[Palavras de Amor] Benjamin Beddome & Anne Steele

Somos o que amamos, não o que sabemos. (Richard Sibbes)


Abaixo segue um trecho do lançamento Palavras de Amor, da Editora Fiel.

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Benjamin Beddome & Anne Steele

Os dois principais compositores de hinos batistas calvinistas do século XVIII foram, sem dúvida alguma, Benjamin Beddome (1717-1795), que foi pastor da causa batista a partir de 1740, em Bourton-on-the-Water, em Gloucestershire; e Anne Steele (1717-1778), filha do pastor batista, fazendeiro e madeireiro de Hampshire, William Steele (1689-1769). Seus hinos foram um instrumento de revitalização para a comunidade batista calvinista inglesa do final século XVIII.

[…] Alguns anos atrás, Broome descobriu uma carta em meio aos papéis de Steele, nos arquivos da Biblioteca Angus, na Faculdade Regent’s Park, em Oxford, que revelava uma ligação entre esses dois grandes hinistas. Na verdade, parece que Beddome lhe fez uma proposta de casamento em 23 de dezembro de 1742, a qual foi rejeitada por Anne. O território do amor tem os seus altos e baixos, e rejeitar ofertas de amor não são aspectos incomuns na topografia desse mapa.

[…] Numa perspectiva mais otimista, podemos ver a maneira como o hinista Beddome fez uso da poesia para expressar seus sentimentos — nesse caso, da poesia de John Milton (1608-1674) — esse é um excelente lembrete do papel que a poesia desempenha naturalmente na comunicação do amor.

De Benjamin Beddome à Anne Steele

Prezada Senhorita,

Perdoe-me pelo atrevimento que me induz a lançar essas poucas linhas aos teus pés. Se o fato de pensar constantemente em tua pessoa e o dissabor em relação a todas as demais coisas puderem ser considerados como evidências de amor, então, é certo que estou experimentando a paixão. Se a grandeza do amor de uma pessoa puder compensar a falta de habilidades, riquezas ou beleza, então, humildemente rogo o teu favor. Desde que tive a felicidade de ver-te pela primeira vez, tenho pensado muito na bela descrição que Milton faz de Eva, no livro:

… pareceu-me tão bela e tão amável,

Que tudo quanto dantes no Universo

Julgara belo agora o cri mediano, —

Ou que do Mundo as formosuras todas

Em corpo tão gentil se resumiam,

Principalmente nos benignos olhos

Que desde então mimosos infundiram

Dentro em meu coração tanta doçura,

Qual nunca exp’rimentado havia dantes…

Senhorita, dê-me tua licença para dizer-te que essas palavras expressam a verdadeira experiência de minha alma e que penso não ser possível deixar de te amar. A senhorita permitiria que eu me achegasse e expusesse diante de ti aquelas declarações de uma mente confusa, as quais não podem ser representadas por meio de uma mão trêmula e uma pena de escrita? Permita-me que eu me lance aos teus pés e diga o quanto te amo, e o quanto tu poderias aliviar um espírito oprimido. Ao mesmo tempo, dê-me uma oportunidade de declarar-te, sem rodeios, que sou, com sinceridade,

Um servo devotado a ti,

— Benjamin