Um blog do Ministério Fiel
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Pastor John, aqui está a pergunta de hoje: “Olá Pastor John, meu nome é Jennifer e moro em Long Island. Tenho uma pergunta sobre o complementarismo. É algo contra o qual tenho lutado há muito tempo e é algo que preciso resolver antes mesmo de considerar um relacionamento ou casamento no futuro. Eu sei que a Bíblia afirma claramente que homens e mulheres são iguais na sua posição diante de Deus no que diz respeito à salvação. Mas em outras áreas da vida ainda luto com sentimentos de inferioridade, por causa de certas comparações usadas na Bíblia. Por exemplo, em relação à submissão, a Bíblia diz que o servo não é maior que o seu senhor, e as esposas são chamadas a submeter-se aos seus maridos como a igreja se submete a Cristo. Contudo, os servos não são iguais aos seus senhores, e a igreja não é igual em valor a Cristo. Em quase todas as áreas da vida, aqueles que ocupam posições de autoridade são considerados mais valiosos do que aqueles que estão sob essa autoridade. Tal como o Presidente é mais valorizado do que os policiais, por exemplo; e nas empresas, os gestores são mais valorizados do que os outros funcionários e, ao longo da história, as mulheres sempre foram tratadas como menos valiosas do que os homens. À luz dessas coisas, tenho muita dificuldade em entender isso como uma orientação sobre o valor das mulheres. Estou entendendo errado a Bíblia? Obrigado.”
Quero abordar os dois tipos específicos de textos que preocupam Jennifer daqui a pouco. Mas primeiro, fazer uma afirmação geral sobre a superioridade e inferioridade. Penso que, na maioria das vezes, estamos tão ansiosos por dizer o que é apropriado sobre a igualdade que ignoramos as desigualdades óbvias que existem entre homens e mulheres.
Tanto aos homens como às mulheres são atribuídos papéis indispensáveis na realização dos propósitos últimos de Deus.
Então, como devemos falar sobre isso? Estou pensando em coisas como, em geral, os homens são fisicamente mais fortes, de modo que, nas Olimpíadas, na maioria dos eventos, homens e mulheres não competem entre si. Ou coisas como mulheres sendo superiores em cantar soprano ou em ter filhos ou amamentar crianças. E o meu palpite é que, se a objetividade fosse possível ao olharmos para essa questão – o que, nos nossos dias politicamente corretos eu não creio que seja – mas, se a objetividade fosse possível, haveria inúmeros estudos sobre diferenças psicológicas, de comunicação, na observação dos fatos, diferenças emocionais, entre homens e mulheres em geral que, em algumas áreas, dariam vantagem às mulheres e em outras áreas dariam vantagem aos homens. Acho que esses estudos provavelmente foram feitos e enterrados porque seriam ofensivos, talvez. Não sei. Mas essa é minha opinião.
Aqui está minha conclusão teológica sobre este assunto: se Deus fizesse uma lista de superioridades e inferioridades femininas e uma lista de superioridades e inferioridades masculinas e se Deus atribuísse a cada uma delas um valor relativo em todo o seu esquema de coisas, a soma dos prós e dos contras na parte inferior de cada coluna seria igual. Agora, não posso provar isso. E não acho que alguém possa refutar isso. Eu deduzo isso de:
- Homem e mulher foram criados à imagem de Deus (Gênesis 1:27)
- Ambos são co-herdeiros da graça da vida (1 Pedro 3:7).
- A ambos é dado um papel indispensável na realização dos propósitos últimos de Deus.
- Paulo parece estar pensando desta forma em 1 Coríntios 11.11-12 quando diz: “No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher. Porque, como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus.” Assim, ele parece estar empenhado em afirmar as diferenças e afirmar que, com cada diferença, existe uma espécie de contraponto que é indispensável ao equilíbrio entre homem e mulher.
