Uma Carta de John Newton [Controvérsia 3/7]

Começamos uma série de 7 postagens sobre como lidar de forma cristã com controvérsias. É difícil expressar a importância da leitura desta série, principalmente se você tem se engajado nos intermináveis debates via internet.

Um pastor, prestes a escrever um artigo criticando um colega pastor por sua falta de ortodoxia, escreveu a John Newton sobre suas intenções. O que segue é a (terceiraparte da) carta resposta de Newton:

[parte 1 / parte 2]

Considere a si mesmo

Isto me leva, em último lugar, a considerar nosso interesse em seu atual empreendimento. Parece um serviço louvável defender a fé que uma vez foi entregue aos santos. Somos ordenados a batalhar diligentemente por esta fé e convencer os que se opõem. Se tais defesas foram convenientes e oportunas em tempos passados, parecem que elas também o são em nossos dias, quando erros abundam por todos os lados e cada verdade do evangelho é negada de modo direto ou apresentada de modo grotesco.

Além disso, encontramos poucos escritores de controvérsia que não têm sido claramente prejudicados por ela — ou por desenvolverem um senso de importância pessoal, ou por absorverem um espírito de contenção irada, ou por afastarem insensivelmente sua atenção das coisas que constituem o alimento e a sustentação imediata da vida de fé e gastarem seu tempo e forças em assuntos que, em sua maioria, são apenas de valor secundário. Isto nos mostra que, se o serviço é louvável, ele é também perigoso. Que benefício um homem pode ter em ganhar a sua causa, silenciar o adversário, se, ao mesmo tempo, ele perde aquele espírito de humildade e contrição que deleita o Senhor e conta com a promessa de sua presença?

Sem dúvida alguma, o seu alvo é bom, mas você tem necessidade de vigilância e oração, pois Satanás estará à sua mão direita para opor-se a você. Ele tentará destruir suas opiniões. E, embora você se levante em defesa da causa de Deus, ela pode tornar-se sua própria causa, se você não estiver olhando continuamente para o Senhor, a fim de ser guardado e alertado por Ele, naquelas disposições que são incoerentes com a verdadeira paz de espírito; isto certamente obstruirá a comunhão com Deus.

Esteja alerta contra o permitir que alguma coisa pessoal entre no debate. Se você acha que foi injuriado, terá a oportunidade de mostrar que é um discípulo de Cristo, pois Ele, “quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças” (1 Pe 2.23). Este é o nosso padrão; por isso, temos de escrever e falar por Deus, “não pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados” (1 Pe 3.9).

A sabedoria que vem do alto não é somente pura, mas também pacífica e cordial. A falta destas qualidades, à semelhança da mosca morta em uma vasilha de ungüento, estragará o sabor e a eficácia de nossos labores.

Se agirmos com espírito errado, traremos pouca glória para Deus, faremos pouco bem ao nosso próximo e não obteremos nem descanso nem honra para nós mesmos.

Se você puder se contentar com o expressar a sua opinião e, assim, conquistar o sorriso de seu oponente, isto será uma tarefa fácil. Mas espero que você tenha outro alvo mais nobre e que, estando sensível à solene importância das verdades do evangelho e à compaixão pelas almas dos homens, você preferirá ser um meio de remover preconceitos em uma única ocasião a obter os aplausos inúteis de milhares. Portanto, vá em frente, no nome e na força do Senhor dos Exércitos, falando a verdade em amor. E que o próprio Senhor dê em muitos corações um testemunho de que você é ensinado por Ele e favorecido com a unção do Espírito Santo.

Por John Newton.

Tradução: editorafiel.com.br

Revisão: voltemosaoevangelho.com