Como posso ter intimidade com Deus?

Entendendo a confiança como o coração da intimidade

A intimidade com Deus está ao seu alcance. É tão acessível quanto as promessas de Deus. E o convite de Deus para você desfrutar de comunhão íntima com ele é o que está colocando a sua fé à prova mais do que qualquer outra coisa (Tiago 1.2-4).

O coração da intimidade

Intimidade é aquilo a que chamamos a experiência de realmente conhecer e ser conhecido por outra pessoa. Utilizamos frequentemente uma linguagem espacial para descrever esta experiência. Um amigo íntimo é alguém de quem nos sentimos muito próximos, que nos conhece a um nível profundo. Se acontecer algo que prejudique a intimidade com o nosso amigo, ele se sente distante de nós. Ou uma pessoa que não nos conhece intimamente nos conhece a um nível superficial.

Mas é claro que a intimidade não é espacial, mas relacional. Todos sabemos o que é estar sentado mesmo ao lado de uma pessoa com quem nos sentimos distantes e podemos nos sentir próximos de uma pessoa que está a quatro mil quilómetros de distância.

O que é que nos faz sentir íntimos de outra pessoa? Embora existam muitos ingredientes para a intimidade e cada relação íntima tenha uma receita diferente, a confiança é comum a todas elas. Não podemos ser íntimos de uma pessoa em quem não confiamos.

A confiança está no centro da intimidade. Quanto mais confiamos numa pessoa, mais nos aproximamos dela. O grau em que a confiança é comprometida numa relação é o grau em que a intimidade se evapora.

O coração da intimidade com Deus

Isto é tão verdadeiro na nossa relação com Deus como nas nossas relações com os outros seres humanos. A nossa experiência de proximidade ou distância para com Deus não é uma descrição da sua proximidade real conosco, mas sim da nossa experiência de intimidade com ele. As Escrituras nos mostram que Deus é íntimo daqueles que confiam nele. Quanto mais confiamos em Deus, mais intimamente o conhecemos. Um sentimento de distância de Deus se deve muitas vezes a uma ruptura na confiança, como um pecado ou uma decepção.

É muito importante compreender esta realidade. Como cristãos, queremos experimentar a intimidade com Deus. Com o salmista, dizemos: “Quanto a mim, bom é estar junto a Deus” (Salmo 73.28). E queremos dar ouvidos à exortação de Tiago e cumprir a sua promessa: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros” (Tiago 4.8). Mas podemos procurar essa proximidade de formas não efetivas.

A intimidade é mais do que o conhecimento

Um erro comum é pensar que a proximidade de Deus pode ser alcançada através da acumulação de conhecimentos. Ora, é claro que, para conhecer Deus intimamente, temos de saber coisas cruciais sobre Deus. Jesus disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8.32) e salientou que muitos adoram o que não conhecem (João 4.22).

Mas nunca na história da igreja cristã houve tanto conhecimento teológico disponível para tantas pessoas como hoje. A igreja americana desfruta talvez da maior quantidade dessa abundância. Estamos inundados de traduções da Bíblia, bons livros, artigos perspicazes, sermões gravados, entrevistas, filmes, documentários, música e muito mais. E muito disso é muito bom. É correto sermos muito gratos por tudo isso.

Mas a América não está cheia de Enoques (ou os encontra desaparecendo frequentemente), santos que andam com Deus de uma forma profundamente íntima (Gênesis 5.24; Hebreus 11.5). Porquê? Porque conhecimento não é sinônimo de confiança. Foi por isso que Jesus disse aos líderes religiosos do seu tempo, alguns dos quais possuíam um conhecimento enciclopédico das Escrituras,

Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida. (João 5.39-40)

O conhecimento bíblico é muito melhor do que o ouro quando alimenta a nossa confiança em Deus, porque alimenta a nossa intimidade com Deus (Salmo 19.10). Mas quando o conhecimento bíblico substitui a nossa confiança em Deus, ele só alimenta o nosso orgulho (1 Coríntios 8.1).

O conhecimento bíblico é muito melhor do que o ouro quando alimenta a nossa confiança em Deus, porque alimenta a nossa intimidade com Deus (Salmo 19.10). Mas quando o conhecimento bíblico substitui a nossa confiança em Deus, ele só alimenta o nosso orgulho.

