Perseverança – Mark Dever (Reprise: Conferência Fiel Pastores e Líderes 2016)

Resumo

Perseverança: força para uma reforma lenta e os perigos de resultados imediatos

Quero falar hoje sobre a diferença entre a posição debaixo do holofote e o assento dos presbíteros.

As alegrias do holofote

Por holofote quero dizer a prática ministerial que ressalta as habilidades do pregador. Tais buscam resultados rápidos. O trabalho ministerial pode ser urgente, mas não rápido.

E para obterem esses resultados, vários ministros acabam diluindo o evangelho e desprezando a membresia. O desejo por grandes números acaba parecendo então com maquiar defuntos, matando e abafando o verdadeiro trabalho do evangelho. Precisamos nos lembrar que o evangelho não pode ser um produto que a igreja vende, pois não existem consumidores que desejam o evangelho.

Temos que essa mentalidade nos afaste do trabalho longo, lento e constante que dará resultados amanhã. Irmãos, somente Deus é o avaliador supremo de nosso ministério. Será, então, que maior e mais rápido é sempre melhor que menor e mais lento?

Pastor, creio que você precisa de uma alegria vinda de Deus para sustentá-lo fielmente no ministério. Hebreus 12.2 nos diz para olhar para o Autor e Consumador da fé, o qual suportou a cruz em troca da alegria que lhe estava proposta!

Só que essa alegria do holofote podem até parecer que irão nos sustentar em um primeiro momento, mas não vão. De fato, elas podem até matar nosso ministério. Se queremos ver o aumento de igrejas saudáveis, precisamos repensar o que é, de fato, plantar e pastorear igrejas. Como mudaríamos nossa concepção de ministério se soubéssemos que ele leva tempo? Lembre-se que a semente que cresce rapidamente não perseverou na provação (Mc 4.5-6).

As alegrias do assentos dos presbíteros

Nas igrejas tradicionais antigas, havia assentos na frente voltados para a congregação nos quais os presbíteros sentavam e olhavam para a congregação. Esse assento representava a supervisão pastoral. Você olha para a congregação e reconhece sua incapacidade de cuidar de todas aquelas ovelhas e, então, você ora, sabendo que só Deus pode levá-los à glória!

Amado pastor, não é nossa responsabilidade determinar o número de conversões e batismos que teremos. Nosso trabalho é sermos fiéis naquilo que devemos fazer. Os resultados estão nas boas mãos de Deus.

Deixe-me relatar diversas alegrias piedosas e duradouras que temos no ministério:

1) A alegria de descansar na suficiência das Escrituras. Durante a Reforma, a Igreja Católica cria que a Escritura era verdadeira. Porém, toda a polêmica da Reforma era se a Escritura era suficiente ou se precisávamos da sabedoria humana. Vejo pastores, que não confiam na suficiência das Escrituras, sucumbindo diante da opressão de pensando em formas novas e carnais de atrair as pessoas. A Bíblia é clara sobre o que é a igreja local e o que ela deve fazer. Não devemos reinventar isso.

2) A alegria de ver pessoas convertidas. Não saber somente os números, mas conhecer nomes específicos que foram convertidas através do ministério de sua igreja ou da sua pregação ou da sua evangelização. Não quero que você fique desencorajado que batizou 15 pessoas, quando seu alvo era 50. São 15 pessoas que passaram da morte para a vida!

3) A alegria de ver o trabalho de Deus na vida da sua congregação. Para apreciar o que Deus está fazendo, você precisa conhecer os membros de sua igreja. Persevere em oração por aqueles que Deus confiou debaixo do seu pastoreio.

4) A alegria de ver a congregação cantando louvores a Deus.

5) A alegria de saber que o estado de seus membros é mais importante que o número deles.

6) A alegria de ouvir outras pessoas pregando sermões melhores que o seu.

7) A alegria de estar mais empolgado com o trabalho de Deus do que com o seu.

8) A alegria de saber que o peso do mundo está nos ombros de Deus e não nos nossos.

9) A alegria de desejar o céu juntos (e de fazer o funeral de membros idosos).

10) A alegria de esperarem juntos pelas promessas de um Deus fiel. Quando tentamos apressar os resultados jogamos fora toda a teologia bíblica de espera pelas promessas do Senhor. Quando esperamos em Deus confiamos na ajuda que vem dos céus e não dos homens.

Eu não sou contra velocidade, mas não podemos nos centrar em um crescimento rápido. Eu amo ver Deus trazer rapidamente as pessoas a si. Porém, estamos errados se planejamos por resultados rápidos. Devemos trabalhar fielmente e a cada dia, esperando os resultados do Senhor.

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