Qual a diferença entre ser confiante e arrogante?

Episódio do Podcast John Piper Responde

Transcrição do vídeo

Sou confiante ou sou arrogante? Recebemos muito essa pergunta. O coração de leão e a humildade não são contradições na vontade de Deus, nem são contradições na vida de nosso Salvador. Ele veio para trazer a paz, e ele veio para trazer uma espada também. Ele usou a palavra espada de maneira figurada. Em nossas vidas, devemos descobrir a diferença entre confiança e arrogância, e esse é o desafio de um ouvinte chamado Max. 

Max escreve em seu e-mail para nós: “Olá, Pastor John!” Podemos nos sentir poderosos ou confiantes ou ter um alto valor próprio em quem Deus nos fez ser através de Cristo? Como você distingue isso do orgulho que leva à destruição? Se sim, como fazemos isso? Como buscamos o sentimento de poder, confiança e autoestima em viver o que Deus nos criou para ser, mas humildemente? Você parece ser alguém que faz isso bem.”

 

 

Bem, tenho de admitir que gaguejo com o termo “auto-estima elevada.” A razão que eu faço é porque eu tenho visto já por cinquenta anos — sim, cinquenta anos — esse termo (e seu termo irmão “auto-estima”) ser usado por esta cultura secular e sem Deus, como uma explicação para as condições psicológicas mais negativas e como um remédio para tornar uma pessoa mais útil e produtiva. A falta de autoestima é o diagnóstico para mil problemas hoje. Maior autoestima é a receita para mil melhorias.

E a razão para isso, parece-me, é bastante óbvia. Quando Deus desaparece, o próximo foco mais provável para a estima, confiança e segurança sou eu —  o self. Acho que essa foi exatamente a tentação no jardim do Éden. Acho que essa é a essência bíblica do pecado — substituir Deus pelo eu como nosso tesouro, nossa confiança, nossa estima, nosso valor.

Muito bem, agora já desabafei.

‘Muito bom’

A pergunta ainda é válida, porque sei pela Bíblia que Deus pretende que levemos vidas significativas, eficazes, produtivas, alegres, confiantes, corajosas, destemidas, competentes. O mundo simplesmente interpretaria cada destes elementos em termos de auto-exaltação, e eu não interpreto nenhum deles dessa maneira. A cosmovisão bíblica diz todas essas palavras em uma visão completamente diferente da visão do mundo.

Quando nossas vidas são feitas, e temos confiado nele por sua graça capacitadora para toda boa obra, Deus quer que ouçamos as palavras “Muito bom, servo bom e fiel.” Não é errado querer ouvir de Cristo as palavras “Muito bom! Você tem sido fiel.” A pergunta é: Será que ele vai dizer “Muito bom” para uma pessoa que tinha alta auto-estima, ou para uma pessoa que tem sido dependente de Deus, centrada em Deus, dependente de Deus, servo do outros e que exalta a Cristo no que faz? A questão é essa.

Então, eu reformularia a pergunta: Qual é a diferença entre agir com orgulho e agir para que nossas vidas sejam significativas, frutíferas, destemidas, competentes, produtivas, felizes, confiantes e sem orgulho?

Perguntas para diagnosticar o orgulho

Aqui estão oito perguntas para detectar o aumento do orgulho em nossas vidas enquanto perseguimos esses objetivos.

 

Pergunta 1: Eu acredito e abraço alegremente o fato de que minha própria existência, personalidade e dons vem Deus, e não de mim mesmo?

“Pela graça de Deus, sou o que sou” (1 Coríntios 15.10).

“Não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus” (2 Coríntios 3.5).

“Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (1 Coríntios 4.7).

A questão não é apenas “Eu acredito neste princípio?” mas “Eu amo este princípio e o amo pelas coisas serem assim?” Você se deleita e se deleita na absoluta dependência de Deus por quem você é?

 

Pergunta 2: Você acredita e aceita alegremente o fato de que cada uma de suas circunstâncias, em todos os seus detalhes, estão sob o controle de Deus e não seu?

“Devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna.” (Tiago 4.15-16). Em outras palavras, se algo acontece na sua vida e isso te leva para uma posição melhor ou pior, tudo têm a permissão Senhor. Você está feliz que ele está no comando de absolutamente tudo em sua vida?