Porque que as experiências estéticas falham

Outro erro comum é tentar alcançar a intimidade com Deus através de experiências estéticas subjetivas. Poderíamos chamar essa abordagem de “campo dos sonhos”: Se construirmos o ambiente certo, Deus “virá”.

Alguns procuram por isso em ambientes litúrgicos elevados, concebidos para inspirar uma experiência de transcendência e mistério. Outros procuram o “campo dos sonhos” em eventos de adoração contemporânea concebidos para inspirar uma experiência de imanência. Outros perseguem os reavivamentos, pensando que a proximidade com o poder de Deus resultará numa proximidade com Deus. Se confiarmos verdadeiramente em Deus, esses ambientes podem encorajar a nossa intimidade com Deus. Mas nenhum deles possui inerentemente o poder de evocar a proximidade de Deus conosco.

Pense nisso da seguinte forma: Um jantar à luz das velas com música romântica pode encorajar um momento doce de intimidade relacional entre um marido e uma mulher, mas apenas na medida em que o ambiente encoraja e aprofunda a sua confiança e amor mútuos. Se houver uma distância relacional entre eles devido a uma falta de confiança, a estética em si não tem o poder de diminuir essa distância. Só o restabelecimento da confiança o fará.

Como nos aproximamos de Deus

O segredo para nos aproximarmos de Deus e para que ele se aproxime de nós é revelado claramente na Bíblia: aproximamo-nos de Deus através da fé em Cristo, que é o único que nos dá acesso a ele (Hebreus 4.14-16; 7:.25; Filipenses 3.9), e depositamos a nossa confiança em todas as “suas preciosas e grandíssimas promessas” que encontram o seu Sim para nós em Cristo (2 Pedro 1.4; 2 Coríntios 1.20).

Deus se preocupa com a nossa fé, não com as nossas proezas. Onde falta a fé, não lhe agrada a quantidade dos nossos conhecimentos nem a qualidade dos nossos atos estéticos.

Deus se preocupa com a nossa fé, não com as nossas proezas.

E sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem quiser se aproximar de Deus tem de acreditar que ele existe e que recompensa aqueles que o procuram. (Hebreus 11.6)

Quando Deus vê alguém cujo coração confia plenamente nas suas promessas e vive de acordo com elas, Deus passa a apoiar fortemente esse santo (2 Crônicas 16.9) e manifesta-se a ele:

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” (João 14.21)

O convite de Deus à intimidade

Deus quer intimidade com você. Cristo fez todo o trabalho duro na cruz para tornar isso possível. Tudo o que ele exige é que acredite nele (João 14.1). Ele quer que você confie nele de todo o seu coração (Provérbios 3.5).

O que significa que o convite que ele lhe faz para desfrutar da intimidade com ele são as providências na sua vida que estão a testar a sua fé mais do que qualquer outra coisa. O que você mais deve confiar em Deus agora é onde ele pretende que você se aproxime dele.

O que você mais deve confiar em Deus agora é onde ele pretende que você se aproxime dele.

É provável que isto seja um convite que a sua carne queira recusar. Mas ao ler a sua Bíblia, a grande nuvem de testemunhas (Hebreus 12.1) não concorda com Tiago e Pedro que a maior prova de fé é o caminho para a maior alegria (Tiago 1.2-4; 1 Pedro 1.8-9)? E não concordam com Paulo que não vale a pena comparar com a alegria de conhecer Cristo e a glória vindoura (Filipenses 3.8; Romanos 8.18)?

A intimidade com Deus ocorre frequentemente nos lugares onde mais temos de confiar nele. O céu na terra é a alegria inexprimível e a paz que excede todo entendimento que advém da confiança total em Deus (Filipenses 4.6-7). Pois, como dizia o velho compositor de hinos, “quem confia nele totalmente, encontra-o totalmente verdadeiro” (Frances R. Havergal (1876), Like a River Glorious).

Por: Jon Bloom. © Desiring God Foundation.Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: How to Have Intimacy with God. Revisor e Editor: Vinicius Lima.