O Rei Leão, cosmovisões e o evangelho

Tudo é religioso. Não importa o quanto tentem reduzir o alcance das lentes da alma, os seres feitos à imago Dei se projetam na direção da esperança, dos afetos genuínos e na busca por sentido. É impossível fugir do sentimento religioso! A eternidade está na camada mais profunda do ser (Eclesiastes 3.11)

O remake de “O Rei Leão”, apresentando em várias salas de cinema do mundo, apenas revela como o ser humano precisa recorrer à certas liturgias para encarar a vida. Não importa a idade! As crianças, e também os adultos, precisam de uma inspiração, um legado, uma narrativa que empreste algum tipo de plausibilidade para harmonizar as coisas. Ou seja, as pessoas precisam de um Shalom – um momento de paz no meio do caos.

Como não quero ser o chato do spoiler tentarei demonstrar, em poucas palavras alguns elementos que, na verdade, são os motivos básicos do coração. Não pretendo analisar os pontos de contato com Hamlet. Deixo essa tarefa para outros. Meu interesse está nas cosmovisões. O mundo não é feito de forma bruta. Vemos a realidade por meio de ideias, conceitos, pressupostos, e por fim, cremos e amamos, algo ou alguém de maneira última, de forma tal, que a vida ganha significa e sentido.

Na narrativa de “O Rei Leão” duas cosmovisões são apresentadas com maior ênfase. Alguns animais acreditam que podem criar o significado de suas vidas, mesmo que isso implique em colocar de lado certos elementos tidos por absolutos e naturais. No mundo onde o nada precede a essência escolhe viver seguindo a liturgia do “hakuna matata”. A outra visão mundo apresenta a realidade do ser como algo inescapável. Simba nasceu para ser que ele é. Nasceu para ser um rei. Algumas regras imutáveis equilibram o mundo. Simba precisa “conhecer a si mesmo” e assumir seu lugar no mundo. Essa é a lei da sobrevivência! Uma seleção natural inescapável tão certa como a brincadeira do jovem leãozinho com o besouro (de Darwin?). Será que existe uma lógica dentro da caixa fechada, alinhada ao construto social, que empresta sentido para a família, amor, ordem, beleza e harmonia? Afinal, que é você no mundo?

Contudo, subterraneamente, quando removemos as camadas secularizadas, notamos que no íntimo do ser, no coração, as pessoas não conseguem viver sem liturgias religiosas. O mundo se impõe e possui uma lógica, um significado, um senso de estética. O mundo é um lugar perigoso, selvagem e a vida se vê constantemente ameaçada pela morte. No entanto, sempre existe a esperança que um Rei pacifique o mundo!

Não sei se essa é a narrativa de Hamlet, mas com certeza, existe um drama muito antigo que apresenta a grande história de Deus com os seres humanos. Deus criou todas as coisas e tudo era perfeito, mas, por causa do pecado o jardim nunca mais foi o mesmo. O pecado destruiu a harmonia entre Deus e as suas criaturas, e por extensão, o palco do mundo se tornou um lugar difícil para se viver. Contudo, Deus não deixou suas criaturas sem esperança. Uma boa nova foi dita:

“O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o SENHOR.” (Isaías 65.25)

Percebe? Você consegue ver o mundo com essas lentes sagradas? As pessoas precisam de esperança, mas a esperança não é um construto social. A esperança é a reposta de Deus para o grito dos seres humanos por significado na vida. A boa nova do Evangelho é que Deus enviou o seu Filho para morrer em nosso lugar. Por meio de Jesus podemos obter o perdão para os nossos pecados e a esperança para prosseguir com os olhos cravados na eternidade.

A história e seu sentido não está nas mãos do Simba. Não! A história está nas mãos de Jesus Cristo.

5 Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.
6 Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra.
7 Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono;
8 e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos,
9 e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação
10 e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.
11 Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares,
12 proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.

(Apocalipse 5.5-12)

A arte tem o poder de emocionar! Mas, o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Volte-se para o Cristo! Confie nele e você encontrará a verdade, o sentido da vida e uma viva esperança.

Por: Francisco Macena. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Original: O Rei Leão, cosmovisões e o evangelho.