 

Pergunta 3: Você acredita, e está feliz em aceitar, o fato de que todo o seu trabalho duro, seu esforço pessoal e sua força de vontade para realizar as coisas dependem de Deus?

Algumas pessoas dizem: “Bem, sim, Deus está no comando das minhas circunstâncias, mas o que eu faço delas, sim, é devido a mim, e é por isso que eu posso ser orgulhoso e me gabar. Eu me levantei pelo meu esforço, enquanto outras pessoas estão definhando lá embaixo.” Isso não é verdade. Paulo disse: “Eu trabalhei mais do que qualquer um deles, embora não fosse eu, mas a graça de Deus que está comigo” (1 Coríntios 15.10). Assim, Paulo atribuiu à graça de Deus não apenas sua existência e sua salvação e suas circunstâncias, mas também sua força de vontade para trabalhar duro.

Você está feliz que, quando o seu dia de trabalho termina, você pode dizer de todos os seus esforços, “Não eu, mas a graça de Deus que estava comigo”? Você se sente feliz? Ou tem a sensação de que Deus está lhe roubando algo?

 

Pergunta 4: Você faz com que seu objetivo seja conscientemente dependente de Deus em tudo o que você está fazendo de tal maneira que, quando seu serviço estiver completo, Deus obterá a glória ao invés de você?

Estou pensando em 1 Pedro 4.11. Tem sido apenas uma marca da minha oração enquanto eu me movo em direção a qualquer ministério, “se alguém serve, faça-o na força que Deus supre — para que em tudo Deus possa ser glorificado através de Jesus Cristo. A ele pertence a glória . . . para sempre e sempre. Amém.” Então, o que isso significa é o seguinte: não é apenas verdade que Deus me dá o que eu preciso; eu confio ativamente nele para fazer isso. Tenho consciência do fato de que não sou nada aqui. Não posso fazer nada por mim mesmo.

 

Pergunta 5: Você está buscando o elogio das pessoas? Você tenta se posicionar para que as pessoas vejam suas boas obras e lhe dêem elogios?

Jesus advertiu contra aqueles que amam o louvor do homem. “Em vez disso, Ai de vós, fariseus! Porque gostais da primeira cadeira nas sinagogas e das saudações nas praças.” (Lucas 11.43). Precisamos testar nossos corações — Responda para você — Eu amo e anseio pelos elogios e reconhecimentos de outras pessoas?

 

Pergunta 6: Você se associa com os humildes, ou você sempre precisa ficar com pessoas importantes?

“Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos.” (Romanos 12.16).

 

Pergunta 7: Você se sente no direito de reconhecimento, conforto e respeito? Jesus nos adverte sobre isso: “Regozije-se quando as pessoas perseguirem você, falarem mal de você, não lhe respeitarem com o respeito que você merece” (ver Mateus 5.11-12).

Um senso de direito é um dos sinais mais claros de orgulho.

 

Pergunta 8: Você ama ver Cristo ser exaltado? Você gosta de ver Cristo ser exaltado muito acima de todas as coisas, quer você receba algum reconhecimento ou não?

“Convém que ele cresça e que eu diminua.” (João 3.30). Paulo disse: “Segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte.” (Filipenses 1.20). Usei esse texto como base de um dos primeiros sermões que preguei quando assumi o ministério pastoral em nossa igreja. Meu objetivo pessoal, minha expectativa, é que Cristo seja exaltado. Quero pregar de tal maneira, quero escrever de tal maneira, quero fazer podcasts de tal maneira que Jesus pareça grande, e as pessoas saiam dizendo: “Cristo é grande. Deus é grande.”

 

A Ele Seja a Glória

Então, por todos os meios, use todos os seus dons e toda a sua inteligência, e todas as suas circunstâncias e relacionamentos, competência e coragem para viver a vida mais produtiva e significativa possível. E fazer tudo para fazer Cristo parecer grande e belo e precioso, dizendo e amando a verdade que encontramos em Romanos 11.36: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!”.

 

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Por: JOHN PIPER. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Am I Confident or Arrogant? | Traduzido por DB Studios (Arthur Baguera). Revisão e Edição por Vinicius Lima.