Como um seminarista pode crescer em conhecimento e também em humildade?

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Você conhece aquela tensão sobre a qual Paulo fala em 1 Coríntios — “O amor edifica, mas o conhecimento ensoberbece” (veja 1 Coríntios 8.1)? É um dilema e tanto, não é? Como você cresce em conhecimento sem crescer em orgulho?

Vamos falar deste assunto porque um ouvinte chamado Moisés está lutando com isso enquanto se prepara para ingressar no seminário nos próximos dias. Vamos ler a pergunta dele:

Olá, Pastor John! Tenho uma pergunta sobre minha preparação. Em breve, vou para o seminário estudar teologia. Quero que Jesus use este treinamento em minha vida para que eu dê muitos frutos para Ele. Mas, ao frequentar o seminário, temo me tornar orgulhoso, arrogante e dependente do conhecimento em vez de confiar no Espírito Santo. Minha pergunta: Como posso efetivamente fazer com que tudo o que aprendo transforme meu coração, e não apenas informe minha mente em vão?

Orgulho e seus esquemas

Deixe-me começar com uma ilustração da minha própria experiência sobre como combater o orgulho. Quando terminei a pós-graduação — e isso significa completar 22 anos de educação formal, entre os 6 e os 28 anos, sem interrupção —, assumi, quando toda essa formação terminou, um cargo como professor universitário, lecionando grego e estudos bíblicos. Ao mesmo tempo, publiquei minha dissertação e comecei a escrever artigos para periódicos importantes na área de estudos do Novo Testamento. Eu queria causar impacto em prol da veracidade bíblica. Queria fazer observações a partir da Bíblia, argumentos a favor de interpretações verdadeiras da Bíblia para a glória de Cristo. Então, orei por tudo isso.

Mas então, vários anos depois de começar a ensinar e escrever, surgiu um medo. O medo surgiu desse mesmo medo do nosso querido ouvinte Moisés — a saber: estou me tornando orgulhoso em minha busca em ser publicado? Especificamente, estou buscando o louvor dos homens em vez de amar o povo de Deus? Estou buscando me exaltar em vez de ser um servo que considera os outros mais importantes do que eu mesmo? Fiquei tão perturbado com essa questão e com a incerteza das minhas próprias motivações que decidi mudar meu foco (pelo menos temporariamente) da publicação para o ensino dos meus alunos, dedicando a maior parte da minha energia às minhas aulas na faculdade, em vez da publicação.

E aqui está o que descobri. Pouco depois de começar a dedicar a maior parte da minha energia a ser um professor eficaz e atencioso em sala de aula, comecei a ter as mesmas suspeitas sobre meus motivos para fazer isso. Será que eu sentia prazer inapropriado ao ser elogiado pelos alunos por palestras ou devocionais? Será que eu queria ter boas avaliações dos alunos no final do semestre mais do que o bem espiritual deles?

O verdadeiro campo de batalha

Aqui está a lição que aprendi: o orgulho é um inimigo da alma tão insidioso que o perseguirá, não importa quantas estratégias externas você crie para evitá-lo. A batalha contra o orgulho deve ser travada principalmente no nível espiritual, interior e invisível do coração, não principalmente no nível das circunstâncias externas — isto é, quer você esteja publicando ou ensinando.

Então, sim, Moisés, frequentar um curso teológico/ministerial e aprender cada vez mais sobre a Bíblia, sobre teologia e sobre Deus pode levar ao orgulho. Os fariseus provavelmente conheciam mais a Bíblia do que qualquer outra pessoa na Palestina, e eram os mais orgulhosos. O coração humano é desesperadamente corrupto, enganoso e pode até mesmo pegar as doutrinas mais destruidoras do orgulho e fazer com que você se orgulhe de segui-las. Ah, sim, o treinamento avançado em estudos bíblicos pode andar de mãos dadas com um espírito orgulhoso e arrogante. Sim, pode.

Mas aqui está o problema: evitar treinamento avançado em estudos bíblicos também pode andar de mãos dadas com um espírito orgulhoso e arrogante. Há tantas pessoas orgulhosas e sem instrução quanto pessoas orgulhosas e instruídas. Nenhuma classe social, nenhum nível de educação, cultura, riqueza ou vocação tem poder sobre o orgulho. Se você acha que ficar a sós com o Espírito Santo, elaborar suas próprias interpretações e depois contar a outras pessoas o que você acha que Deus lhe mostrou será uma salvaguarda contra o orgulho, você está redondamente enganado. É mais provável que sentar em uma sala de aula com outros alunos ouvindo um professor sábio seja uma experiência muito humilhante, em vez de presumir que pode obter tudo o que precisa sozinho, sem a contribuição do corpo de Cristo.

Então, como você pode lutar essa batalha interior, que não pode ser vencida mudando suas circunstâncias externas? Ela só pode ser vencida por meio dessa guerra espiritual interior. Aqui estão minhas sugestões. É assim que tenho tentado lutar contra o orgulho.

Armas da Humildade

Primeiro, procure maravilhar-se continuamente por ter sido salvo do inferno, salvo por pura graça soberana, imerecida e indescritivelmente preciosa. Nunca ultrapasse o espanto de que Deus o salvou — de que Deus o escolheu, de que Cristo morreu por você, de que o Espírito o atraiu e de que Ele lhe mostra paciência cem vezes todos os dias por causa das suas falhas. Nunca deixe que isso se torne, de alguma forma satânica, motivo para vanglória, mas sempre motivo para humildade. “Estou salvo — completamente imerecido. Estou salvo!” Que esse seja o seu principal espanto. Que seja o seu cântico.

Em segundo lugar, tenha sempre em mente que absolutamente tudo o que você é e tem é um presente imerecido. Paulo diz: “O que você tem que não tenha recebido? Se, pois, o recebeu, por que se vangloria como se não o tivesse recebido?” (1 Coríntios 4.7). Diga a Deus todos os dias: “Eu não sou Deus. Eu não sou meu. Eu pertenço inteiramente a ti. Eu não sou Senhor; eu sou um servo. Estou totalmente à sua disposição. Tu podes me tirar quando quiseres. Tu não podes me fazer um mal que eu não mereça.” Tudo é um presente imerecido — cada respiração, cada batida do coração. Mantenha isso sempre em mente.

Terceiro, ore continuamente para que Deus aja em sua vida para impedi-lo de ser enganado, achando que você é alguma coisa quando não é nada. Paulo disse: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento. De modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas Deus, que dá o crescimento” (1 Coríntios 3.6-7). Portanto, ore para que Deus realize o milagre da humildade abnegada em você e o proteja da autodependência e da autoexaltação. Ore, ore, ore por isso.

Em quarto lugar, em tudo o que fizer, dedique-se a servir aos outros em nome de Jesus. Não se exalte acima dos outros; viva para o bem dos outros. Meça tudo pelo amor. Mesmo que receba alguma forma de liderança, pense sempre nisso como um chamado para servir aos outros. Viva intensamente em Filipenses 2.1-11, até que a mente de Cristo seja formada em você. Seja um servo. Seja um servo.

E, finalmente, em quinto lugar, como Paulo diz em Romanos 8.13, matem, pelo Espírito, toda tentação à autoexaltação. Estejam atentos às sutilezas do orgulho e empunhem a espada do Espírito, a Palavra de Deus, e esfaqueiem até a morte toda tentação crescente de se engrandecer.

Então, Moisés, a questão não é se você vai ou não para o seminário. A questão é a batalha interior. Oro para que Deus lhe dê grande vitória.

 

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