Um blog do Ministério Fiel
Cansada? Deus proverá os recursos diários para o descanso
O texto abaixo foi extraído do livro Mulher, Cristã e Bem-sucedida – Redefinindo Biblicamente o Trabalho Dentro e Fora do Lar, de Carolyn McCulley e Nora Shank, da Editora Fiel.
Para as cansadas, recursos para o descanso
Quando pensamos nas pessoas que viviam nos tempos bíblicos, podemos imaginar o cenário estático do nascimento de Cristo na manjedoura, cercada de animais, onde todo mundo está num tablado congelado de descanso perpétuo. Mas essa não era a realidade, certamente não para os israelitas quando eram escravos no Egito. Eles eram afligidos pelo trabalho incessante de fazer tijolos — e sem a palha que precisavam para fazê-los. Então, clamaram ao Senhor por alívio e ele os ouviu (Êxodo 2.23–25). Por meio de Moisés, o Senhor os livrou da escravidão e os enviou a uma jornada até “uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel” (Êxodo 3.8).
Mas a viagem era longa e árdua, e os israelitas esqueceram rapidamente as promessas para o futuro que Deus lhes fizera, bem como quão miserável era seu passado. Eles murmuraram que tinham fome no deserto, lembrando com saudades de “quando estávamos sentados junto às panelas de carne e comíamos pão a fartar!” (Êxodo 16.3). Pior, acusaram Moisés de liderança negligente, dizendo: “você nos trouxe aqui ao deserto para fazer toda essa assembleia morrer de fome!”.
O Senhor ouviu suas queixas e, então, decidiu “fazer chover pão do céu”. Por seis dias, aparecia o maná na superfície do deserto — uma substância em flocos semelhantes a um wafer adocicado. Havia sempre o suficiente para cada pessoa colher duas medidas. Mas, no sétimo dia, não aparecia maná. A porção dobrada de maná que os israelitas colhiam no sexto dia permanecia fresca no sétimo dia — ao contrário do resto da semana — para que eles pudessem deixar de colher o alimento e descansar. No entanto, nem todas as pessoas acreditavam que a provisão viria conforme Deus prometera.
No sétimo dia, saíram alguns do povo para o colher, porém não o acharam.
Então, disse o Senhor a Moisés: Até quando recusareis guardar os meus mandamentos e as minhas leis? Considerai que o Senhor vos deu o sábado; por isso, ele, no sexto dia, vos dá pão para dois dias; cada um fique onde está, ninguém saia do seu lugar no sétimo dia. Assim, descansou o povo no sétimo dia (Êxodo 16.27-30).
Depois de inicialmente desobedecer a essas ordens, os israelitas aprenderam uma importante lição sobre o descanso: Deus proverá os recursos necessários para fazer cessar os trabalhos diários. Em seu reino, não é preciso trabalhar de modo incessante. Podemos confiar nele para nos prover quando precisamos de uma folga — que promessa incrível! Servimos a um Deus que nos dá propósito para nosso labor e recursos para nosso descanso.
A Marca do Descanso
Existe outro aspecto de descanso que encontramos nesta história. Quando Moisés apresentou os Dez Mandamentos, os israelitas aprenderam que Deus tem mais um propósito para o descanso: o Sabbath marca o povo de Deus como sendo separado para a sua glória.
Disse mais o SENHOR a Moisés: Tu, pois, falarás aos filhos de Israel e lhes dirás: Certamente, guardareis os meus sábados; pois é sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica. Portanto, guardareis o sábado, porque é santo para vós outros; aquele que o profanar morrerá; pois qualquer que nele fizer alguma obra será eliminado do meio do seu povo (Êxodo 31.12–14).
Em forte contraste com as culturas circunvizinhas, onde o trabalho jamais cessava, o Senhor deu a seu povo um dia de descanso. Ele ainda lhes disse a razão: um dia de descanso, o sábado, era um sinal da aliança entre eles e seu Deus. Era uma expressão externa de sua confiança em Deus, uma demonstração física de adoração para aqueles que os observavam. Descansar os diferenciava do modo como o restante do mundo operava.
Esse é o ponto de repreensão de Deus em Isaías 30. Ele diz que o povo havia depositado sua confiança numa aliança com o Egito sem consultá-lo (no Egito — justamente onde eles haviam sido escravos!) e não descansou em sua promessa de cuidar deles. Trocaram o descanso e a provisão por opressão e engano.
Porque assim diz o SENHOR Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes. Antes, dizeis: Não, sobre cavalos fugiremos; portanto, fugireis; e: Sobre cavalos ligeiros cavalgaremos; sim, ligeiros serão os vossos perseguidores (Isaías 30.15–16).
Por muitos anos, eu tinha um trabalho de arte inscrito com esse versículo, pendurado no lugar em que eu fazia meu culto doméstico. Era uma lembrança visível de que minha força não está em mim, mas em Deus, em quem confio. Descansar é uma escolha de fé — um ato físico de dizer que Deus cumpre o que promete. Esse não é um problema moderno. Conquanto a tecnologia possa ter aumentado as distrações, a quietude e a confiança diante do Senhor, trata-se de uma questão muito antiga. Pode ser que não pensemos que cavalos velozes vão nos salvar, mas nosso modelo de trabalho revela aquilo que achamos que vai nos salvar. Mais importante, a marca do descanso demonstra que somos pessoas libertas. A esse respeito, Tim Keller assinala: Deus libertou seu povo quando eram escravos no Egito e, em Deuteronômio 5.12–15, Deus associa o sábado à liberdade da escravidão. Qualquer um que trabalhe demais é realmente escravo. Qualquer um que não consiga descansar do trabalho é escravo — da necessidade de sucesso, de uma cultura materialista, de empregadores que exploram o empregado, escravo das expectativas dos pais ou de todas as coisas acima. Esses senhores de escravos abusam de você se não for disciplinado na prática do descanso do sábado. O sábado é uma declaração de liberdade.
Assim, o sábado trata de mais que o descanso externo do corpo; trata do resultado interno da alma. Precisamos descansar da ansiedade e do esforço por trabalhar demais, que realmente é uma tentativa de nos justificar — obter o dinheiro, ou o status, ou a reputação que achamos que devermos ter. Evitar o trabalho em demasia requer descanso profundo na obra acabada de Cristo por nossa salvação (Hebreus 4.1–10). Só então, seremos capazes de “nos afastar” regularmente de nosso trabalho vocacional e descansar.