Um blog do Ministério Fiel
Andando no caminho do nosso Rei-Pastor
Deus quer de nós compromisso e obediência
O Cristianismo é um caminho de vida, estabelecido por Jesus Cristo (Jo 14.6) – O caminho absoluto −, modelado em nosso coração pela Palavra sob a orientação e poder do Espírito.
O Cristianismo não é algo estático, meramente reflexivo e meditativo. Você pode tomar coisas importantes do Cristianismo e as adotar, porém, sem a sua completude, permanecerá apenas em fragmentos, retalhos e, não no seu real sentido.
O Cristianismo, sem dúvida, requer meditação, reflexão, prudência, paciência… Mas também, nos instrui sobre o planejar, agir, falar, tomar atitude, caminhar…
Sedentarismo espiritual
A fé cristã nos tira de nosso sedentarismo espiritual que nos torna cativos de nossos interesses espirituais, nos descortinando, enquanto caminhamos, a riqueza da fé cristã, que envolve o outro, a partir do Senhor que confere significado a todas as coisas.
Jesus Cristo abriu-nos o caminho vivo de acesso ao Pai (Hb 10.10-23). A fé cristã consiste em trilhar por esse caminho. Por isso mesmo, somos chamados a andar perseverantemente pelo caminho do Senhor.
Deus nos instrui pelo caminho
Deus tem prazer em nos instruir pelo caminho que devemos andar. Enquanto caminhamos vamos sendo desafiados diante de novas encruzilhadas, atalhos tentadores e paradas que se configuram aos nossos olhos como obrigatórias, a entender o caminho proposto por Deus e seguir com fé. Nem sempre esse caminho se mostrará como óbvio, mais simples ou que conta com grande apelo popular.
No entanto, a promessa para o fiel permanece: “Instruir-te-ei (sakal) e te ensinarei o caminho (derek) que deves seguir (yalak); e, sob as minhas vistas, te darei conselho (yâ‛ats)” (Sl 32.8).
Conforme já vimos, Deus é o nosso grande Mestre que se prontifica a nos instruir no caminho que devemos seguir, apontando a trilha, oferecendo conselho, nos fortalecendo, educando, corrigindo e nos disciplinando em nossa caminhada.
Trilhar pela retidão
Caminhar pela lei do Senhor é trilhar pela retidão conforme o padrão de Deus. A lei de Deus sendo obedecida nos torna irrepreensíveis e, deste modo, por graça colhemos os frutos da bênção de Deus que já se manifestam no caminhar conforme diz os salmista:
1Bem-aventurados os irrepreensíveis (tamiym) no seu caminho, que andam (halak) na lei do SENHOR. 2 Bem-aventurados os que guardam as suas prescrições (hd'[e) (`edah) e o buscam (darash) de todo o coração (leb); 3 não praticam iniquidade e andam (halak) nos seus caminhos. (Sl 119.1-3).
Bem-aventurado o homem que não anda (halak) no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. (Sl 1.1).
Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda (halak) nos seus caminhos! (Sl 128.1).
Bem-aventurado o povo que conhece os vivas de júbilo, que anda (halak), ó SENHOR, na luz da tua presença. (Sl 89.15).
Deus nos abençoa no caminhar sinceramente pela sua lei. Esse caminhar é uma expressão de fé e total dependência. Salomão caminha nessa direção quando consagra o templo ao Senhor: “E disse: Ó SENHOR, Deus de Israel, não há Deus como tu, em cima nos céus nem embaixo na terra, como tu que guardas a aliança e a misericórdia a teus servos que de todo o coração andam (halak) diante de ti” (1Rs 8.23; 2Cr 6.14)
Andar: Mudança espiritual
A bem-aventurança eterna é prometida àqueles que refletindo uma transformação espiritual, andam no caminho do Senhor: “1Quem SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? 2 O que vive (halak) com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade” (Sl 15.1-2).
O caminho que seguimos revela quem somos. Ainda que nada digamos; muito dizemos: “Quando o tolo[1] (sakal) (= Insensato, imprudente) vai pelo caminho (halak), falta-lhe o entendimento; e, assim, a todos mostra que é estulto (sakal)” (Ec 10.3).
De quem nos cercamos?
Assim como no Salmo 1 o salmista nos instrui para não andarmos segundo o ímpio, não nos assentando à roda dos escarnecedores, devemos nos cercar de pessoas que procuram andar no caminho de Deus com integridade.
Davi nos fala de seu projeto pessoal e real de buscar tais pessoas para estarem com ele e em seu governo. De nada adiantaria se ele se cercasse apenas de pessoas competentes mas, injustas: “Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que habitem comigo; o que anda (halak) em reto (tamim) caminho, esse me servirá” (Sl 101.6).
No Novo Testamento, quando Paulo descreve a vida anterior dos efésios, diz que eles seguiam o curso deste mundo, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos (Ef 2.1-3),[2] indicando, entre outras coisas, que o pensar sobre o nosso caminho, não é garantia de que estejamos agindo corretamente.
Ateísmo prático
A rebeldia está associada ao seguir nossos próprios caminhos, estranhos aos ensinamentos do Senhor. É uma forma de ateísmo prático, considerando apenas o que pensamos, deixando totalmente de fora a Palavra de Deus.
É o que Deus diz ao povo rebelde, que não atentava para a sua Palavra: “Estendi as mãos todo dia a um povo rebelde, que anda (halak) por caminho que não é bom, seguindo os seus próprios pensamentos” (Is 65.2/Jr 13.10).
Seguir o caminho de Deus nos previne de procurar ostensivamente coisas grandiosas demais para nós, conforme escreve Davi: “Não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando (halak) à procura de grandes coisas (Gadol), nem de coisas maravilhosas demais (Pala’) para mim” (Sl 131.1).
O salmista nos ensina que se pela nossa fidelidade a Deus tivermos de viver momentos sombrios, passando pelo vale da morte, culminando inclusive com a morte, não devemos temer, porque o nosso pastor estará sempre conosco: “Ainda que eu ande (halak) pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam” (Sl 23.4/Is 9.2).
Nessas situações, podemos clamar confiantemente por sua justiça e misericórdia. Deus conhece o nosso caminho:
Faze-me justiça, SENHOR, pois tenho andado (halak) na minha integridade e confio no SENHOR, sem vacilar. (…) Pois a tua benignidade, tenho-a perante os olhos e tenho andado (halak) na tua verdade. (…) Quanto a mim, porém, ando (halak) na minha integridade; livra-me e tem compaixão de mim. (Sl 26.1,3,11).
Esquadrinhas o meu andar (orach) e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos (derek)” (Sl 139.3).
Compromisso confiante
No Salmo 116, o salmista, que já de início declara seu amor a Deus, testemunhando o seu cuidado e livramento, assume um compromisso: “Andarei (halak) na presença do SENHOR, na terra dos viventes” (Sl 116.9).
O nosso grande testemunho de fé em Deus que é o nosso Rei e pastor, consiste em andar perseverantemente nos seus caminhos.
Devemos, portanto, entregar-lhe o nosso caminho; a nossa vida em sua inteireza: “Entrega o teu caminho (derek) ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará (`asah)” (Sl 37.5).
[1] Para um breve, porém instrutivo estudo sobre a palavra, veja-se: Louis Goldberg, Sãkal: In: R. Laird Harris, et. al., eds. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 1041-1042.
[2]“1Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, 2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; 3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.1-3).