Um blog do Ministério Fiel
Transcrição do vídeo
Seja bem-vindo a mais um episódio do podcast John Piper Responde! Começamos com a pergunta de hoje de um ouvinte anônimo que está reunindo alguns textos sobre o tema do céu. Aqui está a pergunta:
“Olá, pastor John! Em Atos 7.48–49, lemos que ‘Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas; como diz o profeta: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso?’ Então, parece que Deus tem uma morada, uma que ele a fez. Ele não está confinado a tendas e templos construídos por humanos. E Jesus chama o céu de ‘o trono de Deus’ em Mateus 5.34. E Estêvão, durante seu apedrejamento, ‘olhando para o céu, viu a glória de Deus, e Jesus em pé à direita de Deus.’ Esse relato está em Atos 7.54–60.
“Então, parece que Deus tem uma morada, um lugar onde o Cristo ressuscitado agora habita. Se o Cristo encarnado está lá, presumo que seja um lugar físico. Você concorda? O céu é um lugar real agora? Onde ele fica — dentro ou fora da nossa criação conhecida? Este é o nosso lar eterno? É isto que desce à terra como a nova Jerusalém? O que você sabe sobre o céu como ele existe agora?”
Esta é uma grande pergunta! Oh meu Deus. O que eu sei?
Meu conselho para todos nós enquanto ponderamos o que significa que Deus está no céu, que o Cristo ressuscitado com seu corpo ressurreto está no céu, que morreremos e iremos para o céu, que o céu fará parte dos Novos Céus e da Nova Terra no fim dos tempos — meu conselho, enquanto ponderamos tudo isso, é que coloquemos a ênfase primária na dimensão relacional do céu, não na dimensão espacial do céu. E tentarei defender isso em apenas um minuto. Não quero dizer que não coloquemos ênfase na dimensão espacial, material e criacional do céu, mas que seja secundária.
Ou, para dizer de outra forma, acho que a Bíblia nos encoraja a focar em nosso estar com Cristo — com Deus — como a principal bênção do céu. E o fato de que eventualmente teremos corpos ressurretos em uma nova criação é uma realidade gloriosa, mas secundária. Agora, essa pode ser uma declaração controversa. Não sei. Acho que está certo. “Com Cristo” é algo primário; um novo corpo ressurreto glorioso, em uma nova criação, é secundário. Se não tivermos essa prioridade, será como se fôssemos admitidos na morada do rei, e ficássemos mais maravilhados com sua casa do que com sua própria sabedoria, poder e beleza moral, sua própria presença pessoal, o que acho que seria ofensivo ao rei.
Deus é espírito
Aqui estão algumas razões pelas quais digo isso. Primeiro, o próprio Deus é espírito e não é material. João 4.24: “Deus é espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” E Jesus disse: “Um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lucas 24.39). Portanto, Deus não tem dimensões espaciais. Portanto, quando a Bíblia fala de Deus estar em um lugar, está se referindo à sua influência especial naquele lugar ou à sua presença especial, pessoal e relacional naquele lugar. Não é espacial.
Acho que você pode resumir a realidade da presença de Deus — o que a presença de Deus significa? — de três maneiras. Uma, ele está em todo lugar porque não tem limites. E ele não está em nenhum lugar, nenhuma localização espacial, no sentido de que um espírito não ocupa nenhum espaço dimensional. E terceiro, ele está em lugares e pessoas específicas no sentido de exercer influência ou mostrar um relacionamento pessoal.
Então, falar do céu como a morada de Deus não é uma declaração espacial. É uma maneira de dizer que Deus está acima, fora de sua criação. Então, Salomão ora em 1 Reis 8.27: “Eis que os céus e até o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei.” Em outras palavras, suba pelos céus, e quando você chegar ao céu mais alto, Deus não estará lá. Essa não é sua casa. Não é onde ele mora. Ele está além. Ele está fora de sua criação. Deus não estará lá de forma limitada.
