Uma estratégia para vencer a imoralidade sexual

Episódio do Podcast John Piper Responde

Transcrição do vídeo

Como você sabe, neste podcast cobrimos o tópico da imoralidade sexual de vários ângulos. É provavelmente a categoria de questionamento que mais recebemos. 

Em um episódio anterior, Pastor John, o senhor incentivou uma esposa a confrontar o marido por conta da pornografia que ela encontrou no celular dele. Esperamos que deste confronto venha a convicção do erro e então o arrependimento. Devemos tirar o pecado da imoralidade sexual de nossas vidas. E para fazer isso, não temos forças em nós mesmos. Não podemos fazê-lo por conta própria. E assim, não somos chamados a lutar sozinhos. Mas temos o evangelho. 

Então, usar o evangelho para eliminar o domínio do pecado é nosso tópico hoje. 

Pastor John, você falou sobre o papel de visualizar a crucificação de Cristo em nossa batalha contra pensamentos sexuais que nos levam a pecar. A imoralidade sexual é uma batalha que envolve o sentido da visão, ou pelo menos na imaginação de cenas. 

Você já disse no passado: “Mantenha uma bela visão de Jesus em sua mente até que triunfe sobre outra visão sexualmente imoral.” Então, na luta contra a imoralidade sexual, quão importante é ter essa “bela visão de Jesus”, e como isso funciona para você no momento da tentação? O que está acontecendo enquanto você mantém essa imagem em sua imaginação?

 

Bem, eu tive uma história com péssimas maneiras de usar a visualização na oração. Então, mesmo que a questão não seja exatamente isso, deixe-me começar por aí.

As imagens podem começar a deslocar a palavra da Escritura como o centro da comunicação salvadora de Deus. E isso é realmente perigoso. Podemos ultrapassar e transgredir a intenção do segundo mandamento — “Não faça imagens de escultura para adoração.” Há uma abordagem que eu encontrei – é bastante generalizada; pelo menos foi – para a oração de cura, onde as pessoas são instruídas a voltar ao seu passado doloroso e visualizar uma cena de, digamos, abuso, abuso sexual. E, por exemplo, “Imagine Jesus, imagine Jesus, entrando na sala e pegando você, abraçando e cuidando de você.”

E há problemas com esse tipo de aconselhamento, parece-me, porque é estranho às Escrituras. Você não encontra nenhum padrão como esse nas Escrituras, e geralmente é desviado de alguns dos aspectos do papel que Jesus desempenha – a saber, na providência, retratá-lo apenas como um consolador e não como um soberano, e não como um juiz, e não como aquele que vai lidar com esse abusador com violência algum dia. Ele tende a ser apenas suave e gentil e caloroso — e, portanto, tendencioso. Ele tende a simplificar e psicologizar demais o que é realmente necessário.

A cura da alma envolve uma profunda percepção espiritual não só de um Jesus terno e afetuoso, mas do pleno significado da cruz e da realidade do Espírito Santo e dos caminhos de Deus, sua justiça e julgamentos. Então, existem perigos reais que eu encontrei em toda essa área de visualizar imagens como apoio para a nossa vida oração.

Palavras visuais

Mas deixe-me voltar para o lado positivo. Jesus é o Verbo eterno, e ele se tornou carne (João 1.14). Então, sabemos que ele tinha um corpo. As pessoas olhavam para ele – podiam vê-lo com seus olhos físicos – ao contrário de Deus Pai, que não pode ser visualizado dessa maneira. Eu não acho que devemos imaginar Deus Pai como um avô com uma barba branca. Eu acho que é um grande erro. Mas Jesus tinha carne e ossos.

E aqui está outro ponto: algumas palavras não invocam realidades visuais – como amor, ódio, certo, errado, gentil. Esses são tipos gerais, tipos principais de palavras. Mas outras palavras necessariamente evocam imagens em nossas mentes: cruz, sangue, unhas, lança, lado do corpo, mãos, pés, espinhos, barba, cuspe, vara, sol escurecido, colina. Você não pode dizer essas palavras sem ver alguma coisa. Você vê uma mão; você coloca uma palavra em uma mão; você espera que as pessoas processem essa palavra e tenham uma espécie de mão visualizada em sua mente – nenhuma mão específica, mas a ideia de mão está sendo visualizada em sua mente.

