Escolhido por Deus (Efésios 1.4-6)

 

Em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado. (Efésios 1.4-6)

 

Em O mercador de Veneza, de William Shakespeare, a personagem Pórcia oferece um solilóquio que ilustra a consideração do dramaturgo pelos princípios da misericórdia e do perdão:

Embora a justiça seja o seu apelo, considere o seguinte:

Caso, no curso da justiça, nenhum de nós

Veja a salvação. Oremos por misericórdia.[1]

Ao considerarmos a doutrina da eleição — que Deus “nos predestinou […] para a adoção” —, não precisamos perguntar “Por que Deus não escolheria a todos?”, mas sim “Por que Deus escolheria ter misericórdia de alguém?”. A verdade é que, se apenas a justiça fosse feita, todos nós enfrentaríamos a condenação, pois a condenação é o que nosso pecado merece. Contudo, em seu amor por nós, Deus escolheu que “não [pereçamos], mas [tenhamos] a vida eterna” (Jo 3.16). Ele não nos escolheu por causa de qualquer coisa em nós (o que seria motivo para nos orgulharmos de nós mesmos), mas simplesmente por causa do amor que está nele (o que deve nos levar a louvá-lo e adorá-lo).

Um efeito que a compreensão de nossa eleição tem sobre nós como cristãos é que ela nos obriga a levar nosso pecado cada vez mais a sério, pois o propósito de ele nos escolher é que “[sejamos] santos e irrepreensíveis perante ele” (Ef 1.4). Em outras palavras, embora ele não tenha nos escolhido porque somos santos, fomos escolhidos para que possamos nos tornar santos. Há algo terrivelmente errado quando a crença no amor eletivo de Deus resulta em declararmos o direito de viver da maneira como escolhermos. Na verdade, os indivíduos que vivem constantemente e continuamente em pecado, mas reivindicam a salvação, mostram que não entenderam a Deus ou seu Evangelho.

Em contraste, a evidência de que fomos escolhidos por Deus, separados para ele e ministrados por ele através do Espírito Santo é, em última análise, vista à medida que somos cada vez mais conformados à imagem de seu Filho. O crescimento na pureza moral é a indicação final de uma profunda devoção a Jesus Cristo. Um interesse genuíno e uma admiração pelo amor eletivo de Deus produzem em nós uma conformidade com a própria beleza de Jesus.

O que esperamos ver na vida das pessoas que realmente entendem isso? Provavelmente não é fanfarronice, conversa egocêntrica ou defesas vazias da fé cristã. Não — veremos a humildade coexistindo com a certeza, a conversa deles cheia de Cristo em vez de si mesmos, e vidas de alegria e sacrifício. Isso pode ser, e deve ser, o que você vê em si mesmo, imperfeitamente, mas cada vez mais. E é isso que crescerá em você à medida que disser para si mesmo com um sorriso e um sentimento de admiração: “Não é que eu tenha escolhido a ele; ele escolheu a mim”.

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[1] William Shakespeare, O Mercador de Veneza, Ato 4, Cena 1.