Ele está acima e fora do que ele fez. E não há categorias espaciais fora da criação material. Deus é espírito e, portanto, não habita espacialmente o espaço e o tempo. Ele está antes do espaço. Ele está antes do tempo. Tito 1.2 diz: “Antes que os tempos começassem” — é onde Deus estava. E, portanto, ele está fora do espaço e do tempo. Ele não está alojado no céu mais alto. Essa é minha primeira observação sobre o porquê de eu dizer que devemos ser lentos para falar do céu como um lugar espacial para Deus estar.
O corpo de Cristo é semelhante e diferente do nosso
Aqui está uma segunda razão pela qual eu acho que deveríamos enfatizar a realidade relacional do céu acima da realidade espacial. Embora Jesus hoje tenha um corpo ressurreto, e ele pudesse comer peixe naquele corpo ( Lucas 24:42 ), pelo menos três fatos bíblicos nos impedem de sermos simplistas ou ingênuos ao falar de sua localização em termos primariamente espaciais hoje.
Primeiro, Cristo hoje está sentado à direita de Deus. Colossenses 3.1: “Se, pois, fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.” Mas Deus não tem corpo. Ele não tem mãos físicas, nem direita nem esquerda. Ele não é material, nem espacial. Então, para Cristo estar à sua direita é estar em um relacionamento com ele que é real, autoritário, mas não espacial de nenhuma forma comum que possamos encaixar em nossas categorias. Isso é o primeiro.
Segunda observação: o corpo ressurreto que Jesus tem é semelhante e, ainda assim, diferente dos nossos corpos. Seus amigos puderam reconhecer Jesus depois que ele ressuscitou dos mortos. Eles puderam tocá-lo. Ele podia comer, mas também apareceu e desapareceu de maneiras estranhas, diferente dos nossos corpos. Agora, esse fato estranho, junto com o fato de que ele está à direita de Deus, deve nos alertar para o fato de que o reino espacial que ele habita, que é adequado ao seu tipo peculiar de corpo físico, não é como o nosso. Esse reino espacial não é um espaço comum como o conhecemos. Essa é a segunda observação.
Aqui está um terceiro fato bíblico para nos impedir de sermos muito simplistas sobre falar da localização de Cristo em termos primariamente espaciais. Para nós estarmos lá, estarmos no céu agora ou depois que morrermos ou na era vindoura — essa realidade de estar no céu, o Novo Testamento descreve principalmente em termos relacionais, não espaciais.
Colossenses 3.3: “Vocês morreram, e a sua vida está escondida com Cristo em Deus.” Isso é agora.
Filipenses 1.23: “Meu desejo é partir e estar com Cristo.” Isso é morte. Isso é muito melhor, ele diz.
2 Coríntios 5.8: “Preferimos deixar o corpo e habitar com o Senhor.”
João 17.24: “Pai, aqueles que me deste, eu desejo que onde eu estiver, estejam comigo para verem a minha glória.”
Por fim, 1 Tessalonicenses 4.17, sobre a segunda vinda: “Depois nós, os que estivermos vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.”
“Com Cristo”, “com Cristo”, “com o Senhor”, “comigo”, “com o Senhor” — essa é a ênfase do Novo Testamento. Não é errado pensar no céu hoje como um lugar onde Cristo se senta em autoridade suprema sobre a criação, contanto que percebamos que a realidade espacial deste lugar desafia a limitação às categorias comuns desta criação atual. Simplesmente não se encaixa no mundo que conhecemos agora. O céu terá aspectos familiares, mas aspectos vastamente novos e alucinantes. E faríamos bem em não focar no que não conhecemos, mas em fixar nossa atenção, nossa atenção principal, naquele que conhecemos e ser tão familiarizados com ele, conhecê-lo tão profundamente, descer a tais profundezas de amor por ele que estar com ele quando morrermos — e para sempre — tornará todas as realidades espaciais preciosas, mas secundárias.
Conheça os livros de John Piper pela Editora Fiel – clique aqui.
Veja mais episódios do John Piper Responde – clique aqui!