Um blog do Ministério Fiel
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Oi Pastor John. Minha pergunta é sobre 1 Pedro 3:15. Várias traduções da Bíblia falam que devemos honrar a Cristo como Senhor em nossos corações. “Glorifique ao Senhor no seu coração”, “Honre a Cristo no seu coração”. “Louve a Cristo como o Senhor da sua vida”. “No seu coração reverencie Cristo como Senhor”. Então temos Honra, Santificação, Louvor e Reverência. Como aplicar isso na minha vida hoje?
Esse trecho da Bíblia de 1 Pedro 3:14-16, tem um lugar especial no meu coração porque me faz lembrar quando preguei sobre ele durante meus primeiros meses no Ministério Pastoral, em 1980. Foi o meu primeiro contato com essa passagem, eu pensei comigo mesmo, “Eu quero fazer isso. Eu quero contar essa história”, achei tão marcante que nunca esqueci. Ela destaca o que também era um ponto importante da pergunta do nosso ouvinte, sobre como entender o versículo 15, “Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração.” nosso ouvinte queria saber o que essa frase significava naquele contexto e na vida de cada um de nós.
Então, vamos começar a com o versículo 14.
“Todavia, mesmo que venham a sofrer porque praticam a justiça, vocês serão felizes. “Não temam aquilo que eles temem, não fiquem amedrontados.” Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que pedir a razão da esperança que há em vocês.
Três observações trazem clareza ao versículo 15 – a primeira parte, que tem a ver com a pergunta de Davi: “Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração.”.
Santificar Cristo?
A primeira observação é sobre as palavras usadas aqui e como traduzir cada uma delas. A tradução literal: “O Senhor Jesus Cristo santificado em seus corações”. Então, santifiquem ao Senhor Jesus Cristo em seus corações.
A palavra santificar é a palavra que está por trás de todas as traduções – adorar a Cristo, reverenciar a Cristo, honrar a Cristo como Santo – e todas elas estão tentando evitar a palavra santificar, provavelmente porque geralmente pensamos em santificar como vencer o pecado e nos tornarmos mais semelhante a Cristo. Isso não funciona quando estivermos falando sobre santificar a Deus. Soa estranho, então outras palavras são escolhidas para tentar tornar o significado mais claro.
Mas a palavra santificar, em sua raiz, significa “separado para algum propósito sagrado” ou “consagrado”. E quando se refere a Deus, certamente envolve reverenciar, honrar, adorar, reconhecer sua santidade – sua pureza transcendente – e sentir a beleza, a grandeza e a preciosidade dessa santidade. Portanto, todas essas traduções contêm elementos dessa verdade. E penso que “honrar a Cristo como santo” é o mais próximo que podemos chegar de “santificar a Cristo” – isto é, reconhecer Deus como puro, belo, valioso e terrível no bom sentido. Vou falar sobre isso daqui a pouco.
Sem medo e esperançoso
Agora preste atenção a segunda maneira de entender o que diz o versículo 15, “santifiquem Cristo como Senhor em seu coração”. Vamos analisar por vários ângulos: Logo no início temos: “não fiquem amedrontados.”, se referindo aos perseguidores. Logo depois lemos, “Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração.”. Então, “Santificar Cristo como Senhor” é de alguma forma uma alternativa ao medo, ter medo daqueles que perseguem.
Depois disso, no versículo 16, lemos: “. . . Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que pedir a razão da esperança que há em vocês.”. Portanto, parece que na mente de Pedro a instrução de honrar a Cristo, o Senhor, como santo, seria um meio de ajudar a cada um de nós a estar preparado para compartilhar a razão da esperança que temos.
Então, ele diz: “Não tenha medo de seus perseguidores”, e logo depois afirma: “Esteja preparado para dizer o porquê de você ter esperança”. E ainda afirma: “Honre a Cristo, o Senhor, como santo”. Então agora podemos entender porque ele se refere primeiro a não ter medo e menciona a esperança logo em seguida.
Chave de Isaías
Agora passamos a terceira observação. E em 1980 isso que vou compartilhar era novidade para mim. Eu nunca tinha percebido essas conexões. A chave que me conduziu ao entendimento deste texto bíblico é uma citação de Isaías 8:12–13. Então, aqui está o que Pedro leu em Isaías e que foi relevante para ele ao ponto de o levar a mencionar em outro contexto. Escute o que Isaías 8:12 diz: “Não chamem conspiração a tudo o que esse povo chama conspiração; não temam aquilo que eles temem, nem se apavorem.”.
