Um blog do Ministério Fiel
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Como voltamos à vida normal após uma perda que alterou nossa vida? A pergunta de hoje é de uma mulher quebrada chamada Andrea, ela escreve: “Querido pastor John, meu marido foi para casa para estar com o Senhor há dois meses, após uma batalha de quatro meses contra o câncer de pâncreas. Éramos ambos divorciados e nos conhecemos em outubro de 2019. Deus restaurou nossas vidas e nos casamos em outubro de 2020. Estou muito grata por ter me casado com meu falecido marido. O Senhor restaurou nossas vidas e relacionamentos. Houve muita alegria em conviver com alguém que tanto te ama. Meu falecido marido teve um filho, agora com vinte anos. Esperávamos passar o resto de nossas vidas como uma unidade familiar.
“Mas nossos dias felizes juntos foram curtos e nossos mundos desabaram. Nós nos apegamos à Palavra de Deus, esperando uma cura milagrosa até o fim. Ele não foi curado e não se recuperou. Na verdade, ele sofreu muita dor no final. Muitos de nossos amigos nos apoiaram e oraram por nós. Mas agora, depois da morte do meu marido, não consigo encontrar nenhum propósito na vida. É normal se sentir assim? Os amigos me perguntam como estou, se vou voltar ao trabalho. Só posso dizer: ‘Estou bem’. Mas no fundo do meu coração não estou bem. Como continuo vivendo minha vida? Meu coração está muito abatido. Tento ouvir sermões e ler a Bíblia, mas nada parece entrar no meu coração. Obrigado e que Deus abençoe.”
Andrea pergunta: “É normal se sentir assim?” – ou seja, não ser capaz de encontrar um propósito na vida após a morte do marido. Existem tantos fatores que afetam o modo como funcionamos após uma grande perda que é difícil dizer o que é normal. A situação de cada pessoa é tão diferente: diferenças de idade, diferenças de emprego, diferenças de saúde, diferenças familiares, relacionamentos, igreja, localização, dons, maturidade, fé, e assim por diante. Existem tantas diferenças.
Mas acho que posso dizer, com algum grau de certeza, que quanto mais sua vida estiver inserida ou entrelaçada com o que ou quem você perdeu – seja seu cônjuge, trabalho, saúde, casa ou filho – então mais normal será sentir-se desorientado e sem rumo. Isso é verdade. Então, acho que a resposta estará mais próxima de “sim, é normal” do que de “não, não é normal”.
A verdadeira questão de Andrea, parece-me, não é tanto “Sou normal?” mas “O que eu faço?” Como ela diz: “Como faço para continuar a viver minha vida?”. Aqui estão alguns pensamentos das Escrituras, porque Deus é aquele a quem devemos recorrer em última análise, não é?
1. Espere no Senhor.
A primeira coisa que eu diria é esperar no Senhor. Não pense que o que você sente hoje é o que sempre sentirá. Com o tempo, o Senhor mudará as coisas. Ele fará isso, o que significa que este é um período de espera designado por Deus.
Aprendi isso ao longo de anos e anos observando meu próprio coração e aconselhando muitas pessoas. As pessoas em geral querem soluções rápidas para os nossos problemas. Não gostamos de esperar, mas Deus raramente tem pressa. É incrível. Deus nunca está com pressa. É quase como se ele preferisse o ritmo lento de cura e fortalecimento.
No início do meu ministério – na verdade, seis semanas depois de iniciar o meu pastorado no verão de 1980 – preguei um sermão sobre esperar no Salmo 40. Chama-se “Nas covas com um rei”, porque Davi diz no Salmo 40: “Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro.” Essa é a frase chave.
Ele não diz quanto tempo esperou, e fico feliz que ele não nos disse se foi uma semana, um mês ou um ano. Em vez disso, ele diz: “Esperei confiantemente no Senhor; ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor” (Salmos 40.1). Sim, eventualmente Deus o faz. Davi continua:
“Tirou-me de um poço de perdição,
de um tremedal de lama;
colocou-me os pés sobre uma rocha
e me firmou os passos.
E me pôs nos lábios um novo cântico,
um hino de louvor ao nosso Deus;
muitos verão essas coisas, temerão
e confiarão no Senhor.” (Salmo 40.2–3)
Davi está relembrando uma época de miséria. Ele chama isso de “o poço” e “tremedal de lama”. Nesta situação, ele nos conta a sua estratégia: “Esperei” e “clamei ao Senhor”. Novamente, ele não nos diz quanto tempo, se uma semana, um mês ou um ano. Este é o chamado de todos os cristãos em vários graus, em vários momentos desta vida. Ninguém escapa disso. Todos nós nos encontraremos em épocas em que não teremos escolha a não ser esperar pelo Senhor – a menos que nos rebelemos e joguemos a toalha, o que seria uma grande tolice.
Davi até nos dá uma explicação do que Deus estava fazendo neste período designado de espera. Ele diz que Deus eventualmente vem, coloca seus pés em terra firme e coloca uma canção em sua boca. O resultado prometido? “Muitos verão e temerão, e confiarão no Senhor.” Em outras palavras, isso é evangelismo, e às vezes acontece em nossas próprias vidas. Deus atrai as pessoas a confiarem nele enquanto nos observam passar pelos poços onde temos que esperar.
