Um blog do Ministério Fiel
Transcrição do vídeo
Seja bem-vindo a mais um episódio do podcast John Piper Responde. Hoje temos uma pergunta sobre intimidade conjugal. Esta pergunta é muito franca, destinada a públicos maduros. Estevão, um ouvinte, escreve com uma pergunta comum que recebemos na caixa de entrada regularmente: “Olá, Pastor John! Em um episódio anterior, o senhor falou sobre atração sexual e argumentou que ela não é essencial para o casamento. Sou casado com uma mulher graciosa que, gentilmente, se dispõe a atender meus pedidos sexuais quando os peço, mas percebo que, embora eu precise de sexo, não o desejo quando sei que ela está me atendendo sem ter qualquer desejo sexual por mim. Se percebo que ela não sente nenhum prazer no ato, isso me causa uma sensação extremamente repulsiva. Que conselho o senhor teria para mim?”
Meu coração dói por Estevão quando ouço isso. Sei exatamente o que ele quer dizer. E acho que é normal e saudável, talvez com exceção de quando ele disse: “isso me causa uma sensação extremamente repulsiva“. Voltaremos a isso. Mas concordo: Deus fez as relações sexuais para serem profundamente mútuas no casamento, cada um dá, cada um recebe, cada um sente o ato como a consumação de uma união espiritual e pessoal mais ampla e profunda para a qual o sexo é apenas um dos pontos altos — mas importante. Cada um está dizendo: “A você e somente a você eu me dou desta forma. De você e somente a você eu recebo desta forma”. Existem tantos níveis nos quais a mutualidade das relações sexuais é significativa. Então, sim, é normal seu desânimo e tristeza pela falta de mutualidade.
A experiência de Estevão, de uma forma ou de outra, é bem comum. E precisamos ampliá-la e pensar sobre isso por um momento. Casais raramente têm o mesmo nível de interesse e paixão sobre relações sexuais. E isso em relação à frequência, local, tempo, métodos, privacidade, tipos de toque. Nenhum casal tem o mesmo nível de conforto com todas essas variáveis. Então parece que Estevão está lidando com um exemplo particularmente difícil do que é virtualmente comum a todos os casais: como viver sexualmente quando os desejos em todas essas áreas são frequentemente e significativamente diferentes — ou, pelo menos, em algumas delas.
Direitos do casamento
Então aqui está a passagem chave da Escritura onde Paulo aborda isso de forma bem direta: 1 Coríntios 7.3–5 diz:
“O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher. Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência.”
Agora, a coisa mais óbvia nesta passagem é que Paulo recomenda relações sexuais relativamente frequentes: “Não se recusem um ao outro, exceto talvez por acordo mútuo, por um tempo limitado, . . . mas depois ajuntem-se outra vez, para que Satanás não os tente.”
Preferindo-vos em honra uns aos outros
O que é menos óbvio é que os desejos de quem devem governar a forma como esse ato sexual acontece é desconcertante. O que acontece se você disser: “Esposa, atenda aos desejos de seu marido.” “Marido, atenda aos desejos de sua esposa” – que é, de fato, o que ele diz: ‘Porque a mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas o marido sim’. Portanto, ele pode fazer o que quiser. “Da mesma forma, o marido não tem autoridade sobre seu próprio corpo, mas a esposa tem.” Portanto, ela pode fazer o que quiser. Portanto, ela pode dar as ordens e ele pode dar as ordens.
Agora, o que você faz se as decisões não forem as mesmas? Não acho que Paulo tenha cometido um deslize aqui. Paulo não é esse tipo de pessoa, e ele é guiado pelo Espírito Santo. Acho que ele sabia exatamente o que estava fazendo. Ele sabia que estava lidando com um dos momentos emocionais mais profundos e complexos da vida humana, o que significa que qualquer fórmula simples para quem pode fazer o quê, quando, onde e como – uma fórmula simples – não se ajustará à realidade.
