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Homens podem ler livros teológicos escrito por mulheres?
Episódio do Podcast John Piper Responde
Transcrição do vídeo
Seja bem-vindo a mais um episódio do podcast John Piper Responde. A pergunta de hoje é sobre homens se beneficiarem de literatura cristã e teológica escrita por mulheres. Um pastor escreve para perguntar: “Pastor John, um pastor que usa um comentário bíblico escrito por uma mulher estaria se colocando sob a instrução bíblica de uma mulher? Se sim, isso não iria contra a instrução de Paulo em 1 Timóteo 2.12 ?”
Pode ser. Ele pode sentir dessa forma. E se ele assim se sente, provavelmente não deveria ler. Mas isso não precisa ser vivenciado dessa forma, eu acho. E aqui está meu raciocínio.
O ponto de Paulo em 1 Timóteo 2.12 , onde ele diz: “Não permito que a mulher ensine ou tenha autoridade sobre os homens” — esse é um texto-chave, 1 Timóteo 2.12 — “Não permito que ela ensine ou tenha autoridade.” E essas duas coisas juntas, eu acho, constituem o ofício de presbítero: ensino e autoridade . E então deve haver presbíteros homens na igreja que sejam espirituais, humildes, gentis, amorosos e semelhantes a Cristo em seu coração de servo para com os homens e mulheres na igreja.
Uma questão de design, não de competência
Acho que o ponto desse texto não é dizer que você nunca pode aprender nada com uma mulher. Isso simplesmente não é verdade. Não é verdade biblicamente, e não é verdade experiencialmente. A razão para dizer, “Eu não permito que uma mulher ensine ou tenha autoridade” sobre os homens não é porque elas são incompetentes. Não é porque elas não podem ter bons pensamentos.
Na verdade, as mulheres em nossa igreja e a mulher com quem você é casado possuem muitos bons pensamentos que você faria bem em anotar e aprender com eles. E então a questão não é que ela não tenha pensamentos dos quais você não se beneficiaria, ou que ela não possa lhe ensinar nada.
A questão é: como a masculinidade e a feminilidade funcionam? Qual é a dinâmica entre como os homens florescem e as mulheres florescem como Deus os projetou para florescer quando um ato de autoridade está sendo exercido sobre um homem por uma mulher?
O sargento instrutor e o planejador da cidade
E então eu distingo entre exercícios pessoais e diretos de autoridade que envolvem masculinidade e feminilidade, e exercícios indiretos e impessoais de autoridade que não dizem respeito ao sexo biológico. Então, aqui está uma mulher, ela está bem ali. Ela é uma mulher. Eu sou um homem. E estou sendo pressionado diretamente por essa mulher de uma forma autoritária. Ela deveria estar fazendo isso? Eu deveria estar vivenciando isso? E minha resposta é não. Eu acho que isso é contrário à maneira como Deus nos fez.
Aqui está um exemplo do que quero dizer com essas duas palavras — pessoal e direto. Um sargento instrutor que chega na cara e diz: “Sentido! Um, dois! fique de boca fechada, soldado! Pegue seu rifle aqui! Vire-se como eu disse!” Não acho que uma mulher deva fazer isso com um homem porque é direto, é enérgico, é autoritário, é comprometer algo sobre a maneira como um homem e uma mulher foram projetados por Deus para se relacionar.
O oposto de pessoal e direto seria se ela fosse uma engenheira de tráfego urbano, por exemplo. Ela está sentada em um escritório, em uma mesa, desenhando qual rua deve ser de mão única e qual deve ser de mão dupla e, portanto, ela vai controlar em que direção os homens dirigem o dia todo. Isso é muita autoridade mas é totalmente impessoal e indireto e, portanto, não tem nenhuma dimensão de masculinidade ou feminilidade sobre isso. E por essa razão, não acho que isso contradiga em nada o que Paulo disse e com o que ele estava preocupado em 1 Timóteo 2.12.
Então, voltando à questão, eu colocaria a questão sobre uma mulher escrevendo um livro muito mais naquela categoria de “engenheira de tráfego urbano” do que a de um sargento instrutor, de modo que a abordagem pessoal e direta seja removida, e o homem não se sinta, nem ela se sinta, de forma alguma comprometidos por ele ler o livro e aprender com o livro. Essa é a maneira como tentei refletir sobre isso na sociedade, nos esforços acadêmicos e na igreja.
Uso público de escritos femininos
Então isso é ler e se beneficiar da exegese de uma mulher em particular. Você teria alguma reserva sobre citar algo escrito por uma mulher em um sermão público?
Acho que isso é apenas uma extensão do mesmo princípio. Em outras palavras, “Aqui está uma verdade. Uma mulher viu isso. Ela compartilhou isso em um livro, e agora eu o cito, porque não estou tendo um confronto direto e autoritário. Ela não está olhando para mim e me confrontando e me direcionando autoritariamente como uma mulher.”
Há essa interposição do fenômeno chamado livro e escrita que coloca a mulher como autora fora da vista do leitor e, em certo sentido, tira a dimensão de sua personalidade feminina. Enquanto isso, se ela estivesse bem na minha frente e me ensinando como minha pastora, semana após semana, eu não conseguiria fazer essa separação, pois creio que a Bíblia diz que as mulheres não devem assumir esse papel na igreja.
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