O que a Bíblia fala sobre ateísmo?

Episódio do Podcast John Piper Responde

Acesso a todos os E-books da Editora Fiel por R$ 9,90.

Transcrição do vídeo

Seja bem-vindo a mais um episódio do podcast John Piper Responde! Hoje o pastor John responderá uma pergunta sobre ateísmo de uma ouvinte do nosso programa:

“Pastor John, tenho uma pergunta para você sobre o texto bíblico mais comumente citado sobre ateus na Bíblia, Salmo 14.1, sobre o tolo que diz em seu coração: ‘Não há Deus’. Pelo que entendi, isso não chega nem perto do ateísmo pós-moderno de nossos dias, que não existia nos dias de Davi. O que o Salmo 14.1 significa? Ou como você o interpreta? Acho que outra maneira de fazer a pergunta é esta: Deus acredita em ateus?”

Vamos citar os dois lugares mais óbvios nos Salmos onde o chamado ateísmo parece ser mencionado. E então citarei o que penso ser a melhor iluminação do Novo Testamento desses salmos, e então tentaremos relacionar isso à nossa situação atual.

É a este que ela se refere:

Diz o insensato no seu coração: Não há Deus.
Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem.

Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda,
se há quem busque a Deus. (Salmo 14.1–2)

Aqui está também o Salmo 10.3–4:

Pois o perverso se gloria da cobiça de sua alma,
o avarento maldiz o Senhor e blasfema contra ele.

O perverso, na sua soberba, não investiga;
que não há Deus são todas as suas cogitações.

Essas são as duas declarações mais claras dos Salmos sobre esse ateísmo.

Então, nossa ouvinte está certa de que nesses dois contextos há uma forte ênfase nas implicações práticas da afirmação de que não há Deus. E pode muito bem ser que a intenção primária do escritor seja dizer que, falando de forma prática, a declaração “Não há Deus” significa “Eu agirei como se não houvesse Deus e farei o que eu bem quiser”. É isso que alguns chamam de “ateísmo prático”. Mas vamos ver o que o apóstolo Paulo tem a dizer sobre os seres humanos e seu conhecimento de Deus.

Paulo sobre o ateísmo

“Há ateus?” poderíamos perguntar a Paulo. Aqui está Romanos 1.18:

A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça.

Essa é uma declaração crucial. Que verdade todos os seres humanos sem Cristo e sem o Espírito Santo, suprimem?

Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. (versículo 19)

Então, a resposta é que o que poderia ser conhecido sobre Deus está sendo suprimido pelos seres humanos.

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis. (versículo 20)

Então, Deus se revelou na natureza, e seu poder eterno e sua natureza divina são claramente percebidos por todos. Então o próximo versículo diz que eles conheciam Deus — todos eles:

Pois, embora conhecessem a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças. (versículo 21)

Então, Paulo está mantendo essa declaração surpreendente. Todos os seres humanos conhecem a Deus. Isso é notável. Ele pode estar pensando em textos como Salmo 19.1: “Os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento proclama a obra das suas mãos.” Se você não vê a obra das mãos de Deus e só vê estrelas, você não está vendo direito.

Um dia discursa a outro dia,
e uma noite revela conhecimento a outra noite.

Não há linguagem, nem há palavras,
e deles não se ouve nenhum som;

no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras,
té aos confins do mundo. Aí, pôs uma tenda para o sol,

o qual, como noivo que sai dos seus aposentos, se regozija como herói,
a percorrer o seu caminho.

(Salmo 19.2–5)

Há muitas mensagens no nascer do sol. Oh meu Deus — se tivéssemos olhos para ver. Então, Paulo diz que o “os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade são percebidos por meio das coisas que foram criadas.” (Romanos 1.20). Deus é um poeta. Ele está trabalhando em esculturas; ele está trabalhando em poemas; ele está escrevendo por todo o universo — se tivéssemos olhos para ler o que ele está escrevendo e dizendo!

Cinco maneiras de suprimir a verdade

Então, Paulo diz que todos os homens conhecem a Deus. Mas em Romanos 1.18 ele disse que, por causa da injustiça que habita em nós, todos suprimem a verdade (de uma forma ou de outra). Então, ao tentar entender o Salmo 14.1 — “O tolo diz em seu coração: ‘Não há Deus’” — temos que perguntar: De que maneiras o conhecimento de Deus que todos têm está sendo suprimido? De que maneiras ele pode ser suprimido?

