Um blog do Ministério Fiel
A origem da força de Débora
Débora servia ativamente a Deus em um contexto realmente desafiador. Seu mundo estava repleto da pior espécie de rebaixamento moral e cultural. Vimos alguma coisa sobre o contexto miserável de Juízes no último capítulo; conhecemos o tipo de maldade que estava aumentando entre o povo de Deus. Débora servia a Deus enquanto se via cercada de homens que não serviam a ele. Juízes 4 começa com o seguinte refrão: “Os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau perante o Senhor, depois de falecer Eúde” (4.1) — e dessa vez, o Senhor os entregara nas mãos do rei cananeu e de seu comandante militar Sísera. O povo de Deus sofria sob a cruel opressão de Sísera, com suas novecentas carruagens de ferro. Era um homem que nutria a visão prevalecente das nações, no sentido de que as mulheres eram “espólio” de batalha — “um ou dois ventres para cada homem” (5.30). No meio dessa turbulência toda, ali se assenta Débora, debaixo de sua palmeira, administrando firmemente a justiça de Deus. É uma imagem realmente surpreendente.
Ao levantar Débora e incluir essa história em sua palavra inspirada, Deus envia uma mensagem encorajadora sobre as mulheres e seu potencial de servir a Deus de maneira ativa, até mesmo em meio às piores maldades. Já vimos que, quando a maldade não é restringida, com frequência as mulheres são as maiores vítimas da opressão da parte de homens cruéis. Contudo, algumas das luzes mais brilhantes surgem nesses lugares mais tenebrosos da história da salvação, provenientes de mulheres que são chamadas para servir a Deus, e que o fizeram fielmente, desempenhando papel crucial na história da redenção.
Podemos nos lembrar de Raabe, cercada de forma semelhante — em seu caso, por toda uma cidade de incrédulos em Jericó, os quais praticavam a pior espécie de maldade uns contra os outros (veja Js 2). Raabe era prostituta, participante de uma cultura pecaminosa. Surpreende o fato de que, entre todas as pessoas em Jericó, Deus tenha atraído para si essa mulher. Por sua graça, Raabe voltou sua fidelidade ao único Deus verdadeiro, protegendo os espiões enviados pelo povo de Deus e, por fim, tornando-se parte dessa linhagem, da qual viria o Salvador prometido.
Algumas gerações mais tarde, na época dos juízes, Rute surgiu de uma cultura sem Deus e ouviu o chamado de seguir o único Deus verdadeiro. Na providência divina, ela encontrou e casou-se em uma família do povo de Deus que se encontrava forasteira em seu país, Moabe — mais tarde, como viúva, acompanhando sua sogra, também viúva, ela voltou a Belém de Judá.
O livro que traz seu nome oferece um vívido vislumbre da boa mão de Deus sobre seu povo mesmo nesse obscuro período de desobediência, especificamente por meio de servos piedosos como Rute e Boaz, o homem que amou e protegeu essa mulher piedosa. Esses todos são como luzeiros em meio às trevas. A existência de uma Rute, de uma Raabe ou de uma Débora em contextos tão desafiadores mostra, certamente, muito a respeito dessas mulheres de fé — e mostra ainda mais sobre o Deus fiel em quem elas confiavam e a quem serviam.
Em que tipo de contexto Deus colocou você para servir a ele? Você talvez seja abençoada por gente piedosa e encorajadora ao seu redor — ou talvez a cada dia esteja enfrentando atitudes e ações ímpias que enchem o caminho de lutas. Talvez seja uma luta com colegas de trabalho que desprezam seus valores ou, quem sabe, a invasão da pornografia em seu lar e sua família. Perto de casa e na cultura que nos cerca, como crentes, vivemos constantemente confrontados por toda a espécie de “maldade aos olhos do Senhor”. Histórias de mulheres como Débora nos lembram como Deus usa pessoas fiéis, incluindo mulheres fortes e piedosas, para seus bons propósitos, até mesmo em meio às circunstâncias mais sombrias.
Qual era, porém, a origem da força de Débora? Ninguém entre nós é bom ou forte por capacidade própria. Débora também não fingia ser. Por mais forte que fosse, Débora não iria simplesmente surgir das sombras como uma heroína brilhante e forte. E nós podemos nos alegrar com isso, pois somos seres humanos normais, pecadores como ela. Temos de ouvir a história dessa mulher e ver como ela trouxe luz a um tempo obscuro que fez parte da história em que Deus a colocou.