Alan Cristie – Um resumo da Conferência Atos 29 (2º dia)

O Rio de Janeiro teve o prazer de sediar a conferência da Atos 29 Brasil, a qual se deu no Rio’s Presidente Hotel. O Voltemos ao Evangelho foi convidado a fazer a cobertura da conferência, e eu, Alan, estive lá com o maior prazer.

Leia o resumo do 1º dia aqui.

No segundo dia do evento, os preletores foram Jay Bauman, Renaut van der Reit e Chan Kilgore.

Trabalhadores e Colaboradores (Jay Bauman)

Tivemos o prazer de começar o segundo dia com Jay Bauman falando sobre colaboração e sobre como o crescimento da igreja que plantamos não depende de nós. Baseado no texto de 1 Coríntios 3.7, ele nos entrega a necessidade de sermos inculcados com a verdade de que a Igreja é do Senhor, e é Ele quem dá o crescimento. Usando como figura a experiência de um fazendeiro comum, Bauman nos mostra que nós, os que plantamos, não somos nada, tampouco aqueles que regam. Ele destaca que:

1) Você não é o dono da lavoura, nem tem controle sobre os elementos, sobre o tempo etc. Na verdade, você não tem o controle sobre quase nada.

2) Nós mesmos somos aquilo que se coloca entre onde estamos e aonde queremos chegar. Podemos culpar a cultura, a falta de evangelismo, a falta de oração, ou até mesmo o diabo, mas nós é que temos de ser despertados pelo evangelho ao ponto de compreendermos que somente Deus tem controle sobre as plantações, portanto somente Ele pode trazer crescimento às nossas igrejas.

3) Tendemos a estruturar para nós mesmos um reino quando plantamos igrejas, e esperamos ser as estrelas. Esperamos ser o motivo pelo qual as pessoas vêm à igreja. Às vezes nosso verso favorito é “quão formosos são os pés dos que anunciam as boas novas”, e achamos que devemos receber elogios por aquilo que fazemos. Contudo, pastores celebridades não transformarão a cidade. Deus o fará.

4) Em 1Coríntios 3.9, Paulo nos chama de “co-laboradores” ou “co-operadores”. Isso significa que devemos trabalhar juntos por uma única causa, e não por uma causa própria e egoísta.

5) Meros homens seguem apenas a homens. Colaboradores trabalham para o Rei. Sendo um pastor celebridade ou uma celebridade de novela, você terá pessoas o seguindo. E das duas formas você será carnal.

Carregando o Jugo de Cristo (Renaut van der Reit)

Com tantos excelentes pregadores na conferência, fica difícil escolher um que tenha me cativado mais. Mas, se eu fosse obrigado, acho que seria o Renaut. Usando uma linguagem simples e falando de coisas tão pessoais, Renaut pregou sobre plantar e pastorear uma igreja saudável.

Usando como exemplo um anel com o nome de sua família que tem sido passado de pai para filho há muitas gerações, ele nos explica o significado de “jugo” na cultura judaica da época de Jesus. Ele diz que “o jugo de um rabi é sua interpretação das Escrituras. Quando eles argumentam, eles argumentam seus jugos, sua ideologia, sua teologia, seu entendimento das Escrituras.” E que “uma vez que o próprio Jesus é o autor das Escrituras, deveríamos prestar atenção a seu jugo.” E o jugo de Jesus simplificado seria “Amarás o teu Deus de todo o teu coração e de todo o teu entendimento, e o teu próximo como a ti mesmo”. Então, em Atos 1, Jesus ordena seus discípulos a carregarem seu nome por todo o mundo.

Renaut mostra como carregar o nome de Cristo e viver seu jugo deve refletir em nossa vida:

1) Em Atos 2, Deus volta tangivelmente à vida dos discípulos, e isso lhes dá um poder para anunciar o evangelho que não vem deles mesmos. Portanto, a igreja nasce e possui pessoas para liderar, gerenciar, ensinar, etc.

2) No capítulo 4, a perseguição começa e os discípulos testemunham ousadamente de Cristo mesmo sendo perseguidos. Neste ponto a proclamação do evangelho é tanto verbal quanto comportamental.

3) Vemos a ousadia dos discípulos mais claramente no capítulo 5, versos 40 a 42. Eles se alegram em sofrer pelo nome. Que honra carregar o nome de Jesus!

