Um blog do Ministério Fiel
Evangelização de intelectuais – Aprenda a evangelizar com Paulo (11/13)
Damos continuidade a série de postagem “Aprenda a evangelizar com o apóstolo Paulo”. Ela foi adaptada do eBook “Transtornando o Mundo” de John Crotts, disponível para download gratuito. Nesta postagem, Crotts explica o último ponto da mensagem evangelística de Paulo para intelectuais não-judeus.
5. Deus julgará o mundo
Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos. (Atos 17:30-31)
A sábia ignorância ateniense é um tema recorrente para Paulo. Os tempos da ignorância foram aqueles quando a luz da revelação de Deus estava confinada a uma única nação. Ao invés de brilhar a luz de Deus abençoando as outras nações, Israel a escondeu debaixo de um grande alqueire. O resto do mundo se chafurdava na ignorância. Conforme já vimos, no entanto, o mundo jamais ficou em completa escuridão.
A fraca luz da revelação geral na criação, nas consciências e na provisão (Atos 14:16, 17) esteve sempre brilhando. Mas, em sua pecaminosidade, as nações suprimiram sua luz. A ignorância espiritual nunca é uma bênção porque nunca é inocente. As superstições pagãs e as falsas religiões que estão sendo praticadas, neste exato momento, ao redor de todo o mundo não são inofensivas. Os participantes destas atividades religiosas vazias estão pecando contra o único Deus verdadeiro. Eles são culpados.
O fato de que o tempo de ignorância passada não tenha sido “levado em conta” confirma que era uma ignorância culpada. “Vocês, atenienses”, Paulo diz, “são culpados diante de Deus, não importa o quão piedosamente vocês tenham agido longe de Deus”.
“Não levar em conta” não significa despercebido ou perdoado. Romanos 3:25 afirma que Deus propôs Jesus, “no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos”. Atos 14:16, 17, Romanos 3:25 e Atos 17 indicam a todos que a vinda de Cristo proporcionou um novo começo no relacionamento de Deus com a humanidade.49 O evangelho de Cristo foi lançado a partir de Israel às nações, mas agora as nações são consideradas em um padrão mais alto de responsabilidade. F. F. Bruce conclui corretamente que “Se a ignorância da natureza divina era passível de culpa antes, agora ela é indesculpável”.50
O chamado para arrependimento é universal. Não somente todas as pessoas precisam se arrepender, mas todas as pessoas de todos os lugares. A culpa pela ignorância brevemente será chamada a prestar contas. Arrependa-se! Arrependimento é uma mudança na cosmovisão mais fundamental de uma pessoa, ou uma atitude do coração que produz uma mudança no estilo de vida. Em Atenas, assim como em Tessalônica, abandonar os ídolos seria uma evidência de arrependimento (“deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro”, 1 Tessalonicenses 1.9), mas em ambos os casos este chamado não é limitado aos ídolos. Deus exige uma completa mudança de coração e vida.
Há três fatos imutáveis sobre o julgamento vindouro, no versículo 31:
O Julgamento Vindouro Será Mundial
Todas as pessoas vivendo no dia em que Jesus retornar estarão qualificadas para o julgamento. Todas as pessoas que morreram antes da volta de Jesus também se qualificam para o julgamento. Pessoas ricas e pessoas pobres serão julgadas. Os altos e os baixos também serão julgados. O Juiz olhará para baixo, para as pessoas com cabelos de todas as cores, olhos de todas as cores e peles de todas as cores. Não será feita nenhuma exceção.
O Julgamento Vindouro Será Justo
Não haverá possibilidade de injustiças.51 Nenhum advogado manhoso conseguirá livrar um réu culpado diante do juiz. Este julgamento será uma grande demonstração da justiça essencial de Deus.
O Julgamento Vindouro foi Determinado
Eu não sei qual dia foi determinado para o julgamento, mas eu sei que um dia já foi determinado. Cada dia que passa nos leva para mais perto do dia do julgamento já marcado. Conforme Kent Hughes disse, “A humanidade não está se movendo para a extinção (como os epicureus pensavam), nem em direção a uma absorção no cosmos (como os estoicos pensavam). Mas a humanidade está se movendo [diretamente] em direção ao julgamento divino”.52
Não somente o dia já foi determinado, mas também o juiz já foi designado. Quem é o juiz designado?
… como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele… e nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos. Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados. (Atos 10:38, 42-43)
Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem. Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo. (João 5:25-29)
“Todas as nações foram criadas a partir do primeiro homem, Adão; por meio do último Adão, todas as nações serão julgadas”.53 A validação visível de Jesus como juiz veio quando ele foi levantado dos mortos. A ressurreição vindicou Jesus e o declarou tanto Senhor, quanto juiz. Conforme Paulo disse, em sua mensagem aos atenienses, Deus “destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos”.
Tudo quanto Jesus ensinou foi confirmado pela ressurreição. Jesus não era apenas mais um mestre bem intencionado, alguém que era sincero, mas sinceramente errado. Ele não morreu meramente por uma causa nobre. Jesus Cristo foi literalmente erguido corporalmente dos mortos no terceiro dia. Sua mensagem era justa e o seu julgamento é certo.
E lá está Paulo, em pé, no centro do palco da capital intelectual e religiosa do Império Romano. Ninguém lá acredita que uma pessoa poderia se levantar dentre os mortos. Mas, por acaso Paulo engaja seu público em uma fundamentação filosófica para a plausibilidade da ressurreição? Não, ele simplesmente diz isso. Ao invés de tentar provar que Jesus está vivo, ele proclama que Jesus está vivo e deixa o Espírito Santo abrir os corações de seus ouvintes para a autenticidade de seu relato. Então, depois de simplesmente proclamar a ressurreição como um fato, ele a usa como prova do julgamento vindouro.
- Bruce, 340.
- ibid.
- Stott, A Mensagem de Atos.
- Kent Hughes, Acts: The Church Afire [Atos: A Igreja Em Chamas] (Wheaton, IL: Crossway Books, 1996), 234-235.
- Stott, A Mensagem de Atos.