teologia Apologética, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 2, p. 757). “A doutrina da justificação pela graça é o âmago da fé cristã” (Franklin Ferreira; Alan Myatt, Teologia Sistemática, São Paulo: Vida Nova, 2007, p. 812). “…. é a própria estrutura e o pilar do cristianismo. Um erro sobre a justificação é algo perigoso, como um defeito em uma fundação. A justificação dada por Cristo e a fonte da água da vida” (Thomas Watson, A Fé Cristã, estudos baseados no breve catecismo de Westminster, São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p. 264).
[2]Em 1677, Owen (1616-1683) escreveu: “Em minha opinião, Lutero falou a verdade quando disse: “Amisso articulo justificationis, simul amissa est tota doctrina Christiana”. E eu gostaria que ele não tivesse sido um profeta verdadeiro, quando predisse que nas eras seguintes sua doutrina seria novamente obscurecida….” (John Owen, The Doctrine of Justification by faith, p. 67: In https://ccel.org/ccel/owen/just/just.iv.viii.html (Consulta feita em 29.12.2022). Vejam-se: Alister E. McGrath, Lutero e a Teologia da Cruz, São Paulo: Cultura Cristã, 2015, p. 41-42; W. Robert Godfrey, Calvino e o Concílio de Trento: In: Michael Horton, org., Cristo o Senhor: A Reforma e o Senhorio da Salvação, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000, p. 115. Fazendo eco a esta expressão, mais tarde escreveria Bavinck: “A justificação é a doutrina sobre a qual a igreja fica de pé ou cai. Ou devemos fazer alguma coisa para sermos salvos ou nossa salvação é puramente um dom da graça. Deus não coloca de lado a lei que nos julga adequadamente; somente porque Cristo suportou a ira de Deus nós somos reconhecidos como justos nele” (Herman Bavinck, Dogmática Reformada, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 4, p. 180-181). (Do mesmo modo: John Murray, Redenção: Consumada e Aplicada, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1993, p. 136).
[3] Devo esta expressão a Kuyper (Abraham Kuyper, A Obra do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 329).
[4]“A fé não é a base da justificação; se o fosse, a fé tornar-se-ia uma obra meritória. (…) De acordo com Paulo, não é sobre a nossa fé, mas sobre a retidão de Cristo, que a nossa justificação está alicerçada” (J.I. Packer, Vocábulos de Deus, São José dos Campos, SP. Fiel, 1994, p. 130,131). Veja-se: Herman Bavinck, Dogmática Reformada, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 4, p. 217ss.; p. 266.
[5]Veja-se: Thomas Watson, A Fé Cristã, estudos baseados no breve catecismo de Westminster, São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p. 266.
[6] Aqui não indica o pecado dos anjos; antes, que Deus realiza as suas próprias tarefas essenciais.
[7]BJ: “Verbera o erro”; ACR: “Atribui loucura”. “O significado da palavra traduzida imperfeições no v. 18b, que ocorre somente aqui, é totalmente desconhecido, e tem dado origem a muitas conjecturas e emendas” (Francis I. Anderson, Jó: Introdução e Comentário, São Paulo: Mundo Cristão; Vida Nova, 1984, (Jó 4.18), p. 112).
[8]Vejam-se: Hermann J. Austel, Shama’: In: R. Laird Harris, et. al., eds. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 1585-1587; Keith N. Schoville, Smr: In: Willem A. VanGemeren, org., Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 4, p. 181-183.
[9] Do mesmo modo: “Ainda que eu seja justo, a minha boca me condenará; embora seja eu íntegro, ele me terá por culpado” (Jó 9.20). “….observas (rm;v’) (shamar) todos os meus caminhos e traças limites à planta dos meus pés” (Jó 13.27).
[10] “Faríamos bem em relembrar que, fazendo de nosso conhecimento e de nossa consciência miseravelmente imperfeitos e a medida de nossa pecaminosidade, estamos pisando em terreno perigoso” (J.C. Ryle, Santidade, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 1987, p. 23).
[11]“A consciência não é um tribunal celestial, porém é o mais elevado tribunal terreno, pois é o sistema de alerta da alma” (John MacArthur, Certezas que impulsionam um ministério duradouro: In: John Piper; Justin Taylor, eds. Firmes: um chamado à perseverança dos santos, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2010, p. 70).
[12]O verbo está no piel. Neste modo, sempre Deus é o sujeito da ação. (Veja-se: Milton C. Fisher; Bruce K. Waltke, Nãqâ: In: R. Laird Harris, et. al., eds. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 998.
[13] João Calvino, As Institutas, III.11.2.
[14] João Calvino, As Institutas, (2006) III.11.23.
[15] “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro” (Is 43.25). “Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi” (Is 44.22). “Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade, e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades, e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (Mq 7.18-19). “….Perdoarei as suas iniquidades, e dos seus pecados jamais me lembrarei” (Jr 31.34). (Vejam-se: Is 55.7; Jr 5.1; 33.8; Ez 36.25).
[16] “Se Deus perdoasse o pecado sem contudo ministrar sua justiça, deixaria de ser Deus. A maravilha deste plano é que Deus, ao colocar os nossos pecados sobre Cristo e ao tratar deles punindo-os em Cristo, pode perdoar-nos e ainda ser justo. Ele puniu o pecado, não o esqueceu, não o ignorou” (D.M Lloyd-Jones, Salvos desde a Eternidade, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2005 (Certeza Espiritual: v. 1), p. 53).
[17] J.K. Grider, Perdão: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, São Paulo: Vida Nova, 1990, v. 3, p. 136. Esta declaração não entra em conflito com o fato de que os deuses dos povos do Antigo Testamento eram aplacados em sua ira e esta consciência de “perdão” era testemunhada pelos seus adoradores. (Cf. J. Scharbert, Perdão: In: Heinrich Fries
, (direção de), Dicionário de Teologia, 2. ed. São Paulo: Loyola, 1987, v. 4, p. 229-230). Contudo, um exemplo explícito de um “deus” declarando o perdão absoluto parece ser estranho à literatura antiga, fora da Bíblia.
[18] William S. Plumer, Psalms, Carlisle: The Banner of Truth Trust, 1978, (Reprinted), (Sl 130.4), p. 1125.
[19]Agostinho, Comentário aos Salmos, São Paulo: Paulus, 1997, v. 1, Sl 31, “II. Sermão ao Povo”, p. 350.