Então, quando você lê: “Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz” (Mateus 27.46), agora você também tem sons. Há palavras que designam sons, como voz alta. Essa palavra deveria evocar algo em sua mente a respeito de “Eli, Eli, lamá sabactâni?” (Mateus 27.46). E era uma voz alta mesmo! A palavra alto é usada para fazer você sentir e pensar alto. “Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lucas 23.46). O objetivo dessas mesmas palavras é fazer com que nossas mentes ouçam algo, e palavras como barba devem fazer com que nossas mentes vejam algo.

E então aqui está uma indicação do apóstolo que me inclina a seguir em frente e formar esta imagem em minha mente. Gálatas 3.1: “Gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?” Agora, o que isso significa? Eu não acho que isso significa que Paulo pegou um pedaço de giz e desenhou Jesus, mas significa, evidentemente, que ele retratou (com palavras através do evangelho) a cruz tão vividamente que ele diz: “Era como se eu estivesse fazendo isso diante de seus olhos.” Ele usou as palavras olhos aqui. “Foi diante de seus olhos que Jesus Cristo foi retratado publicamente.”

Então, talvez ele queira dizer, “Eu estou incorporando isso com meus sofrimentos; Eu estou falando de tal forma que você pode vê-lo.”

Lutando contra uma imagem com outra imagem

E assim, vamos voltar a batalha contra a  imoralidade sexual. Uma das minhas estratégias, ao tentar obedecer a Jesus – arrancar meus olhos, e colocar o pecado na morte, e me considerar morto – é lutar contra a nudez em minha mente com a miséria de Cristo na cruz (vamos apenas tomar isso como um exemplo concreto). Então, nudez é uma imagem em minha mente. Agora, eu argumentei que a miséria de Cristo na cruz é uma imagem em minha mente. Cristo morreu para me tornar puro. Esse pensamento lascivo não é puro. Portanto, se eu de bom grado mantiver essa imagem em minha mente, estou tomando uma lança e empurrando-a para o lado de Jesus. Eu me imagino prestes a fazer isso. Eu o imagino dizendo: “Eu te amo. Eu te amo. Estou morrendo para te libertar dessa escravidão à imoralidade sexual”.

E imagino um corpo maltratado – e talvez eu devesse me explicar melhor: não é fotográfico. Eu não tenho um rosto particular em vista, eu não sei como Jesus se parecia. Eu não escolho uma estrela de cinema de A Paixão de Cristo ou do seriado The Chosen ou o que quer que seja. Eu não tenho um rosto especial para mim. Ele não se parece com nenhum ator. Eu não entendo isso especificamente. É uma imagem criada por palavras, não uma foto criada.

É o que eu acho que Paulo fez quando ele disse em Gálatas 2.20, e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou”.

Agora, ele poderia ter parado ali mesmo, não poderia? Mas ele acrescentou, “e se entregou por mim.” Na mente de Paulo, a fé para matar o pecado todos os dias em sua vida foi fortalecida por lembrar do amor de Cristo por ele. E o amor de Cristo está estampado na mente de Paulo quando ele pensava nele como crucificado. “Ele se entregou por mim.” E Paulo viu pessoas crucificadas. Eles estavam nas colinas. Foi horrível. E quando ele disse: “Cristo se deu por mim”, eu não posso acreditar que ele não tinha alguma imagem em sua mente, vendo Cristo sofrendo profundamente por sua pureza. E assim, sua fé foi capacitada para derrotar sua impureza e imoralidade.

 

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Por: JOHN PIPER. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Killing Lust with the Cross of Christ | Traduzido por DB Studios (Arthur Baguera). Revisão e Edição por Vinicius Lima.