O Senhor e Pastor que nos socorre e defende

A presença divina em tempos de tribulação

No Salmo 22, na situação atribulada de Davi, vemos de forma profética descrita a situação extrema do Messias. Cercado de poderosos inimigos e abandonado por todos, clama ao Senhor: “Não te distancies de mim, porque a tribulação está próxima, e não há quem me acuda (`azar) (Sl 22.11).

O Senhor nos socorre em momentos que nos sentimos totalmente desvalidos e, em circunstâncias adversas. É necessário que aprendamos a clamar a Deus por socorro, suplicando a sua orientação, sustento e direção.

Por vezes, o desespero é o estímulo indesejado, é verdade, mas, que nos falta para recorrermos a Deus em oração. Essa é a prática do salmista, suplicando pelo auxílio do Senhor: “Ouve, SENHOR, e tem compaixão de mim; sê tu, SENHOR, o meu auxílio (`azar) (Sl 30.10/Sl 79.9; 109.26).

Em outras ocasiões, é possível que nos sintamos traídos e injustiçados; nada podendo fazer. O salmista em situação idêntica devido à sua fidelidade a Deus, conforta-se da certeza da veracidade dos mandamentos de Deus que tem dirigido a sua vida: “Venha a tua mão socorrer-me (`azar), pois escolhi os teus preceitos (piqqud)[1] (Sl 119.173).

Anteriormente o salmista narra as armadilhas preparadas contra ele e sua confiança da veracidade da Palavra de Deus, a qual ele não abandona:

85Para mim abriram covas os soberbos, que não andam consoante a tua lei (torah) (= Instrução, orientação).[2] 86São verdadeiros todos os teus mandamentos (mitsvah);[3] eles me perseguem injustamente; ajuda-me (‘azar). 87Quase deram cabo de mim, na terra; mas eu não deixo os teus preceitos (piqqud). (Sl 119.85-87).

As Escrituras demonstram diversas vezes, quer por meio de promessas, quer por meio testemunhos dos servos de Deus, que o Senhor atende à nossa oração. Davi, mais uma vez testifica: “O SENHOR os ajuda (‘azar) e os livra (palat); livra-os dos ímpios e os salva, porque nele buscam refúgio” (Sl 37.40).

Preventivamente Deus já nos ajuda, nos guiando por meio da Palavra. Seguir a Palavra de Deus é por si só, altamente abençoador. Devemos aprender a transformar a nossa fé em obediência à Palavra: “Viva a minha alma para louvar-te; ajudem-me (`azar) os teus juízos (mishpat)[4]”  (Sl 119.175).

Ainda que não tenhamos ou vejamos os frutos de forma imediata, parecendo que a nossa obediência a Deus é frustrada, devemos continuar confiando e esperando nele. Testemunham os salmistas:

Nossa alma espera no SENHOR, nosso auxílio (‘ezer) e escudo. (Sl 33.20).

Eis que Deus é o meu ajudador (‘azar), o SENHOR é quem me sustenta a vida. (Sl 54.4).

 Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro (`ezer)? O meu socorro (‘ezer) vem do SENHOR, que fez o céu e a terra. (Sl 121.1-2).

O nosso socorro (‘ezer)  está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra. (Sl 124.8).

Eu sou pobre e necessitado; ó Deus, apressa-te em valer-me, pois tu és o meu amparo (‘ezer)  e o meu libertador (palat). SENHOR, não te detenhas! (Sl 70.5).

Tu, porém, o tens visto, porque atentas aos trabalhos e à dor, para que os possas tomar em tuas mãos. A ti se entrega o desamparado; tu tens sido o defensor (‘azar) do órfão. (Sl 10.14).

Conforme formos amadurecendo na vida cristã, meditando nas Escrituras, desenvolvendo a prática da oração, sendo provados, tentados e socorridos, vamos ampliando experiencialmente a nossa visão de Deus. O nosso testemunho torna-se mais contundente, como o do salmista:  “Empurraram-me violentamente para me fazer cair, porém o SENHOR me amparou (‘azar) (Sl 118.13; Sl 140.7).