Agora, espero que um dos efeitos que todos esses pensamentos tenham sobre Jennifer e outras pessoas que lutam com a mesma coisa que ela está sentindo é que ela não teria que ser artificial em seu pensamento sobre as diferenças entre homens e mulheres para acreditar em igualdade profunda, definitiva, geral, projetada por Deus. Não é algo simples como insistir que as mulheres são tão boas em tudo quanto os homens ou que os homens são tão bons em tudo quanto as mulheres. Eles não são. Nem o homem é nem a mulher é.
Deus chama os homens para uma liderança humilde e as mulheres para uma afirmação alegre dessa liderança.
Jennifer menciona dois trechos da Bíblia que realmente a incomodaram, e acho que a entendi. Então, deixe-me tentar ajudar. Duas vezes Jesus diz: “O servo não é maior do que seu senhor” (João 13.16; 15.20). E como os servos devem ser submissos aos senhores e as esposas aos maridos, isso faz com que Jennifer se sinta inferior ou menos importante. Um servo não é maior que o mestre. Mas observe duas coisas.
- Os servos podem, de fato, ser maiores que seus senhores em muitos aspectos. Podem ser mais fortes, mais inteligentes, mais sábios, mais gentis, mais diligentes. E Jesus sabia disso tão bem quanto nós.
- A outra coisa a notar é que, no contexto, o que Jesus quer dizer em ambas as passagens não é comentar a ausência da igualdade do servo, mas a ausência da superioridade do servo. No primeiro caso em que fez isso, ele enfatiza isso para ressaltar que o servo deveria fazer o mesmo tipo de serviço humilde que Jesus fez. E no segundo caso, ele queria frisar que o servo deveria esperar a mesma perseguição que Jesus sofreu.
Portanto, a questão é destacar a igualdade do serviço a ser prestado e a igualdade da perseguição a ser experimentada – não que os servos sejam, em todos os sentidos, inferiores aos senhores.
O segundo texto que preocupa Jennifer é a comparação entre o casamento e o relacionamento entre Cristo e a igreja. As esposas devem submeter-se aos maridos como a igreja o faz a Cristo (Efésios 5.22–24). Mas, ela observa corretamente, a igreja não tem o mesmo valor de Cristo. Agora, o que eu pediria a Jennifer que considerasse aqui é se o ponto de comparação entre Cristo e a igreja, por um lado, e marido e mulher, por outro lado, se o ponto de comparação é o grau de inferioridade ou superioridade. É esse o ponto? Claramente Cristo não tem pecado e a igreja é pecadora. É esse o ponto de comparação: maridos sem pecado, esposas pecadoras? Claramente Cristo é infinito e eterno, e o marido é finito. A igreja é finita e temporal. É esse o ponto de comparação: maridos infinitos, esposas finitas? Temos que ser muito cuidadosos com analogias ou comparações para não assumirmos um ponto de comparação que não é o ponto de comparação que está sendo mostrado na Bíblia.
O ensino da Bíblia sobre masculinidade e feminilidade pretende ser libertador e satisfatório, não perturbador.
Agora, eu diria que o ponto da comparação entre Cristo e a igreja, marido e esposa, neste texto é que, devido à criação e ao desígnio de Deus para ela – Gênesis 2.24 é citado aqui mesmo em Efésios 5.31 – o ponto de comparação é que a masculinidade e a feminilidade maduras e piedosas são de tal natureza que ambos experimentam um senso de adequação, capacidade de servir e complementaridade nos papéis da masculinidade como liderança humilde, proteção e provisão e da feminilidade como uma afirmação alegre dessa liderança e parceria com um homem no uso de seus dons para realizá-la; e se essa aptidão reside em alguma superioridade ou inferioridade, não precisa estar implícito neste texto sobre maridos e esposas. Eu não acho que isso esteja implícito neste texto bíblico.
Então, oro para que Deus dê a Jennifer – e tenho certeza de que há muitos que sentem o que ela sente – uma maravilhosa sensação de paz em quem ela é em Cristo com todas as coisas gloriosas que estar em Cristo implica para o cuidado que Deus tem por ela, pelo seu valor em Cristo e a herança que Deus a prometeu. E oro para que ela considere o ensino da Bíblia sobre a masculinidade e a feminilidade como libertador e satisfatório, e não como algo perturbador.
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