A realidade é que, em um casamento cristão, em que o casal está crescendo na graça, eles descobrirão isso de acordo com Romanos 12.10: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros”. Ou você poderia dizer graça ou misericórdia ou amor ou bondade ou gentileza ou o que quer que seja. É o tipo mais maravilhoso de competição: “preferindo-vos em honra uns aos outros”. Ela vai querer honrá-lo dando-lhe o que ele deseja. E ele vai querer honrá-la dando-lhe o que ela deseja – que pode ser menos do que o desejo dele. E eles orarão, conversarão, lutarão e ficarão muito frustrados ao longo do caminho.
Para Sua Alegria
Portanto, quero dar uma palavra à esposa de Estevão e depois a ele. Para a esposa dele: Certifique-se de nunca parar de crescer em maturidade emocional para poder se juntar às pessoas em sua alegria, fazendo coisas que você não gosta tanto de fazer. Isso, eu estou generalizando aqui. Não se trata apenas de sexo. Essa é uma questão geral de crescimento na vida cristã para todos nós. Isso se aplica especialmente ao seu marido e ele deve fazer o mesmo por você. Ele pode querer que você vá pescar ou jogar golfe, e você pode querer que ele assista ao tipo de filme que você gosta ou ir a um determinado evento que não o interessa.
E todos nós conhecemos pessoas que dizem sim a esses convites, mas de diversas maneiras, através de sua linguagem corporal, fazem questão de demonstrar tudo durante o evento: “Eu não quero estar aqui.” “Eu queria não estar pescando com você.” “Eu queria não assistir este filme idiota que você gosta tanto.” Essa é uma marca de profunda imaturidade e amor superficial. A necessidade é crescer e aprender a ser banhado em graça neste momento.
E isso se aplica especialmente ao leito conjugal. Não diga “sim” ao desejo do seu marido esta noite apenas por conformidade, para depois, de meia dúzia de formas diferentes, comunicar: “Eu gostaria de não estar aqui.” Isso pode ser uma revelação para você: você não precisa ter o mesmo tipo de prazer para fazê-lo sentir-se amado. Se você não está desfrutando plenamente das realidades físicas do toque e da união sexual, encontre alegria nas seguintes realidades:
- Encontre alegria no fato de que você pode dar prazer a ele.
- Encontre alegria no fato de que ele só deseja isso com você.
- Encontre alegria no privilégio de ele confiar a você a vulnerabilidade dele — física, emocional, e até um pouco ridícula — que seria embaraçosa em qualquer outro contexto. Ele confia isso a você.
- Encontre alegria na graça de Deus que está em você e no privilégio de poder se entregar a ele nessas situações.
Em outras palavras, uma esposa madura, em crescimento espiritual e cheia de graça, que não encontra prazer físico nas relações sexuais, ainda pode encontrar muitos outros prazeres nesse momento, por causa da forma como Deus o planejou. Existem maneiras de uma esposa madura se alegrar nesse momento íntimo.
Para a alegria dela
E só uma palavra de encerramento para Estevão. Eu diria: Não presuma o pior sobre ela. Assuma que mesmo sem desejos sexuais ela tem outros bons desejos para lhe agradar e que esse é um tipo de amor que você pode receber e aproveitar. Sim, você gostaria que ela fosse mais apaixonada, mais presente, mais engajada. Sim, você gostaria. Isso é normal. Isso é bom. Que marido não gostaria disso — ou esposa, se ele não está engajado.
Mas não deixe sua frustração se transformar em uma raiva crescente ou em repulsa. Não permita que sua decepção e as expectativas não atendidas evoluam para um desgosto que os afaste ainda mais. Faça o possível para transformar o encontro sexual em algo que ela aprecie de alguma forma. Isso pode significar que o que você diz a ela seja o que faz toda a diferença. Ela pode ansiar por esses momentos, mesmo que não pelo evento em si, por causa de suas palavras.
E eu orarei, realmente orarei. Vou orar por você, Estevão, e por sua esposa, para que ambos aprendam o segredo de preferirem um ao outro em mostrar honra e em proporcionar prazer.
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