O cristão pode trabalhar para empresas que promovem o pecado?

Episódio do Podcast John Piper Responde

Transcrição do vídeo

Seja bem-vindo a mais um episódio do podcast John Piper Responde! Estamos de volta ao tópico “fé e trabalho” na pergunta de hoje de um homem anônimo. “Olá, pastor John! Eu sou um empreiteiro de construção. E na minha região, recentemente, fui convidado a me juntar a um parceiro de construção com quem trabalhei antes, eu realmente gosto muito de trabalhar em projetos junto com ele! O projeto é um templo mórmon. Isso está fora de questão para um cristão que lidera uma equipe de construção considerar trabalhar em um projeto como um templo como este, ou mesmo uma mesquita ou cassino ou outras coisas assim? Como devo pensar ao tomar essa decisão moral em nome da equipe que lidero?”. Resumindo a pergunta dele, pastor John, o cristão deveria se preocupar em relação ao fruto de seu trabalho acabar cooperando com coisas contrárias à fé cristã?

 

Provavelmente eu deveria começar onde vou terminar – ou seja, dizendo que esse é o tipo de pergunta que tem camadas suficientes de ambiguidade para que eu não seja dogmático. Eu preciso admitir que bons cristãos que acreditam na mesma Bíblia que eu podem chegar em conclusões diferentes. Há muitos aspectos a serem levados em consideração. Mas, tendo dito isso, deixe-me explicar talvez quatro ou cinco princípios ou pensamentos que espero que dêem alguma orientação às consciências do povo de Deus.

Ética à Luz da Eternidade

A primeira coisa que me sinto constrangido a dizer é que acreditar na realidade do inferno da maneira que Jesus acredita – e ele é mais explícito sobre isso na Bíblia do que qualquer um – dá uma espécie de seriedade à maioria das perguntas, especialmente perguntas como essa. Isso torna as coisas tão sérias, e menciono isso porque os cristãos que mantêm a realidade do inferno fora de suas mentes e às vezes nem têm certeza de que acreditam nisso – essas pessoas simplesmente não sentirão o peso que eu sinto ao responder a uma pergunta como essa. Porque quando penso em uma pergunta como essa, uma das perguntas que faço é a seguinte: Este edifício em que estou trabalhando será dedicado a crenças e atividades que levam à destruição eterna?

Algumas pessoas nem mesmo levantam essa questão ao tentar fazer ética. Estou fazendo a eterna pergunta sobre o que acontece com os seres humanos quando eles participam do que é este edifício. Uma pessoa que não pensa no inferno simplesmente não leva isso tão a sério e, portanto, a pergunta não tem o mesmo peso que tem para mim. Essa é a primeira coisa para a qual acho que devo chamar a atenção.

Muitas obras das trevas

A segunda coisa seria chamar a atenção para o fato de que há muito mais aplicações para a questão ética em jogo aqui do que apenas construir um templo religioso mórmon. Que tal construir uma clínica de aborto para a Planned Parenthood? Que tal construir uma mesquita para os muçulmanos? Que tal construir um bordel em uma cidade do interior? Que tal construir um cassino no norte de Minnesota que você sabe que vai absorver as escassas economias de muitas pessoas pobres e desviar continuamente a atenção delas de uma vida saudável e produtiva?

Que tal construir um puxadinho no imóvel de alguém sem tirar uma licença, para que o dono deste imóvel escape do imposto municipal? Que tal construir um espaço de reunião para o comitê central do partido político que torna o assassinato de crianças no ventre e o comportamento homossexual uma questão de celebração? Que tal construir um bar e uma boate que inclua apresentações de strip-tease? Que tal fornecer luminárias, portas, bancadas, luzes, azulejos para qualquer uma dessas estruturas?

E a lista continua. Portanto, essa questão tem uma relevância muito mais ampla e camadas de complexidade do que se imagina.

Mal Incidental e Integral

Outra coisa a levar em consideração aqui é o grau em que a estrutura em que você está trabalhando não será apenas o lugar onde o mal acontece, mas também o lugar projetado e destinado para que o mal aconteça. Esse é o propósito da estrutura. O mal não é incidental aqui, mas integral. Agora, quase nenhum edifício em qualquer lugar está livre do mal, certo? Quero dizer, você não pode construir nada onde o mal não vai acontecer. O mal acontece em todos os lugares e em todas as estruturas.

Portanto, a questão moralmente relevante quando se trata de participação na construção da estrutura é se essa é a intenção da estrutura; essa é a razão pela qual a estrutura existe.

Graus de responsabilidade

Aqui está outro fator a ser levado em consideração: até que ponto a pessoa envolvida na construção da estrutura sabe o que está envolvido nela, sabe qual é a intenção? Ou, para dizer de outra forma, dado o que uma pessoa sabe – um construtor sabe, um trabalhador da construção civil sabe, um provedor sabe – quão clara e substancialmente seu trabalho contribui para a construção da estrutura que ele desaprova?

Agora, isso é complicado. Deixe-me ilustrar. Se você trabalha em uma fábrica de janelas – temos uma grande aqui em Minnesota – você pode não ter nenhuma consciência, enquanto faz seu trabalho naquela fábrica, de que algumas dessas janelas estão sendo vendidas para uma mesquita, um cassino ou uma clínica de aborto. Simplesmente não está em sua mente quando você vai trabalhar todos os dias e faz uma janela. A conexão causal entre seu trabalho diário e os propósitos dessas estruturas é tão remota que acho que é de pouco significado moral.

Sua parte é tão remota que há pouca conexão moral entre eles. Sua parte na fábrica de janelas não será vista como moralmente implicada pelos propósitos malignos dos edifícios na cadeia econômica, longe de sua vista, do que se fosse parte do que você pretende ajudar a construir.

Quanto você sabe?

O princípio que é mais explícito na Bíblia, eu acho, e mais útil em tudo isso, está em 1 Coríntios 10.27-28, que pode não soar como um texto de construção. Ouça com atenção:

Se algum dentre os incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que for posto diante de vós, sem nada perguntardes por motivo de consciência.

Porém, se alguém vos disser: Isto é coisa sacrificada a ídolo, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência.

Em outras palavras, se você não sabe que a comida o envolve no apoio a um ritual pagão, você pode comê-la. Mas se você sabe que esse ritual pagão é o que o anfitrião pretende, você não vai comer. Então, você deverá comer ou não comer dependendo do quanto você sabe o que comer significa dentro daquela falsa religião.

Parece-me que esse mesmo princípio se aplica à construção de algo que é dedicado a uma religião ou estilo de vida errado e destrutivo. Então, se você não sabe para que serve o prédio, provavelmente não é culpado por fazer um bom trabalho ao construí-lo. Você está apenas fazendo o trabalho para a glória de Cristo da melhor maneira possível. Mas se você sabe que está envolvido na promoção de uma religião ou prática destrutiva, então sua participação pode muito bem estar errada. Na verdade, minha inclinação seria encorajar o construtor cristão e o trabalhador ou o investidor da construção civil a não fazer parte de um edifício que é amplamente conhecido por ser explicitamente anti-cristão.

Construindo com sabedoria

Então, vou terminar onde comecei. Em geral, quero encorajar construtores e trabalhadores a não contribuir para estruturas dedicadas a crenças e práticas anticristãs. Mas percebo que as complexidades de várias situações são tais que devemos ter muito cuidado para não julgar o esforço de um irmão para tomar uma decisão biblicamente informada e consciente.

 

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Por: JOHN PIPER. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Should My Construction Company Help Build a Casino? Tradução, revisão e edição por Vinicius Lima.