Agora, na Septuaginta, no Antigo Testamento grego, essas últimas palavras são as palavras exatas que Pedro usa para dizer a seus leitores para não terem medo ou ficarem incomodados com seus perseguidores. Essa é uma citação direta. No versículo 13 de Isaías 8, “O Senhor dos Exércitos é que vocês devem considerar santo,”, se formos estudar os originais do grego vamos encontrar essa mesma palavra. “Santifica o Senhor, Yahweh” — não Jesus, mas Yahweh, que ele aplicará a Jesus. “ a ele é que vocês devem temer, dele é que vocês devem ter pavor. Para os dois reinos de Israel ele será um santuário”.
Agora, Pedro toma estas palavras, “não temam aquilo que eles temem, nem se apavorem.” e ele as cita no versículo 14. “Não temas estes perseguidores alardeados ao teu redor”. E então ele vê que a solução que Isaías dá para nunca temer o homem é um santo temor de Deus: “O Senhor dos Exércitos é que vocês devem considerar santo, a ele é que vocês devem temer, dele é que vocês devem ter pavor.“. E em vez de honrar o Yahweh como santo, Pedro diz para honrar o Senhor Jesus Cristo como santo.
“Quando você temer mais a possibilidade de não confiar em Cristo do que temer aos seus inimigos, ele será um santuário cheio de esperança para você.”
Isso é o que os escritores do Novo Testamento fazem. Cristo se torna o cumprimento, a encarnação de Yahweh, e o que era verdade para Yahweh então agora é verdade para Cristo. E, por implicação, tema apenas a Cristo e se permita temer apenas a Cristo, pois você sabe que Ele é santo.
Nosso temor e nosso santuário
Isso pode parecer uma maneira estranha de combater o medo do homem – substituindo esse medo pelo temor a Deus. Mas em Isaías 8:14 lemos uma verdade surpreendente. Ele explica como isso funciona. Escute o que ele diz: “a ele é que vocês devem temer, dele é que vocês devem ter pavor. Para os dois reinos de Israel ele será um santuário“. Incrível. Isso é incrível. Deus se torna um santuário seguro e cheio de esperança, um santuário onde somos protegidos dos nossos inimigos pela ira de Deus quando ele se torna a única coisa que gera em nós temor. Mas, como isso funciona? Funciona assim.
Quando é mais terrível para nós desonrar a Deus por não confiar em suas promessas – quando isso é mais ameaçador para nós do que ser perseguido por nossos inimigos – então essas mesmas promessas de Deus se tornam um santuário para nós. Elas se tornam nossa esperança. Portanto, agora as palavras “em seus corações santifiquem a Cristo, o Senhor, como santo” incluem o significado: “Que ele seja o seu medo. Deixe-o ser seu pavor” – Ofender ao Deus todo-poderoso deve ser seu principal temor e não seus perseguidores – “e ele se tornará seu santuário”, um lugar de esperança.
“Não deixe que os homens sejam seu pavor; deixe Deus ser o seu pavor”.
Assim, as palavras antes do versículo 15 expressam seu significado: “Não tenha medo de seus perseguidores”, porque quando você honra a Cristo como santo – isto é, quando você teme ofender a Cristo mais do que de você teme seus inimigos – ele será um santuário cheio de esperança para você. E você não precisa ter medo. E então lemos: “Esteja sempre pronto para dar uma razão para sua esperança”. Quando honramos a Cristo como santo, quando tememos a possibilidade de não confiarmos nele mais do que tememos nossos adversários, ele é a razão da nossa esperança e podemos compartilhar essa razão com qualquer um.
Nunca esqueci Isaías 8.12: “não deixe que os homens te atemorizem“; tema a Deus e tema ofender ao Deus todo-poderoso. Temer que você possa vir a não confiar em Deus transforma Deus em um santuário. Ele se torna um santuário. Ele se tornará sua razão de esperança e se tornará a fonte da sua confiança diante das suas adversidades e de todos os seus adversários.