4) Se quisermos plantar igrejas saudáveis, não devemos plantar igrejas, mas carregar o nome de Jesus e seu jugo, o evangelho.

5) Se o que o cativa é a plantação ou o pastoreio de igrejas, por favor: não faça. Pois você estará na missão errada, cativado pelas coisas erradas, e isso certamente não gerará uma igreja saudável.

A Verdadeira Guerra Espiritual (Chan Kilgore)

Após a mesa redonda, tivemos um coffee-break bem bacana seguido por uma das mensagens que mais me tocaram na conferência inteira. Digo isso porque ela fala de um ponto muito familiar para nós brasileiros, e sobre o qual nós reformados torcemos tanto o nariz. Usando o texto imprescindível de Efésios 6, Chan Kilgore nos relatou como nunca ninguém o havia preparado para a batalha espiritual que ele encontraria no ministério, como ele seria atacado em seu casamento, seus filhos e sua igreja. Parafraseando John Piper, ele diz que Jesus teve de enfrentar a ação demoníaca já no começo de seu ministério, e isso se repetiu até o fim. E nós também enfrentaremos.

Então, ele nos dá um pouco de teologia bíblica sobre guerra espiritual e como resistir aos ataques de Satanás:

1) O objetivo de Satanás em toda a história é diminuir a glória de Deus no coração e na mente da humanidade. A missão de Satanás é uma tentativa desesperada de ofuscar a glória de Deus nos portadores de sua imagem. E ele faz isso valendo-se de mentiras.

2) Eu não sou o alvo principal dos ataques satânicos. Satanás só nos ataca porque somos portadores da glória de Deus. Satanás não está desesperadamente tentando carregar o máximo de pessoas que ele puder para onde ele está condenado. Seu orgulho é tão grande que ele pensa que Deus está mentindo e que poderá vencê-Lo no final. Portanto, o objetivo final dele não é nos atacar, mas diminuir a glória de Deus.

3) Muitos ensinos sobre guerra espiritual se concentram-se em você ser livre, deixar de ser atacado, deixar de ser escravo de Satanás, contudo, devemos ter uma visão teocêntrica da batalha espiritual. Satanás nos engana de forma sutil para que acreditemos que estamos no centro da guerra espiritual, porque toda vez que nos colocamos no centro de qualquer coisa, estamos substituindo Deus. Este é o ataque de Satanás desde a Queda.

4) Satanás tentará de todas as formas fazê-lo desacreditar na obra suficiente da cruz de Cristo. E se você crer em Satanás ou duvidar da misericórdia de Deus, tentará fazer coisas para merecer o perdão de Deus, sendo compelido à “autocondenação” ou “autosalvação”. Ambas as coisas resultarão em escravidão e desespero. Este é seu mais poderoso ataque: fazer-nos duvidar da suficiência da obra de Cristo na cruz.

5) Para derrotar Satanás, devemos viver diariamente nos declinando sob a cruz. A cruz é uma lembrança de que Cristo é vitorioso e Satanás foi derrotado.

6) Alguns de nós viemos de tradições onde a atuação demoníaca nunca é comentada ou reconhecida. E outros vêm de tradições onde se acredita que Satanás esta atrás de cada arbusto. Para termos uma visão verdadeira e equilibrada sobre a guerra espiritual, devemos focar na cruz de Cristo.

7) Se o principal objetivo de Satanás é diminuir a glória de Deus, nossa melhor resposta contra ele é a palavra de nosso testemunho. Devemos nos agarrar à cruz para sermos vitoriosos contra Satanás e seus demônios.

Muito obrigado!

Queremos agradecer à Atos 29 Brasil por nos convidar tão graciosamente para fazer a cobertura da conferência – em especial ao Robson Marinho, que se manteve em contato conosco e nos deu todo o suporte necessário, bem com a todos os preletores que tanto nos abençoaram nesses dois dias.

Foi um prazer reencontrar amigos e fazer novos amigos, o que me fez ver que Deus está operando de tal maneira que jamais podemos dizer que estamos sozinhos nessa luta pelo retorno ao verdadeiro Evangelho de nosso Senhor.

Se você esteve na conferência, compartilhe como foi sua experiência. Conte-nos o que mais te tocou.

Por Alan Cristie © Voltemos ao Evangelho.

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