Essa é uma das grandes bem-aventuranças da vida cristã, saber que temos o Senhor como auxílio, confiando em suas promessas: “Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio (‘ezer), cuja esperança está no SENHOR, seu Deus” (Sl 146.5/Sl 86.17).

Toda essa vivência de fé e aprendizado por meio de nossa preservação e libertação deve nos conduzir ao louvor: “O SENHOR é a minha força e o meu escudo; nele o meu coração confia, nele fui socorrido (‘azar); por isso, o meu coração exulta, e com o meu cântico o louvarei (yadah)(Sl 28.7).

Esse é o nosso Senhor e Pastor. Ele cuida de nós.

 


[1] Conforme já mencionamos,  essa palavra enfatiza as regras específicas dadas por Deus aplicadas aos pequenos detalhes da vida (Dt 22.1ss.) e à responsabilidade do povo de Deus em meditar e cumpri-las (Sl 103.18; 119.4,15, 27,45,56 etc.).

[2]Deus que é descrito como mestre, nos ensina por intermédio de sua Lei. “Em termos gerais, tôrâ designa um padrão divino de conduta para o povo de Deus” (Peter Enns, Lei de Deus: In: Willem A. VanGemeren, org. Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 4, p. 868). Na vontade revelada de Deus temos orientações que envolvem todas as nossas relações a começar com o próprio Deus. “A torah é o ensinamento de Deus para todas as áreas da vida” (John MacArthur, Adotando a Autoridade e a Suficiência das Escrituras. In: John MacArthur, ed. ger., Pense Biblicamente!: recuperando a visão cristã do mundo, São Paulo: Hagnos, 2005, p. 37). É a partir de nossa  relação correta com Deus que as outras relações assumem uma conotação de relevância correta, incluindo, as instruções (torah) de nossos pais, as quais devem ser obedecidas: “Filho meu, ouve o ensino de teu pai e não deixes a instrução (torah) de tua mãe” (Pv 1.8). “Filho meu, não te esqueças dos meus ensinos (torah), e o teu coração guarde os meus mandamentos (mitsvah)(Pv 3.1). (Do mesmo modo: Pv 4.2; 6.23,20; 7.2).     

[3]Conforme já destacamos, essa palavra é associada com a Torah e com o “temor do Senhor”.  Por vezes é também empregada de modo intercambiável com a Torah (Gn 26.5;  Ex 16.28; 24.12; Dt 30.10). Referindo-se ao “corpo geral da Lei de Deus” (E. Calvín Beísner, Psalms of Promise: Celebrating the Majesty and Faithfulness of God, 2. ed. Phillipsburg, NJ.: P. & R. Publishing, 1994, p. 35), enfatiza as exigências naturais da Aliança feita por Deus com o seu povo, e demonstra a sabedoria adquirida em observá-la, sem nada acrescentar ou omitir: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos (mitsvah); porque isto é o dever de todo homem” (Ec 12.13).

 [4] Enfatizam as leis prescritas por Deus que devem regular as nossas relações. “Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos (mishpat) que eu vos ensino, para os cumprirdes, para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR, Deus de vossos pais, vos dá. (…) 5 Eis que vos tenho ensinado estatutos e juízos (mishpat), como me mandou o SENHOR, meu Deus, para que assim façais no meio da terra que passais a possuir. (…) 8E que grande nação há que tenha estatutos e juízos (mishpat) tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho? (…)   14 Também o SENHOR me ordenou, ao mesmo tempo, que vos ensinasse estatutos e juízos (mishpat), para que os cumprísseis na terra a qual passais a possuir” (Dt 4.1,5,8,14). “Chamou Moisés a todo o Israel e disse-lhe: Ouvi, ó Israel, os estatutos e juízos (mishpat) que hoje vos falo aos ouvidos, para que os aprendais e cuideis em os cumprirdes” (Dt 5.1). “Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos (mishpat) que mandou o SENHOR, teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas para a possuir” (Dt 6.1).

Autor: Hermisten Maia. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Editor e Revisor: Vinicius Lima.