A espera e a eventual libertação de Davi foram, na verdade, para o bem da fé de outras pessoas. Eles confiam no Senhor porque a espera paciente de Davi os levou a confiar no Senhor. Um dos meus hinos favoritos diz assim:
Ele conhece a hora da alegria
E verdadeiramente a enviará quando o vir encontrar,
Quando ele te tiver lhe provado e purificado, devidamente,
E te encontrar livre de todo engano.
Então, Andrea, Deus tem seus propósitos para o seu período de perda, tristeza e até mesmo com seu sentimento de perda de propósito. Confie nele. Espere pacientemente pelo Senhor. Ele virá. O Salmo 23.3 diz: “refrigera-me a alma”. Neste momento, sua alma parece entorpecida, talvez até morta e sem resposta. É por isso que você deve esperar. Deus promete: “Eu restaurarei”, e a palavra restaurar significa “fazer com que sua alma volte para Deus”. É como se a alma estivesse abatida. Estivesse insensível. Estivesse morta. Deus diz: “Eu restaurarei sua alma”.
2. Pense na preciosidade de Cristo
Em segundo lugar, eu diria para pensar muito sobre a preciosidade de Cristo juntamente com a preciosidade do seu marido. Quando a sua memória evocar experiências doces e maravilhosas com o seu marido, deixe o poder dessas afeições intensificar o seu amor por Cristo – porque Efésios 5 diz que o seu casamento tinha esse objetivo em primeiro lugar. O casamento pretende ser um retrato, um drama do amor de Cristo pela igreja e do compromisso da igreja com Cristo. O objetivo era nos ajudar a sentir a maravilha e o prazer de como é um relacionamento com Cristo.
À medida que a sua memória traz à sua mente e ao seu coração o quanto você e seu marido se amavam, o quanto eram comprometidos um com o outro, traduza esses afetos. Você também poderia usar a analogia musical de transpor essas afeições para outro tom, de modo que o amor do marido seja traduzido, transposto para a música do amor de Cristo.
Assim como você gostaria de dizer ao seu marido: “Sinto tanto a sua falta. Você foi muito, muito precioso para mim. Há um buraco enorme na minha vida onde você estava.” Em seguida, volte-se para Cristo e diga: “Jesus, sei que você é ainda mais precioso do que isso. Se eu não tivesse a ti, Jesus, sentiria falta da minha própria vida. Haveria um buraco grande e impossível de preencher em minha alma. Mas eu tenho a ti, Jesus, e tu és meu verdadeiro marido. Peço que o Senhor me ajude a sentir por ti um amor tão intenso quanto eu sinto pelo meu marido.”
Acho que a razão pela qual Deus nos dá tanto prazer em nosso cônjuge é para nos dar um gostinho do prazer que existe em pertencer a Jesus. Segue-se que a dor que sentimos pela perda do nosso cônjuge pode ser outra intensificação do que significa o nosso pertencimento a Cristo.
3. Ore para que Deus sonde o seu coração
Terceiro, eu diria para orarmos o Salmo 139.23-24:
“Sonda-me, ó Deus, e conhece meu coração!
Prova-me e conhece os meus pensamentos!
Vê se há em mim algum caminho mau
e guia-me pelo caminho eterno!”
A razão pela qual digo isto é porque devemos sempre considerar honestamente a possibilidade de que o nosso amor pelo nosso cônjuge possa ser um amor desordenado, o que significa que pode estar invadindo o nosso amor por Jesus.
Jesus disse: “Quem ama seu pai ou sua mãe [em outras palavras, os membros da família] mais do que a mim não é digno de mim” (Mateus 10.37). Deveríamos ir regularmente diante do Senhor e pedir-lhe que revele nossos corações: “Senhor, há alguma coisa, há alguém que esteja competindo contigo pelas minhas afeições supremas?” Se isso acontecer, é quase certo que a perda dessa pessoa será mais incapacitante do que deveria ser.
4. Aprenda com este tempo
Finalmente, enquanto você espera que o Senhor restaure sua alegria e propósito, peça-lhe que revele o que ele pretende lhe ensinar neste tempo, que você não poderia aprender o que tem aprendido sobre Deus e a vida cristã de nenhuma outra maneira.
A razão pela qual digo isso é por causa do Salmo 119.67-71. Estes versos são incríveis. O versículo 67 diz: “Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra.”. Depois, há o versículo 71: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos”.
Em outras palavras, não desperdice sua tristeza, Andrea. Não desperdice esta temporada de perdas. Neste tempo, Deus tem presentes para você e, por meio de você, para os outros. Pergunte a ele o que são e depois segure-os firmemente. Talvez você possa os escrever em um diário e deixar com que Deus te use na vida de outras pessoas. Ele colocará seus pés sobre uma rocha. Ele colocará uma nova canção em sua boca. Muitos verão e temerão – e confiarão no Senhor.
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