Deixe-me sugerir cinco maneiras diferentes pelas quais a verdade da existência de Deus — como eternamente poderoso e tendo natureza divina — pode ser suprimida. Aqui estão os nomes que eu daria a eles:

  1. A não-realidade da existência de Deus.
  2. A existência não efetiva de Deus.
  3. A existência não experiencial de Deus.
  4. A existência indigna de Deus.
  5. A herética inexistência de Deus.

Então, é isso que quero dizer com essas cinco formas de negar Deus:

  1. A existência não-real de Deus é a alegação de que ele simplesmente não é uma realidade no universo. Ele simplesmente não está lá. A palavra chique seria uma negação metafísica. Ele não existe — ponto final.
  2. A existência não efetiva de Deus significa que ele simplesmente não é ativo. Qualquer existência que ele tenha, é efetivamente nada. Ele não intervém. Ele não age no mundo, seja o que for.
  3. A existência não experiencial de Deus significa que, qualquer que seja a existência que ele tenha, não significa nada para mim, para minha experiência. Não tenho interação com ele, e ele não tem influência na minha vida, na maneira como vivo.
  4. A existência indigna de Deus significa que ele pode existir, mas ele não é o tipo de ser que eu quero na minha vida. Eu não tenho nenhuma admiração por ele. Ele não é digno de nenhuma atenção minha. Eu escolho não acreditar que ele é bom ou sábio ou mesmo se ele existe. Não faz nenhuma diferença para mim. Eu não gosto do Deus que eu acho que pode existir.
  5. A herética inexistência de Deus — essa é, eu acho, a maneira mais comum de suprimir a verdade. Trata-se de acreditar em Deus com visões tão falsas que ele virtualmente não é o Deus verdadeiro. Você pode dizer que acredita em Deus, mas o deus em que acredita não existe. Essa é a não existência herética de Deus.

Agora, o ponto que estou tentando levantar é que há mais de uma maneira de suprimir o conhecimento da existência de Deus. Então, quando o Salmo 14:1 diz: “O tolo diz em seu coração: ‘Não há Deus'”, duvido que devamos restringir o significado a apenas um tipo de negação.

Eu não estaria tão confiante quanto nossa ouvinte, por exemplo, em dizer que nos dias de Davi todos tinham um deus. Certamente essa era a norma. Ela está certa. Quero dizer, todos eram mais ou menos religiosos, até onde sabemos. Mas, dada a falsidade do coração humano e o orgulho descarado que surge repetidamente, não me surpreenderia se houvesse pessoas e grupos de pessoas em Israel e outras nações que simplesmente dissessem: “É tudo uma grande máquina, e não há divindades”. Não sei. Eu simplesmente não seria ousado em dizer que ninguém assim existiu.

Cuidado com a loucura mortal

A relevância para nós é, primeiro, a percepção de que todos com quem falamos verdadeiramente, no fundo, têm uma consciência do Criador e Designer do universo. Isso é incrível. Todos com quem você fala na rua, no escritório, em casa, no telefone — todos conhecem Deus. E devemos orar e falar com a esperança de que esse Deus que eles conhecem toque em suas consciências e as façam se interessar pela mensagem bíblica de Deus em Cristo.

E a segunda relevância para nós é que é completamente tolo — e isso significa, em última análise, que é algo mortal — dizer que não há Deus. Em qualquer um desses cinco sentidos que descrevi, é mortal. Tanto Davi quanto Paulo concordam: com tantas evidências quanto Deus deu no mundo de sua existência, somente um tolo negaria. Davi diz: “O tolo diz em seu coração: ‘Não há Deus’”, e Paulo, surpreendentemente — talvez até fazendo uma referência ao salmo; não sei — diz em Romanos 1.22–23 : “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal.” Não queremos ser tolos. Então abraçamos Deus, e o abraçamos em Cristo.

 

Conheça os livros de John Piper pela Editora Fiel – clique aqui.

Veja mais episódios do John Piper Responde – clique aqui!

Por: JOHN PIPER. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Does God Believe in Atheists? | Tradução, revisão e edição por Vinicius Lima.